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domingo, 19 de novembro de 2023

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (298) - Ano - 1970 - 1980

Na Minha Época (Antigamente)... 

Fonte: Arquivo Pessoal do Amigo Alvirubro

Quem nunca usou ou ouviu esta expressão, que geralmente, remonta à infância, adolescência e dependendo da idade, até aos primeiros anos da segunda década de vida? Às vezes, ela soa irritante e desvirtuada da realidade, mas em boa parte acerta, quando traz à memória os aspectos positivos de inevitáveis comparações e o futebol é um campo vasto para estas "viagens" nostálgicas e eu possuo várias passagens, a maioria, de alegrias e de lembranças sólidas.

Estava assistindo o filme No Ritmo do Coração, Coda, no original; após, lembrei do jogo da Seleção e acompanhei a constrangedora parte derradeira, momento em que a Colômbia virou, realizando um feito histórico.

Pensei: a Seleção de 70 deixou Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Zé Carlos e Toninho Guerreiro, de fora. Nem Manga, melhor goleiro brasileiro, porém, atuando fora do Brasil (Uruguai) foi convocado. Quem viu, sabe de quem estou tratando. Extra classes, sem dúvida. E assistiram a Copa pela tevê. Meio século passado, o que vi era impensável, o Brasil não ganhou os três últimos confrontos com adversários sul americanos. Era.

Aí, o filme saudosista continuou com o pênalti defendido por Alberto em pleno Maracanã, garantindo o triunfo sobre o Botafogo (1968), prosseguiu com o incrível lance de calcanhar de Chamaco Rodriguez, o que hoje chamam de gol Escorpião, Scotta marcando o primeiro tento dos certames nacionais na goleada sobre o São Paulo em pleno Morumbi, ambos em 1971.

E aquela escalação que mais parecia uma poesia recitada por todo gremista: Corbo; Eurico, Ancheta, Oberdan ... a máquina montada pelo mestre Telê Santana em 77.

"Naquela época", os elencos eram duradouros e o sonho de todo jovem atleta era jogar no Grêmio, Inter, Palmeiras, Fluminense, o exterior era algo intangível.

Acompanhar o Brasileirão com Zico no Flamengo, Roberto Dinamite no Vasco, Jairzinho no Botafogo, Paulo Cesar Caju e Rivellino no Fluminense, Figueroa no Inter, Tostão e Dirceu Lopes no Cruzeiro, Cerezzo e Reinaldo no Galo, Telê Santana e Ênio Andrade na casamata do Grêmio, era rotina.

E as Copas do Mundo? Pelé e Tostão (70), Cruyff e Beckenbauer (74), Kempes e Teófilo Cubillas (78), Falcão, Cerezzo, Zico e Sócrates (82) e Maradona  com seus gols mágicos e "políticos", redentores, vingativos, cada um, obra de arte em 1986.

E a Imprensa? Os narradores Geraldo José de Almeida, Pedro Carneiro Pereira e Armindo Antônio Ranzolin. Lá no centro do país, Valdir Amaral e Jorge Cury. Comentaristas Ruy Carlos Ostermann, Antônio Carlos Porto, Lauro Quadros e as colunas fantásticas de Paulo Sant'Anna, os repórteres, irmãos Lasier e Lupi Martins, João Carlos Belmonte, Laerte De Franchesci, arrancando notícia inédita num cafezinho ou cachacinha com os treinadores em final de treinos, o chamado "furo de reportagem".  E o plantão esportivo Antônio Augusto, imbatível na fidelidade das estatísticas. Este segmento esportivo (a Imprensa) é aquele que mais regrediu, ficou incompetente. "Emburreceu", passou a atender outros interesses. Pelo menos, é o que parece.

E os uniformes? Observem a foto acima, ela está limpa, "clean". Paciência! Outros tempos. Grêmio versus Esportivo, estreia oficial do menino Jorge Leandro com a camisa 10, ano de 1977. A novidade era a camisa do goleiro Walter Corbo.

Até os patrocinadores eram variáveis, o que dizer do presente? Querem apostar?

Posso estar enganado, mas a expressão "antigamente, na minha época", nunca esteve tão atual. A começar pela Seleção Canarinho.

Sinais dos Tempos.








6 comentários:

  1. Como eu queria ter visto este time de 77 jogar. Barbaridade.

    Rodrigo.

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    1. Rodrigo
      Exemplo bem acabado de formação de elenco. Incrível. Um dia vou escrever sobre essa montagem. Telê usou de sua sapiência para separar os aproveitáveis do ano anterior e foi montando numa época em que não havia esse aparato técnico de informações. Uma aula, realmente.

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  2. A qualidade media dos comentaristas esportivos caiu drasticamente. Cheguei a ouvir alguns destes citados no final de suas carreiras. Gostava muito dos comentários do Belmonte. O Lauro Quadros também sempre foi muito divertido e inteligente. Outros tempos.

    A era digital enfatiza a espetacularização da comunicação em massa em detrimento do rigor intelectual e seriedade. Por isso a quantidade de profissionais de mídia histriónicos, com personagens caricatos, de quase sempre pouco conteúdo mas performático, aumentando na mesma proporção do desaparecimento de quem ainda tenta fazer jornalismo informativo e de senso crítico.

    A lei Bosman de 1995 é um divisor de águas na história do futebol sul-americano e Europeu. Foi ela que exacerbou esse desequilíbrio técnico e econômico entre os grandes clubes do futebol mundial ao retirar o limite de estrangeiros (com passaporte europeu) por equipe. A disparidade de moeda é muito cruel. Do ponto de vista individual, os atletas vão continuar ambicionando o futebol estrangeiro. As oportunidades econômicas aumentam para as estrelas da companhia, mas o futebol brasileiro como espetáculo e a continuação histórica dos clubes tradicionais se colocam em risco a longo prazo.

    Já vemos uma geração de torcedores que acompanham muito mais os clubes ricos da Europa do que os próprios times locais. Os clubes se tornam cada vez mais marcas globais, e os nossos não estão inseridos nesse contexto. Falta material humano que desperte interesse no espetáculo que oferecem.

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    1. Observações irretocáveis, Vinnie. Aí, tu imaginas quem viu outro tipo de imprensa. Infelizmente, as novas gerações vão aceitar isso que está aí, porque acham que é assim que se faz jornalismo esportivo.
      Uma pena.

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  3. ..."Aí, o filme saudosista continuou com o pênalti defendido por Alberto em pleno Maracanã, garantindo o triunfo sobre o Botafogo (1968)"...

    Além da defesa do pênalti pelo goleiro Alberto, um outro detalhe entrou para a história desse confronto de 12 de outubro de 1968: o Grêmio viajou para o Rio de Janeiro com o seu uniforme tradicional, camiseta tricolor, calção preto e meias brancas. O Botafogo entrou em campo com a camiseta listrada e calção preto. As meias eram cinzas. Como resultado, por determinação do árbitro o Botafogo viu-se obrigado a trocar a camiseta por uma da ADEG (Administração dos Estádios do Estado da Guanabara), na cor azul com detalhes amarelos. Quem encontrar fotografias desse jogo, certamente vai se surpreender, pois o Botafogo jogou sem a sua tradicional camiseta.

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  4. Alvirubro
    E o fardamento não tinha a camiseta 8, Gérson entrou com a 13.

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