Páginas

sábado, 21 de dezembro de 2013

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (60) - Ano 1949

Batendo o Rolo Compressor
O Internacional infligiu ao nosso clube três períodos de longa escassez de títulos, especialmente quando o máximo que ambos vislumbravam era o campeonato gaúcho. Foram na década de 40, primeira metade da 50 e nos oito anos de 69 a 76. Dois esquadrões conhecidos como Rolo Compressor e o último, como  o time de Rubens Minelli.
A superioridade era tão marcante que do clássico 55 ao 109, Novembro de 38 a Setembro de 49, portanto, mais de uma década e cinquenta e cinco Grenais disputados, o Imortal ganhou apenas sete confrontos. Foi a fase do primeiro Rolo Compressor. Era muito difícil ser gremista nessa época. O Tricolor chegou a ficar dezesseis clássicos seguidos sem vencer, mas quando veio, a vitória foi para lavar a alma: Final de campeonato, título na casa do adversário, estádio lotado e comemoração com direito à passeata pela cidade.
Em 1949, o Tricolor formou um timaço que se manteve invicto no campeonato até a penúltima rodada, quando perdeu para o Renner, o que acendeu a dúvida, pois de 1940 a 1948, o Inter só perdera o de 46, justamente para o time da Baixada. O Grêmio entregaria o ouro na última rodada para o Coirmão?
A semana mostrou-se muito agitada e o domingo, 30 de Outubro, confirmou com a lotação máxima nos Eucaliptos, reduto vermelho, futura sede de grupos para a Copa do Mundo no ano seguinte. A renda chegou a Cr$ 260.887,00, recorde histórico em todos os tempos com ingressos vendidos antecipadamente. Super lotação que o Correio do Povo classificou como "incomensurável mole humana". Havia slogans de ambos os lados; Inter: "quem espera sempre alcança"; Grêmio: " o melhor da festa é esperar por ela". Compareceram ao clássico, o governador Walter Jobim, o prefeito Ildo Meneghetti e várias autoridades. Tudo estava preparado; o melhor juiz, Mr. Cecil John Barrick e os melhores times do certame.
O Grêmio surpreendeu na escalação, deixando no banco Teotônio e Hermes. Utilizou Sérgio Moacir; Clarel e Johni; Hugo, Ário e Danton; Paulista, Clori, Geada, Gita e Ariovaldo, também conhecido como Detefon. O Inter de Ivo; Nena e Ilmo; Maravilha, Viana e Ruaro; Tesourinha, Herculano, Adãozinho, Villalba e Carlitos.
Logo aos 5 minutos, Ariovaldo cabeceou e Ivo deu rebote, o centro-avante Geada (na foto, o terceiro agachado) não perdoou; empurrou a pelota para o fundo das redes. 1 a 0. O Inter passou a pressionar e Sérgio, o arqueiro tricolor passou a ser exigido. Não decepcionou, tornando-se o nome do clássico, eleito o melhor jogador em cancha.
Como em toda a conquista do Imortal há cenas dramáticas, aos 20 minutos do segundo tempo, conforme texto do Correio do Povo:"... Geada fez foul em Nena e este aplicou-lhe uma "gravata", seguida de um sopapo na nuca. Geada por sua vez, voltou e deu uma bofetada em Nena, no momento certo em que mister Barrick  virava-se e via o lance. Daí o ter sido unicamente o centro gremista expulso de campo, quando o zagueiro rubro deveria ter lhe feito companhia..."
Aí virou drama; faltava mais da metade do segundo tempo (imagino que foi uma sensação semelhante a que eu senti em 77, quando o Tricolor quebrou a hegemonia vermelha também pelo escore mínimo). O Grêmio se segurou, ganhou o Grenal e o título de campeão gaúcho.
A festa se estendeu pela cidade, especialmente na Getúlio Vargas, que deveria ser a "Goethe" da época.

5 comentários:

  1. Bruxo, a campanha do Tricolor no Citadino / 1949 foi essa:

    12 06 1949 Grêmio 3x2 São José
    26 06 1949 Grêmio 3x1 Cruzeiro
    03 07 1949 Grêmio 4x1 Nacional
    30 07 1949 Grêmio 2x1 Corinthians
    14 08 1949 Grêmio 2x1 Renner
    28 08 1949 Grêmio 1x1 Internacional
    14 09 1949 Grêmio 4x0 São José
    20 09 1949 Grêmio 4x1 Cruzeiro
    02 10 1949 Grêmio 2x0 Nacional
    16 10 1949 Grêmio 3x1 Corinthians
    23 10 1949 Grêmio 0x1 Renner
    30 10 1949 Grêmio 1x0 Internacional

    O Grêmio utilizou os seguintes jogadores:

    Alegretti
    Alvaro
    Ario
    Clarél
    Clori
    Danton
    Detefon (ele gostava de ser chamado assim, apesar de em algumas escalações encontrarmos ARIOVALDO)
    Geada
    Gita
    Hermes
    Hugo
    Joni
    Nélson Adams
    Paulista
    Sérgio Moacyr
    Sidnei
    Teotônio

    Realmente, esse time do Grêmio era muito bom


    Para entendermos o quanto o Rolo Compressor era forte, entre 1939 e 1952 o time teve os seguintes números:

    477 JOGOS
    319 VITÓRIAS
    86 EMPATES
    72 DERROTAS
    1.535 GOLS MARCADOS (Carlitos marcou 327 gols)
    720 GOLS SOFRIDOS

    Isso dá a dimensão das conquistas gremistas, tanto em 1946 como em 1949.

    ResponderExcluir
  2. Alvirubro!
    72 derrotas em 477; significa que em 85% das partidas, ele não foi vencido. Era f#da.

    ResponderExcluir
  3. Bruxo, sim! Foi isso mesmo. Como não passávamos a divisa de Santa Catarina, pouco se sabia do Rolo no resto do Brasil.
    Nesse período, Carlitos (327) e Tesourinha (179) marcaram juntos 506 gols. 1/3 dos gols do Rolo.

    Dá para entender que as conquistas do Grêmio, nesse período, foram gigantescas.

    ResponderExcluir
  4. Alvirubro!
    De qualquer forma, a Seleção de 50 tinha Tesourinha convocado desde 44; infelizmente se lesionou em 50, já integrante do Vasco; Chico, ex-Grêmio, também no Vasco e Adãozinho e Nena do Rolo; aliás, li que este último era muito melhor que Juvenal, o titular.

    ResponderExcluir
  5. Procurando o nome dos goleadores de 1949 encontrei alguns que não sei o nome completo:

    Huguinho
    Teotônio
    Carbonilla (Carbonelle seria o mesmo?)
    Ariovaldo (Ario seria o mesmo?)
    Clori
    Paulista

    Se essas enciclopédias vivas não souberem não sei a quem recorrer... Abraço!!

    ResponderExcluir