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sábado, 31 de maio de 2014

Pequenas Histórias



Dando prosseguimento, seguem mais três Pequenas Histórias:


23 - Grêmio 2 x 1 Benfica - Inaugurando o Beira-Rio - Ano 1969

Estes últimos meses em função da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, os estádios de futebol ganharam mais evidência do que normalmente a mídia esportiva e os torcedores dispensam a eles. Aqui no Sul o fato ganhou relevância maior, porque além da reforma do estádio para o evento de aqui há dois anos, também o nosso Tricolor  vai construir o seu que será o mais moderno, funcional e confortável estádio da América Latina. Diante destes acontecimentos, resolvi "visitar" os momentos de inauguração do Olímpico em 1954 e Beira-Rio em 1969. Começarei pela do Coirmão, mais precisamente, a participação do Imortal. Como se sabe, o José Pinheiro Borda foi inaugurado com um festival de partidas com grandes clubes como o anfitrião, Internacional, mais Grêmio, Benfica de Portugal, Seleção da Hungria, além das Seleções do Brasil e Peru. Excetuando estas duas últimas agremiações, os demais se enfrentariam num torneio "virtual" que se encerraria com um Grenal, marcado para o dia 20; jogo este que terminou em grossa pancadaria. Pois bem, dia 06 de Abril, o Colorado bateu o Benfica por 2 a 1; dia seguinte, Brasil 2 a 1 no Peru e na terça, 08, nosso clube entrou pela primeira vez no gramado da Padre Cacique, justamente para pegar o time luso, base da Seleção que ficou num inédito terceiro lugar na Copa jogada na Inglaterra, três anos antes. Entre as diversas feras do Benfica, uma estrela cintilava bem acima das demais; Eusébio, centro-avante, goleador da Copa com 9 gols. Comprovando a fama,  ele deixara a sua marca fazendo gol contra o Inter. O Tricolor entrou em campo com a seguinte formação: Alberto; Espinosa, Ari Hercílio, Áureo e Renato ( ele não aparece na foto); Jadir e Sérgio Lopes; Hélio Pires, Joãozinho, Alcindo e Volmir. Ainda atuariam Tupanzinho e Loivo. O técnico era Sérgio Moacir Torres Nunes. O Benfica com José Henrique; Adolfo, Humberto II, Zeca e Cruz; José Augusto e Toni; Nenê, Torres, Eusébio e Simões. O goleiro Nascimento entraria durante a partida. O primeiro tempo foi quase todo de predomínio dos portugueses que abusaram da violência, especialmente o lateral Adolfo e o centro-médio José Augusto. Para piorar, Eusébio, "A Pantera", como era conhecido, deixou a sua marca e a etapa inicial encerrou 1 a 0 com uma única oportunidade para o Tricolor, aos 40 minutos, quando Tupanzinho que entrara no lugar do lesionado João Severiano, o Joãozinho, arrematou perigosamente. A chacoalhada no vestiário deve ter sido bem grande, porque, logo a 1 minuto e meio, o centro-avante Hélio Pires (na foto é o primeiro agachado) que jogava como ponta, pois havia Alcindo, fez o gol de empate, consequentemente, tornando-se o primeiro gremista a marcar no novo estádio vermelho. O "Touro" como era conhecido, chegara do Floriano (atual Novo Hamburgo) e acabou fazendo história no Coritiba, além de  uma passagem no Santos, quando atuou ao lado de Pelé. Na etapa final, só um time jogou e José Henrique, o arqueiro português, virou o melhor jogador em campo. O empate se estendeu até o período concedido como acréscimos, 4 minutos, e apesar da insistência tricolor, o gol não vinha. No último minuto, Espinosa invade a área e é derrubado pelo lateral Cruz; pênalti e expulsão. A cobrança coube a Alcindo (único gaúcho na Copa de 1966), o goleiro Nascimento substituíra o brilhante José Henrique minutos antes, não conseguiu impedir o chute do "Bugre" e o Tricolor, desta forma, encaminhou a sua primeira vitória no Beira-Rio. Na partida de fundo, a forte Hungria deu um "passeio" no Coirmão, derrotando por 2 a 0. Apenas para constar; nesse torneio virtual, o Grêmio bateu a Seleção Húngara por 1 a 0, gol de Hélio Pires, este Benfica e, como sabemos, o Grenal quando foi interrompido aos 81 minutos, estava empatado sem abertura de placar, portanto, encerrando invicto. Começava assim, a relação do Imortal com a nova casa do Coirmão.

