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terça-feira, 8 de setembro de 2020

Opinião



E a "Cultura de Jogo" onde foi parar?


Há um tiroteio geral no que se refere à busca de um diagnóstico do que ocorre com o Grêmio de 2020.

Primeiro deve ser reconhecido que é um processo; 2020 é menos que 2019, que é menor que 2018, que é menor do que 2017. Concluída essa premissa, a segunda é identificar as causas e elas dizem respeito a fatores inconclusivos na sua maioria, por isso, qualquer mortal pode arriscar enumerá-los; alguém vai acertar, muitos vão errar.

Nessa barca, eu dou meu pitaco e ele vai ao encontro do pensamento que indica a perda da recente identidade ou conformação do time no gramado.

Quando ganhou a Copa do Brasil e Libertadores com um futebol de qualidade e, principalmente, de resultados, o entusiasmo e convicção foram tremendos a ponto do clube adotar uma cultura de jogo, que se estenderia a sua "fábrica', vide Modelo de Jogo. E realmente, se olharmos para o que se viu, encontraremos Matheus Henrique, Darlan muito próximos das características de Arthur. Pouco depois, Diego Rosa e Fernando Henrique (este, um pouco "rebolador") davam sinais de adoção do estilo.

Vale lembrar que o ápice da Era Renato trazia um meio de campo com quatro juniores: Jaílson, Arthur, Luan e Ramiro.

Lógico! essa perda, esse "desvio de conduta de jogar" é uma das causas, outra é a troca de nomes, mais uma; o equívoco nas contratações. Esta última é a raiz de muitos insucessos, o maior deles, atletas com biografias distintas do futebol "vistoso e consequente" deste período de conquistas.

Não questiono o futebol de Lucas Silva; acho que tem qualidades, porém, ele está "divorciado" da maneira da nova cultura que o Tricolor sonhou para sacramentar dentro das quatro linhas. E o que se dirá de Wellington Martins? Nem reencarnando exercerá o seu ofício dentro deste modelo projetado há três, quatro anos.

Com certeza, há mais causas, no entanto, uma delas é o estabelecimento de um parâmetro, uma "filosofia" para a arte de jogar bola e na prática, a vinda de atletas inaptos para a sua implementação.

Uma hora, o choque seria inevitável.

21 comentários:

  1. Boa noite, Bruxo. Eu diria que é um fogo cruzado. De um lado, aqueles que querem a manutenção do homem da casamata e que acreditam que tudo está dentro de um planejamento. Do outro, aqueles que querem ver Renato longe do Humaitá. E não apenas ele; Klaus e Luz também.

    Quanto à nova cultura que se instaurou no Grêmio, sem sombra de dúvida deve ser mantida. Futebol bonito. Não há duvidas que as críticas e essa busca desenfreada atrás de um diagnóstico sejam decorrentes da falta daquele futebol que encheu nossos olhos três temporadas atrás.

    Não sou e nunca fui um entendedor de futebol. De esquemas táticos ou coisa do tipo e, acredito que 90% dos torcedores sabem tanto quanto eu sobre o assunto. Já dizem que o Brasil é um país de uma só seleção com milhões de técnicos.

    Hoje, inclusive, um amigo me disse que antes eu era um alentador de jogador ruim (o que é verdade), e hoje um crítico de treinador que não ganha jogo (também é verdade). Aceitei a crítica dele. Não nego isso! Vou criticar sempre que não aceitar o que vejo. Já não sou mais o cego que era.

    Minha crítica ou tiroteio se baseia no que deixamos de ganhar nos últimos dois anos. A forma como perdemos! Tu mesmo outro dia citaste que o Grêmio figura há três temporadas seguidas entre os semifinalistas da L.A.. Isso é algo louvável! Concordo. Meu amigo pensa exatamente igual. Mas isso (minha opinião) funciona e cola para aqueles que ligam a tv, quando muito, nos jogos finais. Aqueles “modinhas” como se diz por aí. Sei que tu, o meu amigo, não são torcedores do tipo, mas muitos o são. E são estes que tapam os olhos e ouvidos e se entregam a um fanatismo burro. Uma idolatria cega. Concordam e aceitam tudo porque há três anos o Grêmio erguia a terceira taça da L.A., há quatro, a quinta taça da C.B.. Porque não perde Grenal há tantos jogos e por aí vai.

    Eu vi o Grêmio cair aos 19 anos em 2004. Em último lugar entre 24 clubes! Tem gente que não tem noção da hecatombe que foi isso! Ficou atrás de Cricíuma-SC, Guaraní-SP e Vitória-BA! Foi horrível! Lembro até hoje do gol 1000 em Grenais que ocorreu no mesmo ano. O que era para dar errado, aquele ano deu! Lembro exatamente onde vi aquele jogo, hoje no lugar do bar, é um prédio comercial. Em 2005, aos 20, vivi o inferno de torcer pelo meu time numa série B. A minha defesa? "Vi meu clube ganhar o Brasileiro, (você não viu)" dizia isso para os colorados da minha idade, "meu time é Bi da Libertadores, tri da Copa do Brasil". Isso funcionou até o ano seguinte.

