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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Opinião



Hegemonia



No último dia 30, recebi telefonema de um amigo, ex-colega, verdadeiro irmão, gremistão, me cumprimentando pelo aniversário (ele, às vezes, comenta no blog) e eu disse que tinha em mente escrever uma crônica sobre o estado de coisas que assola o futebol, mais especificamente, o brasileiro. Tinha até o nome dela: "Hegemônico".

Completei 66 e isso assusta à medida que não me sinto com essa idade. Tem prós e contras. Um dos prós é ter há mais tempo envolvimento com a vida (obviamente), nisso entra o futebol e, infelizmente, sem ser saudosista, a conclusão que chego é que ele, como esporte, definha, não é mais hegemônico na sua finalidade. Foi superado por outros interesses que o envolvem.

Sempre houve corrupção nas diversas esferas dele (clubes, federações, confederações, imprensa), maus comentaristas, dirigentes ligeiros, árbitros ruins e desonestos, treinadores incompetentes, enfim, não é novidade. O que é novo na balança do "saudável e maléfico" é a superação alcançada por esse segundo componente. Virou hegemônico, onde a naturalização (e proliferação) das más ações é algo bem real.

Sem me alongar, observem a "inundação" da mediocridade nas funções de comentaristas esportivos, onde ex-atletas despreparados, seja pela gramática, seja pelo conhecimento do "métier", sobrepujam os bons e tomam o lugar de jornalistas qualificados.

Para exemplificar, chegam a citar amigos e confrades para treinar a seleção, sem estes terem uma biografia digna ou expectativa próxima de alcançar a maturidade na profissão ou que há anos pedalam em busca da consagração no cargo de "professor", ainda que tenham ganhado rios de dinheiro com suas carreiras acidentadas em diversas instituições.

E as "bets"? E a aventura chamada "SAFs"? E o entorno dos gramados com suas "tenebrosas transações", onde jovens são rifados por serem "ativos" do clube, mas essa preocupação com a associação que dirigem desaparece em seguida, ao contratarem mediocridades que vêm com salários astronômicos, porque funciona assim aos olhos da maioria: - Se ganha tudo isso, deve ser bom jogador. Ledo engano.

Em qualquer economia, se sabe que o equilíbrio financeiro se dá pelo aumento das receitas e pelo controle dos custos. Se deixarem de trazer "nabas", o custo cai e a permanência dos jovens promissores vira uma realidade. Mas isso interessa a quem?

É assunto para muito texto, mas em época de TikTok, de Likes e Dislikes, da superficialidade, da efemeridade do ler e pensar, melhor encerrar por aqui.

Uma conclusão precisa fechar a postagem: O futebol brasileiro está morrendo. O que vai sobreviver é algo parecido com ele. Como exemplo, são citados para treinar a Seleção os brasileiros Rogério Ceni, Roger Machado, Filipe Luiz e Renato Portaluppi. Só não incluem mais dois nomes, porque já estão queimados: Dorival Jr. e Fernando Diniz. Alguém acredita em sucesso ou mérito para integrar a nominata?

É o Resumo da Ópera.

9 comentários:

  1. Avéiaquaker09/05/2025, 10:35

    boa dia, esse assunto me intriga muito, o que causa a baixa qualidade do futebol brasileiro? Talvez o fortalecimento das ligas europeias seja uma explicação, rios de dinheiro, muitos petrodólares inundaram as ligas europeias nas últimas duas décadas. Também teve a lei Bosman que permitiu que cidadão europeu não fosse contado com estrangeiro na formação da equipe do clube de futebol, parece-me que isso permitiu um aumento na qualidade média do futebol jogado a europa, isso acaba por impactar nas seleções nacionais. Lembro sempre do Ajax que jogou com o Grêmio, era a seleção holandesa e não a "seleção do mundo" que se tornou os grandes times europeus atualmente. Localmente, vemos a míngua que vive os clubes do interior, tradicionais formadores de jogadores e técnicos, muitos clubes não conseguem se manter. Outra coisa, tudo isso acontecendo justamente com o fim do clube dos treze, será que o clube dos treze não trazia uma maior equidade entre os clubes brasileiros que acabava por levantar a qualidade média do futebol?

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  2. A única certeza que tenho é a mudança drástica que o "esporte" futebol sofreu.
    O que gera grandes lucros entra no grande liquidificador do capital. Foi assim com o rock e outros gêneros, não seria diferente com a paixão mundial (futebol).
    Antes, a LA tinha 2 representantes por país, hoje, dependendo, até o 8º colocado do Brasileirão tem chance de participar.

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  3. Engraçado, né? Abel Ferreira ninguém cogita na CBF....

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    1. Talvez o Neymar ou o pai tenha vetado. Deve ter vetado uma lista grande.

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    2. Escutei rumores de que tentaram Jorge Jesus. Mas este foi barrado porque dizem que o pai do menino Ney tem forte influência dentro da C.B.F.. Por mim, quero mais é que se explodam. C.B.F. e todos os outros.

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  4. Perfeito, Glaucio. Muito estranho.

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  5. "Rogério Ceni, Roger Machado, Filipe Luiz e Renato Portaluppi. Só não incluem mais dois nomes, porque já estão queimados: Dorival Jr. e Fernando Diniz"
    Que bando de "ex-que -nunca-foram"! Mano é menos ruim que estes. Começaram todos já ultrapassados, todos boleiros. Alguns sumiram por anos, pegaram times bons e ressuscitaram, Diniz e "Dudu" pararam até na seleção depois de ficar no sofá por muitos anos. Ninguém aí sabe como ganharam ou como perderam... Enquanto isso, o ex-jogador Neymar segue dizendo "este não!"...

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  6. A qualidade não importa mais. É por essa razão que o futebol e não só o brasileiro, mas o sulamericano, definham. É uma indústria, um moedor de carne em grande proporção.

    Os mais antigos, vou assim dizer, ainda conseguiram ver gente que jogava futebol. Hoje o que temos aí são jovens metidos a superstars, mais preocupados com a estética do que com a bola.

    As SAF's, os BET's são as duas cerejinhas do bolo. Vieram para destruir tudo.

    Eu ainda assisto o Grêmio por teimosia. Por saudosismo. Daqui 20, ou 25 anos, o futebol que conhecemos vai ser assunto de antiquário.

    Esqueçam, amigos. O futebol já foi.

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  7. A tendência dos velhos torcedores, os mais antigos, é de se afastar do universo futebol.

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