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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Pequenas Histórias



Pequenas Histórias (147) - Ano - 1935


O Gol do Avião

Fonte: Correio do Povo

Com a iminência da contratação de um atacante da Banda Oriental e o comentário do colega Rafael em postagem anterior mais a minha "estacionada" nos anos 30 nas pesquisas sobre o Imortal cheguei a esta crônica, que trata do Grenal 44 realizado nos Eucaliptos no dia 28 de Julho de 1935, o penúltimo de Lara, que já demonstrava estar doente.

Um clássico ansiosamente aguardado e de grandes provocações de ambos os contendores; o Correio do Povo fez matéria, onde os possíveis titulares de cada time manifestavam a sua opinião sobre o clássico. Havia muita confiança: Sardinha II, "O Grêmio não entra em campo para perder"; Darcy, "Meteremos dois ou três neles", Honório, "Dou um goal de vantagem e uma roda de cafezinhos"; Lara, "No final, nós na ponta"; todos, sem exceção, mostravam segurança no triunfo.

Naquele dia, 16 horas em ponto, o árbitro Ernani de Lorenzi ingressou ao gramado com as equipes.

 Assim, o jornal A Federação descreveu a entrada dos quadros: "Sob um céu azul e o sopro forte do nosso Minuano como a querer relembrar as tradições gaúchas, os dois bandos pisaram a arena".

O Grenal teve pelo Inter do técnico Mário Abreu: Penha; Natal e Risada; Garnizé, Poroto e Levy; Floriano, Tupan, Mancuso, Darcy e Prestes.

O Grêmio com Lara; Dario e Luiz Luz; Jorge, Mascarenhas e Sardinha II; Lacy, Russinho, Veroneze, Foguinho e Castillo. Este, um extrema esquerda uruguaio, principal personagem desta história.

Foi um jogo leal, mas de grande disputa como comprovam as fotos de ambos jornais pesquisados. Essa que ilustra o texto mostra Sardinha II (também chamado de Peixinho) dividindo espaço com Tupan; Mancuso entra com o joelho "armado" e Luiz Luz, o Fantasma da Área, usa as mãos para segurar a perna de Mancuso e o braço de Tupan. Com isso, a supremacia defensiva foi a tônica da partida. Natal, zagueiro colorado, seria considerado o melhor jogador do Grenal, chamado pela Imprensa de o Domingos da Ghia gaúcho.

No primeiro tempo, as melhores situações ocorreram através de Foguinho chutando no travessão vermelho e depois, quando Penha fez a melhor defesa dessa etapa num chute justamente de Fogo.

Os gols aconteceram na etapa final; o Inter saiu na frente logo aos três minutos numa avançada pela esquerda, Mancuso entra na área, Lara sai para fechar o ângulo, mas o centro-avante com um toque de habilidade, tira o arqueiro do lance. 1 a 0.

Faltando dois minutos para o clássico se encerrar vem a jogada famosa, que resultou no empate gremista. Reproduzo o texto do mesmo periódico citado, A Federação; vai com a grafia original: "Um avião passa quasi rente às cabeças dos jogadores, fazendo um barulho ensurdecedor. Nesse momento Foguinho estende o couro para Castilo e este após pequena corrida atira rasteiro. Penha fica impassível e a bola vai se aninhar mansamente à rede." 

Já o Correio do Povo descreve o lance como sendo um avanço de Lacy pela direita, ele cruza, Penha está indeciso e Castillo se aproveita, avança e coloca nas redes coloradas. 1 a 1.

O juiz deu nova saída e trilou o apito pela última vez no Grenal 44, que termina empatado.

Castillo pouco tempo depois se transferiu para o rival, mas ninguém esqueceu deste tento feito com grande dose de oportunismo e esperteza.

Fonte: Jornal A Federação
            Jornal Correio do Povo
            Site: gremio1903.wordpress.com

4 comentários:

  1. Bruxo,

    mais uma grande história!

    Vendo tua descrição sobre o zagueiro Natal Corrêa, creio que devia jogar muito.

    Tanto é que o Flamengo o levou para o Rio de Janeiro, no início de 1937, para jogar exatamente no lugar de Domingos da Guia, que chegou ao Flamengo em meados de 1936, vindo do Boca Juniors, mas acabou retornando ao clube portenho no início de 1937, lá ficando até quase o final daquele ano, quando novamente vestiu a camiseta do Flamengo.

    Coincidentemente, os goleadores trocaram de clubes. Em 1936, Fabio Castillo jogou pelo Internacional. E Mário Mancuso, que trocou o Inter pelo Grêmio, em 1937, depois de longo período no colorado, que teve início em 1929.

    Rememoras, jogadores famosos e conhecidos, na época, e grandes times da Dupla GRENAL.

    EURICO LARA e JULIÁN PEÑA, dois monstros sagrados do arco.
    DARIO CUNHA PASSOS e NATAL JESUS CORRÊA, que zagueiros, velho.
    LUIZ DOS SANTOS LUZ e GUILHERME SCHRÖEDER, o Risada, quem jogava mais?

    "Trio final", como chamavam os jornais da época, capaz de fazer inveja aos grandes clubes do centro do país, onde o futebol era considerado "mais desenvolvido".

    E o que dizer dos ataques?

    Uma pena que há poucos resgates como esse que tu fazes. A Dupla GRENAL é isso. Quem não faz história, é pouco lembrado.

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  2. Neste clássico, Poroto (imagino que seja o mesmo do Grêmio), meia do Inter, informava que estava de partida para o Vasco da Gama.
    Você nem citou o Fantasma da Área, Luiz Luz, que jogou a Copa do Mundo.
    Penha, o goalkeeper, também foi um dos destaques deste clássico.

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  3. Sim, Bruxo, DECIO TITO TEIXEIRA (POROTO) jogou na dupla, saiu do Grêmio e foi para o Inter. Verdade, sobre o Luiz Luz, jogou em ambos.



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  4. Tens dados do Luiz Luz e do Castillo no Grêmio?

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