24 - Grêmio 2 x 0 Nacional (Uruguai) - Inaugurando o Olímpico - Ano 1954

Dando prosseguimento a intenção de contar como foram os jogos inaugurais do Imortal no Beira-Rio (Pequenas Histórias 23) e Olímpico, hoje iremos aterrissar no distante ano de 1954, mais exatamente, em 19 de Setembro, Azenha, quando o Olímpico passou a ser a nossa casa. O país ainda estava abalado pelo suicídio de Vargas, há menos de 30 dias (24/08), tentava se  reordenar, enfim, voltar a sua normalidade. Naquela semana, o mundo esportivo vira mais uma vitória por nocaute do lendário Rocky Marciano no Yankee Stadium em Nova Iorque, agora sobre Ezzard Charles, nocaute este, que ocorreu no 8º round. Pois foi nesse contexto que o Tricolor enfrentou o poderoso Nacional de Montevidéu, clube que juntamente com o Peñarol, formou a base do time bi-campeão mundial em 1950 na Copa realizada no Brasil. Havia entre os seus astros o espetacular goleiro Veludo que revezou com Castilhos o gol do Fluminense e também da Seleção Brasileira na Copa daquele ano na Suíça. Outro ingrediente: O Nacional aplicara uma surra no ano anterior, ainda na Baixada, metendo 4 a 1 no Tricolor, portanto, parada duríssima. No dia seguinte, feriado estadual, o líder do campeonato uruguaio, Liverpool, enfrentaria a segunda versão do fantástico Rolo Compressor Colorado. Naquela tarde, o Olímpico recebeu 35.511 torcedores e a fita de inauguração coube ao presidente Saturnino Vanzelotti e ao governador do Estado, Ernesto Dornelles. O Tricolor entrou em campo com Sérgio Moacir, Ênio Rodrigues e Orli; Roberto Sarará e Itamar, Tesourinha, Zunino, Camacho, Milton e Torres. Ingressaram mais tarde, Jorginho e Victor.O técnico era húngaro, Lazslo Szekelly. O time uruguaio com Veludo; Blanco e Leopardi; Gonzalez, Carballo e Cruz; Orellano, Quiroga, Omar Mendez, Júlio Perez e Escalada. Contou ainda com Santamaria e Romerito. O juiz foi Arthur Villariño, o Espanhol, como era conhecido.  A partida nada teve de amistoso, os jornais relatam que o "pau comeu solto", citando como os mais acirrados Camacho pelo Grêmio e Júlio Perez pelo time uruguaio; além deles, Gonzalez. Outros se destacaram pelo bom futebol como os goleiros de ambos os times, mais Sarará, Tesourinha, Roberto, Santamaria e Victor, goleador que se tornou o personagem central deste enredo que teve final feliz naquela tarde. Os gols somente aconteceram no segundo tempo; por volta dos 20 minutos, Tesourinha fez grande jogada, chegando à linha de fundo e como bom ponteiro que era, deixou o centro-avante Victor pronto para empurrar para as redes. Este mesmo Victor, em nova jogada de Tesourinha, marcaria o segundo tento. Vanzelotti, o presidente que acabou de vez com a mancha do preconceito racial no clube, deve ter se sentindo mais realizado ainda, pois, tanto Tesourinha, quanto Victor eram negros e entraram definitivamente para a história do Grêmio. A foto que ilustra a crônica, busquei na internet e nela está o grupo do Imortal naquele ano. Tesourinha e Victor são respectivamente, os últimos agachados. O técnico húngaro é o mais alto, em pé. Daqui há um ano, quando alguém estiver lendo esta postagem, o Olímpico será tão somente uma lembrança; uma lembrança Imortal.

25 - Tadeu - Como se fosse uma espécie de Santo - Ano 1977/78


"Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar, eu só sei que falava e  cheirava e gostava de mar..." Assim começava "Minha História", fantástica música de Chico Buarque, que era uma tradução da italianíssima "Gesumbambino". Pois, cada vez que ouço esta canção, lembro sempre do Tadeu. Tadeu Ricci. Lá pelas tantas, a letra falava em ... embrulhou-me num manto, como se eu fosse uma espécie de santo...

 Tadeu era e segue sendo extremamente religioso lá na sua Ribeirão Preto com sua esposa gaúcha. Tudo a ver. Ele foi o "cara". O "cara" que fez o diabólico baiano André Catimba comungar pela primeira vez, isso na capela do Olímpico, no distante e iluminado ano de 1977. 

