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sábado, 19 de abril de 2014

Pequenas Histórias


Segue esta postagem, a Pequenas Histórias 16, visto que há 43 anos nesta mesma ocasião, ou seja, início de Brasileirão, Néstor Leonel Scotta fez história ao marcar os dois primeiros gols do mais importante certame brasileiro, talvez, do mundo.


16 - O Artilheiro Scotta - 1971
 
Em 1971 nosso país vivia a fase mais cruel da Ditadura Militar, mais exatamente, o governo do General Médici, vivia também, um período de crescimento ecônomico, ainda que artificial, isso permitiu ao futebol especialmente, tornar-se o paraíso dos sul-americanos.

 Por aqui, aportaram mais ou menos nessa época, grandes craques mundiais como Reyes,Perfumo, Anchetta, Figueroa, Roberto Miflin, Mazurkiewcz, Madurga, Oberti, Fischer, Pedro Rocha, Cejas, Doval, Andrada e tantos outros. Coincidência ou não, o Brasil realizou o seu primeiro campeonato brasileiro naquele ano.

 Já havia uma competição nestes moldes, apenas ocorreu a troca do nome, de Roberto Gomes Pedrosa para Campeonato Nacional. O campeão de 1970 era o Fluminense (olha ele aí) que superou num quadrangular final Palmeiras e os dois grandes de Minas Gerais. 

O novo campeonato iniciou em 07 de Agosto, num sábado, às 16:00 h, São Paulo versus Grêmio Porto-alegrense no Morumbi. Como na maioria das vezes, o tricolor paulistano era franco favorito. Um time que tinha o goleiro de Seleção, Sérgio; o bi-campeão mundial de 62, zagueiro Jurandir, no meio-de-campo, simplesmente Gerson, melhor homem em campo na final da Copa de 70 e Pedro Rocha, maior jogador uruguaio em atividade naquela década, mais Paraná, Tenente, Edson, Terto e Pablo Forlan, pai do Diego. O técnico também era de luxo, o gaúcho Osvaldo Brandão, apelidado Caçamba. 

O Grêmio formou com Jair, Espinosa, Ari Hercílio, Beto e Everaldo; Jadir e Torino; Flecha, Caio, Scotta e Loivo. Entraram ainda, Chiquinho Pastor e Chamaco Rodriguez.

 Aos 10 minutos da primeira etapa, um personagem do tricolor gaúcho definitivamente entrou para a história do Brasil, numa de suas maiores paixões, o futebol: Néstor Leonel Scotta, argentino que veio do River Plate, juntamente com Chamaco (vide Pequenas Histórias nº 01) marcou o primeiro gol do Brasileirão. Fez mais! meteu o segundo e foi fundamental no terceiro, quando deu um chute poderoso, uma "bomba", que Sérgio largou e Flecha completou para as redes aos 40 minutos do segundo tempo. 

O time treinado pelo sábio Oto Glória começava goleando o campeão paulista. 3 a 0. Arnaldo Cesar Coelho foi o juiz e o público deixou uma renda de 50.340,00 cruzeiros. 

Vi ao vivo Scotta jogar, lembro de vários jogos em que metera gols; Inter-SM (novamente Pequenas História nº 01), Grenal de 3 a 1 no Beira-Rio neste mesmo ano. Primeiro jogador que vi usar uma fita apache no cabelo. Era artilheiro; tinha faro de gol. Suas arrancadas eram sensacionais. 

Saiu no final do ano, porque o tricolor não conseguiu comprá-lo, assim como Chamaco, que foi trocado por Anchetta e mais uma quantia em dinheiro.

 Scotta seguiu fazendo gols. Duas vezes artilheiro da Libertadores, edições 1977 e 1978.

 Morreu em 2001, vítima de um acidente de trânsito. 

Até hoje não entendo porque o Imortal não o homenageou em vida, colocando seu nome na Calçada da Fama. 

Semana que vem começa mais um Campeonato Brasileiro. Nestas horas me lembro daquela tarde, daquele sábado, daquele jogo, das arrancadas de Scotta...

6 comentários:

  1. Glaucio Missioneiro19/04/2014, 20:13

    Bah, mais uma que eu não sabia: primeiro gol dos "brasileirões" foi do Grêmio. Valeu Gilmar!

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    1. Um tinha doze anos e vi pela televisão. Foi ao vivo e naturalmente, em preto e branco.

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    2. corrigindo: Eu tinha doze anos...

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  2. Viu so como suas historias sao importantes?
    Continue com elas, ha muito mais a ser contado para muitos que ainda nao conhecem a nossa. Eu mesmo acabei me confundindo com o Paulo Souza e Paulo Lumumba. Tambem na questao do Wolmir e Volmir. E, claro, tambem preciso de refrescar a memoria em funcao de mais de 40 anos que estou afastado dai.

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    1. Arih!
      Obrigado. A intenção era essa, quando resolvi contar essas histórias "periféricas" do nosso time.
      Sobre Wolmir ou Volmir, a crônica ora usava uma, ora usava outra grafia. É o caso do Anchetta ou Ancheta.

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  3. Scotta marcou 10 gols em 34 jogos pelo Tricolor. Merecia ter ficado pelo RS. Faria história, sem dúvidas.

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