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domingo, 11 de dezembro de 2016

Opinião


Swat, muito obrigado

Demorei para escolher o nome desta crônica: Novembro Azul, Não se contrata  Celso Roth impunemente, A Soberba, De Yokohama a Lucas do Rio Verde, Tosa de Porco. Por diversos motivos, eu fui descartando um a um até que cheguei neste, após analisar melhor os eventos que compuseram a decadência do Coirmão, tão aguardada por nós, Tricolores. Foi uma bênção de final de ano.

Precisei colocar esse preâmbulo para que o próximo parágrafo não soasse hipócrita, isto é, dizer que estou triste com os fatos e expor algo diferente nele.

A tristeza não é pelo rebaixamento, obviamente, mas por escancarar que nossos dois grandes clubes são fontes inesgotáveis para a realização de estrepolias e ações confusas que resultam em nefastas consequências. Nós, os otários torcedores somos, por vezes, coadjuvantes sem um papel definido no enredo. Tanto faz existirmos; somos o famoso “mal necessário”.

A queda vermelha reforça o meu pensamento que Fábio Koff (Grêmio) e mais recentemente, Fernandão e D’Alessandro (Inter), ajudaram a consagrar mediocridades que fizeram fama (e fortuna). Vivem até hoje às custas das realizações destes gigantes.

Assisti incrédulo, a tosquia de suíno perpetrada pela elite do comando vermelho que organizou a Swat gaudéria; um misto de teatralidade e esquizofrenia, uma petulância que quase alterou o significado de messiânico, um tartufo de ocasião a imaginar-se condutor da imensa massa vermelha, ditando o que e como deveria se comportar o sentimento da nação colorada, regendo um coro de desesperados e desamparados, frágeis presas desconectadas da obviedade do futuro desenhado. Ameaçaram até pastar para manter o Coirmão na primeira divisão. Jim Carrey não faria melhor.

Diante deles, um messias sacaneador. Muita gritaria e nenhuma lã. Tosa de Porco.

Eles, os eleitos, excelso grupo que até na escolha do apelido exalou petulância: Swat; isto é, um grupamento de excelência, os ungidos para a tarefa de livrar o Inter do rebaixamento. Só “fera”.

Na verdade, eles pensaram em tudo; tudo deveria estar alinhavado, um turno inteiro para chegar à frente de apenas dois clubes, porque Santa Cruz e América estavam virtualmente fora de combate; dentro deste planejamento, a cooperação, quase uma subserviência de um importante órgão da imprensa gaúcha, verdadeira ação entre amigos, um pelotão de lacaios a serviço destes dirigentes, um deles, parecia o coordenador “informal” de esportes de uma rádio da capital. Deitava e rolava. Microfone à disposição para reger o coro de baixeiros.

Tudo estava tão bem arranjado nesta confraria, que havia lugar até para um técnico perdedor, cujos números escancaram a sua incapacidade, afinal, repito, com dois rebaixados definidos, era só chegar à frente de outros dois concorrentes. Tarefa para um cone.

Utilizando-me de uma frase da biografia de Gilberto Gil, “Gilberto bem perto”, página 372: “A história, como um Deus, tem formas tortas e insuspeitas de ir escrevendo o seu texto”.

Portanto, assim como Swat é um esquadrão de resgate, também a história resgatou como um Deus, os atores de 2002, daquele Paysandu 0 x 2 Inter, ao presente para fazer o ajuste de contas, botar nos trilhos o trem da História. Reescrever as últimas linhas daquele enredo.

Na postagem seguinte, tratarei de outra importante lição que ficou deste rebaixamento vermelho: O papel indecente de parte da imprensa gaúcha.


13 comentários:

  1. Obrigado, Victor.
    Amanhã tem mais sobre o mesmo.

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  2. Repito Victor.ótimo texto.obrigado e parabéns!

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  3. Excelente! O amanhã é hoje. Aguardo, pois com certeza vira outro texto excelente.

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  4. Parabéns pelo texto!

    Lembrando que lá atrás, quando o inter contratou Celso Roth, eu disse (acho que escrevi) que estava contratando o kit rebaixamento.

    Foi o ano da tempestade perfeita para nós, torcedores do Grêmio.

    O Inter foi vítima de sua própria arrogância. Acreditou nas frases boladas por seu marketing. Vamos ver como reage o torcedor que foi na onda de que "time grande não cai". O torcedor verdadeiro vai permanecer fiel.

    Finalizando: impressionante como ontem, no pós jogo da gaúcha, eu ouvi dirigentes repetindo que o time jogou bem essa ou aquela partida, como se o rebaixamento fosse uma injustiça com a grande equipe que eles formaram. Para o bem do inter, espero que a nova diretoria demonstre mais humildade é pés no chão.

    PS: o pós jogo na gaúcha foi patrocinado por uma loja que anunciava o "segundaço". Parecia piada pronta.

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    1. A sorte do Inter é que houve renovação na gestão, senão, acho que não voltaria em 2017.
      Carvalho e Píffero entraram definitivamente na história do futebol gaúcho.

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  5. Tchê, Bruxo, nada acrescentar!

    Total neutralidade na avaliação. Não colocaria uma linha a mais. E não foi por falta de aviso.

    Participo de um Blog, que discute o Colorado, há mais ou menos uns 8 anos. Há seis anos criticamos, dia após dia, dirigentes e jogadores. Alertamos para cada degrau que o clube pisava, rumando para o descenso. Enquanto isso, nossos "condutores" viam tudo ao contrário.

    Do grupo do Blog que discutia os destinos do Clube, dois integrantes, outrora críticos da "turma condutora da manada", foram se unir aos dirigentes, com cargos de relevância. Antes, apontavam os defeitos das gestões, depois sumiram e nem respondiam nossas críticas.

    “O tempo é senhor de tudo”, dizem. Os discursos de ontem só comprovam o que escreveste.

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    1. Os discursos dos dirigentes ficariam adequados na boca dos torcedores mais fanáticos, fora disso, vira soberba, arrogância.

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  6. Diretorias mediocres, jogadores oportunistas e omissos nas horas precisas, torcidas (alguns poucos) prejudicando, tudo tornando-se uma bola de neve, culminando no que aconteceu neste domingo. Apesar de tricolor fervoroso, pesamos pela mediocridade que nosso futebol se tornou, triste....

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  7. Triste; nós já vimos este filme em três cores.

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  8. Excelente texto.
    Refletiu a realidade colorada e até pouco tempo a gremista.

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  9. Que o Grêmio de hoje aprenda com os colorados de hoje; nada de repetir erros.

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    1. Ah, pois é. E parecem estar brincando com o fogo novamente.

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