Minha admiração por ele começou em 1972, quando eu e meus amigos, começamos a jogar botão nos finais de semana. Como todos éramos gremistas ou colorados, combinamos que não haveria Grêmio e Inter em nossos torneios. Cada um escolheu o seu; o João Henrique com seu Flamengo, o saudoso Marcelo, o Botafogo, o Marcos (Rolim) com seu Coritiba e tantos outros. Eu fiquei com o América do Rio, então ainda um time forte; adivinhem qual era o meu "botão craque"? Ele mesmo, Tadeu; que fazia dupla de ataque com Edu, irmão do Zico. Aliás, diz a lenda que o Galinho de Quintino aprendeu a bater faltas com o paulista Tadeu.

 Em 1977, Telê foi buscá-lo no Flamengo para ser o maestro daquele time que é o mais afetivo para quem viveu os anos 70. Corbo, Eurico,Anchetta,... aquela escalação, na verdade, virou uma oração, uma cantilena na sua melhor definição: poesia breve e simples, mas agradável. Tadeu era o gênio, o condutor de um grupo altamente consciente e aguerrido: os politizados Corbo e Cassiá, o guerreiro Oberdan, o jornalista e centro-médio Vitor Hugo, o advogado Paulo César Martins, lateral reserva, que veio por indicação de Tadeu, os endiabrados André e Éder, os gremistas Tarciso e Iúra, os incansáveis e técnicos Eurico e Ladinho, mais Anchetta, simplesmente, o capitão. Pois, Tadeu, também advogado, estava acima deles, na bola, na inteligência e na personalidade.

 Sua estréia em Grenal foi marcante, porque o Imortal aplicou 3 a 0 no então bi-campeão brasileiro. 

 O jogo ocorreu no Olímpico no dia 17 de Abril daquele ano e Tadeu recebeu nota 10 da Zero Hora e demais veículos de comunicação. Pudera! O homem fez dois gols, sendo um de falta, deixando o lendário goleiro Manga estatelado no canto esquerdo de seu arco.

 Aos 19 minutos, Cláudio Duarte derrubou Éder na meia esquerda de ataque. Tadeu bateu rasteiro pelo lado de fora da barreira. Golaço.

 Aos 42 minutos, Dario acertou Éder que revidou; o juiz viu apenas a segunda agressão e deixou o Grêmio com 10 jogadores.

 Aos 15 minutos da etapa final, Tadeu arrancou, driblando 3 adversários, chegou à linha de fundo e cruzou para Alcindo, o veterano centro-avante que voltava do México para encerrar a carreira no clube de seu coração.

 O Bugre, maior artilheiro do Grêmio em todos os tempos, testou de cima para baixo, matando o goalkeeper colorado. 2 a 0. 

Aos 41 minutos, Zequinha (aquele mesmo dos 3 gols em um único Grenal), repetiu Tadeu, que repetiu Alcindo: Cabeceou de cima para baixo, decretando a goleada.

 O Imortal ainda sem a inesquecível formação, entrou em campo com Remi; Eurico, Anchetta, Oberdan e Ladinho; Vitor Hugo, Tadeu, Iúra (Jerônimo); Tarciso, Alcindo (Zequinha) e Éder. 

O Coirmão com Manga; Cláudio, Marião, Hermínio e Chico Fraga; Caçapava (Joãozinho Paulista), Falcão e Batista; Pedrinho (Jair), Dario e Escurinho.

É o famoso clássico em que Oberdan, segundo melhor em campo com nota 9, decretou o fim dos golzinhos de cabeça do Escurinho. Embora jogasse com a camiseta 8, Tadeu era o verdadeiro 10 do Grêmio.

 Naquele ano, ele iria fazer mais gols memoráveis em Grenal, como um de falta em que o juiz, erradamente, assinalara fora da área para desespero de Iúra que sofrera o penalti, no jogo que antecedeu a final do gol de André, ou ainda no clássico dos 4 a 0 daquele mesmo ano.

 De todos os jogadores que vi pessoalmente, Tadeu só foi menor do que Renato. Por isso, acho um esquecimento imperdoável que seu nome (e pés) ainda não esteja (m) entre os eleitos na Calçada da Fama. Tadeu:"... ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar..."

13 comentários:

  1. O GRÊMIO E O OLÍMPICO

    1.768 JOGOS
    1.159 VITÓRIAS
    382 EMPATES
    227 DERROTAS
    3.510 GOLS MARCADOS
    1.306 GOLS SOFRIDOS


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    1. Obrigado pelos numeros. Poucos gremistas tem isso. Poucos conhecem sua propria historia. O Olimpico ainda ficara no imaginario tricolor por pelo menos 30 anos. Quando as novas geracoes aprenderem a cultuar a Arena, como nos cultuamos o Olimpico, ele entrara definitivamente para historia. Incrivel, somente 13% de derrotas em casa. Dois gols por partida. Descanse em paz, Olimpico, voce cumpriu sua missao.