    Alheio ao ano de 2001, a primeira década e meia deste século foi para mim o que foi os anos 80/90 para os colorados. Acredito que para todos os gremistas mais "velhos".

    Hoje, qualquer menção a um possível declínio daquele tipo deve ser contida imediatamente. Há um marasmo instaurado! Contratações que não se justificam. No elenco atual temos jogadores que rebaixaram o então papão da Copa do Brasil. Estava se desenhando um cenário pavoroso! Graças a Deus, o bom senso fez com que Romildo se livrasse de T.N., ainda assim, o time não consegue vencer os rebaixáveis Ceará, Sport Recife, Atlético Goianiense dentro nem fora de casa e ainda eles querem me passar o cachorro de que está tudo bem?

    Não! Não está! Pode melhorar? Pode! Mas se o tiroteio cessar sabe-se lá onde podemos parar.

    E me desculpe pelo desabafo!

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    1. Também acho que Luz e Camara devem sair. Não os vejo com capacidade pra serem gestores de um clube sério, o termo é meio complicado mas o Grêmio tem que ser mais moderno. Gestão é coisa séria. Tão com esse castelo areia debaixo dos seus narizes e não enxergam a água chegando e desmanchando tudo.

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    2. Fico pensando, Lipatin. O Inter busca Hernández, centro avante de Seleção Uruguaia, Copa do Mundo nas costas, reserva, mas para Suárez e Cavani, onde o furo é mais embaixo e os nossos dirigentes pensando em Gilberto.
      Tem alguma coisa errada.

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    3. Rodrigo Caetano, Bruxo. Ao menos vendo de fora me parece um dos fatores.

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    4. Bruxo, o Abel Hernandez teve seu momento uns bons anos atrás mas é um daqueles que nunca se tornou o que se esperava, sofre muito com lesões e vem de uns dois anos sem ter regularidade. É uma aposta. Porém preferiria apostar no Abel que no Stuani, que sempre foi medíocre e só começou a ser goleador na segundona espanhola depois dos 30.
      Ambos os uruguaios são opções muito melhores que o Gilberto, é claro. Até do ponto de vista de marketing. Esse Gilberto é da turma do Luciano, do André... não serve, dinheiro pra ser jogado fora.

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    5. Exato, Lipatin
      É aí que eu quero chegar: Gilberto e Hernandez tem praticamente a mesma idade e biografias diferentes, ambos estão na descendente na carreira, mas se tem um deles que pode dar uma resposta minimamente positiva é o uruguaio.

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  2. Muito bom, Rodrigo
    A diferença para os anos alarmantes é que agora temos apenas 1 derrota; sabe-se que o campeão do Brasileirão perde entre 6 a 8 partidas, não quero dizer com isso que estamos no páreo, mas duas vitórias consecutivas com um jogo a menos, muda a fotografia do Grêmio na tabela; mas isso é suficiente? E os demais campeonatos.

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    1. Numa hipótese improvável, podemos então empatar mais um jogo e perder outros quatro e ganhar todos os demais.

      Repetindo o Flamengo 2019. Acho que o pensamento deles lá só pode ser este.

      O Santos teve 8 derrotas e 8 empates. Ganhou o resto. Ficou em segundo. Este cenário parece ser mais alcançável. Mas estarão dispostos a tal feito?

      Se pela frente não viesse uma L.A. e uma C.B.. Alguém chegou a ver o Corneta RW? https://cornetadorw.com.br/2020/09/08/obsessao-pelo-hepta-da-copa-do-brasil-e-o-rebaixamento/

      Vale a leitura.

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    2. Triste realidade, Rodrigo. O Inter abandonou o Brasileiro de 2010 para jogar a final no Japão; aí veio o Mazembaço.

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  3. Acho que o Grêmio "encantador" foi aquele de 2017 e 2018. Depois da queda pro River a coisa desandou.
    O mais correto agora era o Romildo estar matutando a escolha do novo treinador e a reavaliação do elenco, começar a mudança logo. Mas não vejo isso acontecer, imagino que vão esperar os resultados da Libertadores que já retorna na próxima semana. Azar o nosso. Penso que além de treinador novo vamos precisar de dirigentes novos.
    Tivemos um mal que veio para o bem: Thaciano não se acertou com o Atlético com H e não vai mais ter negócio com o Wellington. Um dos laterais do Palmeiras se lesionou e pode melar a chegado do Diogo Barbosa, mas a negociação com o lateral ainda segue.
    Outra noticia um tanto peculiar: https://globoesporte.globo.com/rs/futebol/noticia/joia-do-gremio-recebe-sondagem-do-sao-paulo-e-ganha-elogios-de-andre-jardine.ghtml
    Jogador que está desde os 9 anos na base. Muito promissor, sempre tem alguém da Europa interessado, agora até o São Paulo, e que nunca ganhou chances. Porque mirar na geladeira velha do Wellington com o Bobsin juntando mofo no time sub23, porque não dão uma chance???

