Memórias (2) – Ano – 1970
A Reunião
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A memória é apenas
o detonador que idealiza o meu texto, junto, me municio de dados pesquisados,
obviamente e para esta crônica de fatos ocorridos em 1970, ano do terceiro
título brasileiro, folheei a Revista Placar, edição número 9 datada de 15 de Maio daquele ano, página 3.
Começo por João
Saldanha que montou o elenco da campanha vencedora no México. Dos 23 atletas,
22 efetivos e o ponta direita Rogério, cortado às vésperas da estreia que
permaneceu com os demais, apenas o centroavante Roberto e Félix (goleiro de
Saldanha nas eliminatórias, mas cortado por ele mesmo nas primeiras convocações
do ano da Copa) foram indicações do novo treinador. Dario, outro centroavante;
uma imposição ditatorial do general Médici, também ganhou a vaga na delegação.
O gaúcho de Alegrete
era talvez, o maior jornalista esportivo do Rio de Janeiro, sua segunda casa e
naqueles Março e Abril se envolveu em várias polêmicas: Yustrich, treinador do
Flamengo, Lasier Martins, repórter, hoje Senador e a mais relevante, enfrentou
o presidente da república, General Médici que queria Dario na Seleção.
A instabilidade
emocional associada aos maus resultados daqueles meses, ambos fatores levaram a
CBD (atual CBF) a dispensá-lo e, após a negativa de dois técnicos, os
dirigentes chegaram ao nome de Mário Zagallo.
Este treinador tinha
dúvidas quanto ao aproveitamento de Tostão ao lado de Pelé; sonhava com um
“rompedor”. Também preferia Paulo César Lima, seu jogador no Botafogo a
Rivellino para ser o seu ponta recuado e, por fim, Marco Antônio fechando o
quarteto defensivo.
Na véspera do embarque
para o México, no quarto de Pelé, o Rei recebeu Gérson e Carlos Alberto; o trio
trocou ideias por duas horas e decidiu que deveria conversar com o treinador e
sugerir a manutenção da base dos atletas que ganharam da Áustria, colocando
apenas o gremista Everaldo e os retornos dos lesionados Tostão e Jairzinho nos
lugares de Marco Antônio, Dario e Rogério.
- “ Foi uma conversa franca e amiga. Não
impusemos nada, mas procuramos ajudar Zagalo a resolver os problemas que ainda
tinha para escalar o melhor time ou aquêle que pudesse se transformar no
melhor ”. Assim resumiu Gérson. (Resolvi
manter o texto no original, sem as transformações gramaticais).
No México, também no
quarto de Pelé, novamente Carlos Alberto e Gérson se juntaram ao camisa 10 e
decidiram falar com o chefe da delegação, Antônio do Passo buscando obter
autorização para transmitir ao grupo completo de jogadores a conversa que
tiveram com o jovem treinador em solo brasileiro.
O dirigente aceitou a
sugestão, no entanto, impôs uma condição; que ele e o brigadeiro Jerônimo
Bastos abririam a reunião, fazendo algumas colocações sobre a importância da
conquista da Copa para o Brasil daqueles tempos.
Como se sabe, o time
gestado por João Saldanha conquistou a Copa Jules Rimet de forma invicta com
seis vitórias. Necessitou apenas da contribuição dos líderes do grupo e do bom
senso do comandante técnico.
Fonte: Revista Placar
Liderança, Bruxo, liderança!
ResponderExcluirE aí, na atual Seleção, quem teria "estofo"! para tal?
Não existe neste grupo, infelizmente.
ResponderExcluirE se tu observares nos clubes brasileiros, poucos detêm a liderança, que outrora víamos nos elencos.
ExcluirTalvez isso seja o reflexo do pouco vínculo que os atuais jogadores têm com os clubes. Poucos permanecem muito tempo no mesmo lugar. Alguns permanecem, mas não têm o perfil necessário a um líder, capaz de segurar a moçada. Enfim, muito do que vemos na Seleção é fruto da falta de líderes nos clubes de origem.
Alvirubro
ResponderExcluirNão é determinante, mas, sem dúvida, contribuiu pela falta de líderes, pelo menos a história mostra isso.
Excelente texto, Bruxo!
ResponderExcluirNasci alguns anos depois disso, mas desconfio que, apesar de o Saldanha ter acertado aquele time, a troca pelo Zagallo possa ter sido benéfica. Saldanha era um agitador, encrenqueiro, que gerava tretas desnecessárias por onde passava. Quando ligava a metralhadora giratória fazia o público gargalhar, mas queimou muitos jogadores bons no caminho.
Zagallo, sempre chamado de oportunista, teve a humildade de mudar seus conceitos para melhor e, querendo ou não, foi quem assumiu a bronca durante a pressão institucional para ganhar aquele troféu.
Obviamente, apesar de ter 40 anos, sou guri novo e não vivi a época, mas acredito que há muitas lendas ao redor daquela seleção que talvez não condizem com a realidade.
Obrigado, Caco
ResponderExcluirNão sou fã de Zagallo, o episódio da colocação de Everaldo no time,algo acertado, gerou uma situação mal resolvida dois anos passados, a inexplicável preterição do craque no torneio do sesquicentenário (1972) até porque Everaldo vinha muito bem, ganhou a Bola de Prata na sua primeira edição; A relação Zagalo com a gauchada azedou.
Também não sou fã do Zagallo. Se ele tivesse levado o Mauro Galvão em 1998, melhor zagueiro disparado na época, o Brasil poderia até não ter levado a Copa, mas não acredito que levaria 3 x 0 naquela final.
ResponderExcluirCaco
ResponderExcluirTu mencionaste um ponto importante; com Saldanha, mesmo com as suas convicções acertadas, faltaria o equilíbrio emocional.O resultado seria uma incógnita.
Sobre 98; Para quem tinha Gonçalves e Junior Baiano, para que pensar em Mauro Galvão (rsrsrs)?