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  2. O Grêmio contra o Benfica:

    08.04.1969 - Grêmio 2 x 1 Benfica
    29.07.1987 - Grêmio 2 x 1 Benfica
    11.08.1988 - Grêmio 2 x 2 Benfica
    03.08.2002 - Grêmio 1 x 1 Benfica

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  3. E sobre o Tadeu Ricci posso afirmar que foi um ídolo que tive no futebol. Poucos meias jogaram como ele. Naquela década de 70, neste Brasil do futebol, havia jogadores da mais alta qualidade. Pelo menos cada grande equipe tinha um camisa 10 ou 8 diferenciado. Era o caso do Grêmio de 77. Um time bem montado pelo Telê, com um meio de campo muito acima da média. Sofri nas derrotas do Inter contra o Grêmio, mas não havia como igualar. O Inter saindo do grande time de 74/75/76 e o Grêmio começando uma nova fase que culminaria na conquista do Brasileiro, da América e do Mundial. Belos tempos aqueles. E lá se vão quase 40 anos...

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  4. Alvirubro!
    Era o maestro, o craque do time, o técnico dentro do campo. Um líder intelectual, tanto da leitura do jogo, quanto na leitura da vida, um ser iluminado.

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  5. Nao poderia deixar de comentar alguma coisa. Primeiro pelo seu entusiasmo em falar destas "velhas" lembrancas, outra porque tambem as vi com entusiasmo. Este jogo contra o Benfica foi muito esperado. Meu Gremio ideal se concentra nos anos sessenta. Se pegarmos nossa historia, veremos que o Gremio do final dos anos 50 e durante toda a decada de 60 foi um Gremio de onde tiramos os maiores idolos deste clube centenario. Este time so nao foi campeao nacional devido ao bairrismo do eixao. Por coincidencia ou "arranjos" sempre destinavam o Santos de Pele e a Academia Palmeirense para nos enfrentar, alias, os unicos que nos seguravam porque os demais, bem, eram os demais. Mesmo o Botafogo de Garrincha se preocupava conosco. Da mesma forma o Gremio dos anos 70 foi de um azar impar. Grandes jogadores passaram nesta decada. Sem sombra de duvidas Tadeu Ricci foi um deles. Este Gremio em que ele jogou so teve em Remi e, por estranho que pareca, Andre Catimba, entre os mais fracos (que basicamente foi nosso Basilio, sem muito brilho, mas importante pelo gol do titulo). Eram uma nata que hoje e dificil de encontrarmos. Mesmo Alcindo em final de carreira era respeitado, muito por tudo que fez. Oberdan velho, dava inveja aos de hoje. A elegancia e tecnica apurada de Ancheta, a dedicacao do Tarcisio, a raca do Yura, a eficiencia do Ladinho, a qualidade do Eurico, o despontar de um craque chamado Eder, a seguranca de um Corbo e o maestro Tadeu Ricci.
    Os astros conspiraram contra o Gremio nesta epoca porque criaram o melhor Inter de todos os tempos para nos segurar. Nao fosse isto, seria mais uma decada de dominio tricolor. Mesmo tendo condicoes de enfrentarmos qualquer um de igual, este Inter alem de nos tirar a hegemonia estadual, nos abateu a moral de modo a nos tornarmos inseguros nacionalmente. Foi um tiro com duplo acerto.
    Mas veja aquele Gremio da inauguracao do Beira Rio. Os mais fracos eram o incansavel Jadir, o maluco driblador do Volmir e o Helio Pires.
    Vejo, hoje, que faltou ao Gremio saber fazer, naquela epoca, o que hoje denominamos marketing.
    O que falar de um Airton (Pavilhao), de um Gessy, de um Milton Kuele, de um Sergio Lopes, Enio Rodrigues, Noronha, Luis Luz, Foguinho, Tarcisio, Renato Portaluppi, Eder, Everaldo, Aureo, Alberto, Ancheta, ... . Nao ha palavras. Se tivesse marketing, estariam entre os maiores do Brasil de todos os tempos. Mas, ... .

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  6. Arih!
    Não é saudosismo, mas Ancheta, Airton, hoje Werley; Everaldo e Breno, Sérgio Lopes e Alan Ruiz, quanta diferença!!!