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    1. O mínimo que se pede é testar o atleta no time de cima. Só isso.

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  4. Lipatin
    As escolhas para contratações dão a ideia do que os condutores do futebol gremista tem na cabeça.

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    1. Sim, Bruxo! É muita incompetência, os caras servem pra clubes europeus mas aqui no Grêmio são preteridos por Maicon e Thaciano. Por isso que não adianta mandar o Renato embora e deixar eles seguirem. O Grêmio tem que se livrar desses dirigentes que tão ali por motivos alheios a sua competência na função.

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    2. Mas Lipatin, quem escala é o Renato. Se servem para os europeus e não no aqui não se trata apenas da cegueira dos dirigentes, mas principalmente daquele que "faz" o time jogar.

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    3. Claro Rodrigo. O erro é do Renato, mas quem poderia cobrar e "se meter" não o faz. É só respaldo e respaldo pras cagadas continuarem. Aliás respaldo que continua vide a coletiva do Romildo agora pela manhã.

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    4. QUem escala é o Renato, mas, se não trouxerem, ele não tem como escalar. "Ah, mas ele vai ficar insatisfeito"...é bem simples, libera a vaga.

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  5. Fatores para a queda:

    -Acomodação geral após título da América. Sair da fila eliminou qualquer tipo de pressão por títulos. A derrota "honrosa" para o Real Madrid virou sinônio de orgulho e comformismo. A ideia do "é impossível ganhar de Europeu" tomou corpo.
    -Aposentadoria do Luan logo após Lanus x Grêmio. Jogador chave no 4-2-3-1 afundou o time no ano de 2018 inteiro e metade do 2019. Até hj não encontraram um substituto. O que mais se aproxima é o Maicon, que é um volante improvisado, mais lento do que o Luan - que já era lento. Nenhum time bom funciona sem um ponta de lança. No RS tem a cultura do centroavante 9 (o Grêmio todo ano perde tempo atrás de centroavante), mas um meia, que é infinitamente mais importante, acaba sempre negligenciado. Com ele, jogadores de frente são alimentados e muitos desatam a marcar gols, independente da característica. O futebol moderno não comporta mais um nove. Os maiores times do mundo tem ataques móveis. Outra, muito se alimentou a esperanca no Jean Pierre como o futuro da meia. Se fosse lançado lá atrás, já teriamos a noção de que se trata de um jogador comum. Dois anos foram perdidos.
    -A cultura da "chegada". O treinador se contenta em "chegar"nas competições independente de título. É repetido a exaustão que o Grêmio chegou em três semi-finais de Libertadores seguidas, mas esquecem que foi eliminado vexatoriamente de duas e que teve um caminho tranquilo, com cruzamentos fáceis, em ambas. No confronto com grandes, o Grêmio tomou paulada em TODOS de 2017 pra cá com exceção do Palmeiras em 2019, vide Cruzeiro (Copa do Brasil), Flamengo (Copa do Brasil e Libertadores), River (Libertadores) e Independiente (vitória medíocre nos penalties jogando dois jogos contra 10 em campo).
    -Bruxismo e politicagem na indicação de contratações. O treinador é paneleiro e relutante em trabalhar com jovens porque é mais difícil. Tem que treinar, lapidar o jogador de verdade. Ele é preguiçoso.
    -Por ser preguiçoso, contamina o grupo. O time joga numa lerdeza que deve se repetir nos treinamentos. Não tem intensidade.
    -A confraria desmotiva os jovens. O Grêmio teve sorte do Everton ser paciente. Poderia ter perdido este jogador antes, como perdeu o Tetê e o Rosa agora.

    Enfim, o Portaluppi se cria porque é marketeiro. Bom de conversa. A imprensa esportiva adora um gerador de manchete de declarações fanfarrônicas. Num primeiro momento deu liga quando ganhou a Copa do Brasil. A motivação transcorreu pra 2017, que apesar do título histórico, foi um ano razoável em termos de desempenho. O Grêmio não jogou nada de muito diferente do que apresentou depois. Foi mais um lampejo. Inclusive, acredito que teria sérias dificuldades pra ganhar do River naquela final.

    O "melhor futebol do Brasil" apareceu em dois jogos, contra o Santos na Arena pelo Brasileiro e contra o Cerro Porteno na Libertadores de 2018 - dois times fraquíssimos na ocasião. No mais, vitórias enganadoras contra um Internacional semi-amador e cruzamentos fáceis na Libertadores.

    Em resumo, sem o carisma, o Renato é um treinador na média do futebol brasileiro. Nem melhor, nem pior. A identificação com o Grêmio cria um ambiente favorável com o torcedor. Toda vez que ele chega, muda o astral. Mas futebol é ciclo, e o dele já deveria ter acabado ano passado, ao menos nesta passagem.

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  6. Muita boa análise, Vinnie, em especial, a questão do meio e a fixação num 9, situações que atrasam/atrasaram o time.
    Sobre preguiça/acomodação, só a Direção não vê ou se omite.

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