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  7. Arih, belo comentário. O que eu não canso de afirmar à gurizada de hoje é isso mesmo que escreveste. Não vi o Grêmio dos anos 60, é lógico, por questão de idade. Mas li e leio muito sobre o Tricolor. Os anos 70 foram intensos no futebol brasileiro. Produzíamos craques aos borbotões. Em todas as equipes. Dias atrás estivesse relembrando aqueles times repletos de craques. Eram tantos e tão bons que tornava-se impossível montar uma seleção única. Escutei esta semana uma entrevista do "Pato Moure" com o Ancheta. Sensacional! A humildade do gringo quando fala da sua trajetória é impressionante. Ele que iniciou a vida esportiva no atletismo e depois passou para o futebol, jogando como volante. Mais tarde foi para a zaga. Ancheta que foi considerado (junto com Beckenbauer), o melhor defensor da Copa de 70. Zagueiro dessa estirpe não surgirá nunca mais. Não é saudosismo meu. É pura verdade. Perguntaram certa vez a Figueroa, quem foi o maior zagueiro que ele viu jogar e ele sem perder tempo respondeu: "Ancheta". Mesma pergunta ao uruguaio e ele respondeu: "Figueroa". Dois ícones do futebol do mundo que pisaram no Olímpico e no Beira-Rio. Com certeza ambos estão entre os dez maiores zagueiros da história do futebol. Incomparáveis as épocas. Ancheta ganhava 1.500 dólares por mês no Grêmio. Figueroa, em 1977, deixou o Inter para ganhar 3.000 dólares por mês, no Chile. Eram outros tempos. O futebol era mais romântico. Em outra crônica do Bruxo eu já havia escrito que o Grêmio dos anos 70 era acima da média e só teve o azar de ser montado numa época em que houve o melhor Inter que eu vi jogar até hoje. Não fosse aquele time colorado e a história estaria celebrando até hoje os times do Grêmio. Felizmente nós vimos aqueles times jogar futebol. Vimos o Palmeiras, o Botafogo, o Vasco, o Cruzeiro, o Inter, o Grêmio, o Flamengo. Vimos até o Ameriquinha-RJ, que tinha um baita time. O futebol de hoje nada tem a ver com aquele dos anos 70. Infelizmente.

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  8. Alvirubro, fiz um comentario tempos atras dizendo que Figueroa deu a grande sorte de chegar naquele Inter vitorioso. Isto nao significa que ele nao tinha qualidade. Pelo contrario. Era um verdadeiro cherifao que chamava o jogo pra si. Claro que tinha a historia (verdadeira) do cotovelo na nuca dos adversarios, mas qual zagueiro nao tenta isto. Figueroa fazia disto uma arte, tanto que poucas vezes foi advertido pelas arbitragens devido a este fato (mas todo o centro avante sentiu o peso do cotovelo dele, rsrsrsrs). Nao restam duvidas que todo jogador por melhor que seja, ou nao, sempre sera lembrado mais nos times vencedores. Pelo contrario, Ancheta deu azar, mesmo sendo mais tecnico, melhor que Figueroa. Mas este tambem era admiravel e casou perfeitamente naquele Inter.
    Tambem admirava o Ameriquinha. Lembram que frequentemente eles tinham um jogador da dupla no time?
    Realmente tivemos o prazer de ver grandes equipes. O futebol hoje, nao diria que e mais pobre (e e tecnicamente), mas ganhou outros ingredientes que o fazem ainda atrativo. Alias, por mais que reclamemos, sempre o futebol sera interessante porque mais que o fator razao, o fator paixao e seu principal ingrediente. E uma paixao de adolescente e eterna.

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    1. Arih!
      Só nos recuerdos, gaúchos no América ou que jogaram no Sul:Alberto (goleiro), Djair, aqui no Guarani de Bagé era chamado de Bejeja, Alex, zagueiro, Ivo Wortman, Bráulio, Flecha, Sarão, João Brenner, ponta esquerda do Aimoré, Taquito, fora os que eu não lembro agora.

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    2. Bruxo, outros que lembro: Rogério (goleiro), Volmir, Gasperin. Deve haver outros mais.
      Além disso, sem pesquisar, de lá vieram Sérgio Lima, Gílson Gênio, Luisinho Lemos,

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    3. Alvirubro!
      Por causa do Gilson Gênio, o De Leon foi no jornal do Almoço enfrentar o Santana que bateu em retirada, naquele dia De Leon apresentou o comentário no lugar do jornalista, tamanha era a agressividade do Santana para cima do baixinho ponta-esquerda. Um absurdo.

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