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sexta-feira, 14 de julho de 2017

Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (165) – Ano – 1981

Um Filme de Terror


Quem nunca assistiu pelo menos uma vez a um filme de terror? Experimentou intensa sensação de pavor, calafrios, desejo que aquelas cenas mais intensas de medo passassem logo e, lógico, o alívio no desfecho favorável, seguido de risadas nervosas e o relaxamento natural depois da tensão sofrida diante da tela?

Pois em 26 de Abril de 1981, o maior público registrado na história do Olímpico (oficialmente, quase 99 mil gremistas), viveu um “clássico filme de terror” com todas as emoções a que tinha direito. Um roer incessante de unhas; olhares incrédulos, corações palpitantes, palavrões à ponta da língua estiveram presentes. Ingredientes essenciais para um bom “thriller”.

 A partida de volta das semifinais do Brasileirão diante da Ponte Preta conteve todos os elementos deste gênero literário e cinematográfico. Um roteiro perfeito; uma sucessão de sustos e o indefectível final feliz para a Nação Tricolor.

Três dias antes, lá no Moisés Lucarelli na bela Campinas, o Grêmio garantiu uma vantagem importante, que se mostrou decisiva para a ida à final contra o São Paulo; bateu a Macaca por 3 a 2. Isso determinou que ele pudesse até perder pelo escore mínimo na volta em Porto Alegre.

Embora a qualidade da Ponte, na passava pela cabeça dos torcedores azuis um enredo que não privilegiasse apenas uma segunda vitória. Ledo e inquieto engano.

Maurílio José Santiago foi o árbitro e o mestre Ênio Andrade utilizou naquela tarde: Émerson Leão; Uchoa, Newmar, Hugo De Leon e Casemiro; China, Paulo Isidoro e Vilson Taddei; Tarciso, Baltazar e Renato Sá (Jurandir).  

A Ponte Preta veio com: Carlos; Édson, Juninho, Nenê e Odirlei; Zé Mário, Osvaldo e Humberto; Celso, Lola e Serginho. Um grande time recheado de jogadores da Seleção Brasileira.

A proposta de jogo de Ênio Andrade se revelou perigosa, isto é, esperar a Ponte para contra-atacar; resultado: Submetido a um sufoco em plena casa, só deu o clube campineiro na ofensiva.

Aos 13 minutos, Osvaldo subiu e cabeceou rente ao poste; aos 22, ele não perdoaria. Novamente, o camisa 8 subiu e testou livre no canto esquerdo de Leão. 0 a 1 e um silêncio terrificante nas arquibancadas.


Somente aos 34, o Grêmio ameaçaria a cidadela ponte-pretana num cruzamento de Uchoa que achou Newmar na área, o zagueiro testou para ótima defesa de Carlos; o primeiro tempo ficou nisso. 0 a 1, Ponte Preta.

Voltando mais ousado, o Tricolor criou uma série de chances com Paulo Isidoro e Baltazar, mas Carlos estava em grande dia e fez defesas espetaculares.

Como num bom filme do gênero, houve também o instante de maior tensão: Hugo De Leon tentou atrasar uma bola para o seu arqueiro, mas errou a jogada e a pelota “enforcada” quase encobriu Émerson Leão, que fez antológica defesa (vide foto) e livrou o Tricolor de uma possível desclassificação. Ali, a hora do grande goleiro. Leão recebeu de imediato, o abraço do uruguaio De Leon, reconhecendo a sua falha e a correção providencial do Camisa 1.

À partir dos 35 minutos, as equipes caíram de rendimento, extenuadas, foram se submetendo à escravidão do relógio, do tempo, que conforme a ótica dos contendores, possuía velocidade de coelho ou de tartaruga.

Até o derradeiro apito do árbitro, o grito de desafogo ficou retido na garganta em todo o Rio Grande, em especial, naquele gigante de cimento e ferro, mas cheio de vida, que pulsava tanto que as arquibancadas se mexiam.

A derrota em campo nesta película de terror  foi exorcizada pela classificação inédita do Tricolor para participar da Libertadores da América e, lógico, a passagem para a final diante do São Paulo, outro capítulo à parte na história vencedora do Imortal.

Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro

Segue vídeo com o gol e depoimentos dos atores dessa grande jornada:




14 comentários:

  1. No ano de 1981 o Grêmio, em jogos oficiais, teve o seguinte desempenho:

    Aproveitamento 68,93% (*)

    59 jogos
    36 vitórias do Grêmio 61,02%
    14 empates 23,73%
    09 derrotas 15,25%
    95 gols marcados pelo Grêmio 1,61 por jogo
    38 gols marcados pelos adversários 0,64 por jogo

    (*) Considerados 3 pontos por vitória e 1 ponto por empate.
    _______________________________________________________________

    Em amistosos e torneios de caráter não oficial, o desempenho Tricolor foi muito bom:

    Aproveitamento 85,71%

    14 jogos
    11 vitórias do Grêmio 78,57%
    03 empates 21,43%
    37 gols marcados pelo Grêmio 2,64 por jogo
    09 gols marcados pelos adversários 0,64 por jogo
    _______________________________________________________________

    No Brasileiro de 1981, o Grêmio teve o seguinte desempenho:

    Aproveitamento 63,77% (*)

    23 jogos
    14 vitórias do Grêmio 60,87%
    02 empates 8,70%
    07 derrotas 30,43%
    32 gols marcados pelo Grêmio 1,39 por jogo
    21 gols marcados pelos adversários 0,91 por jogo

    (*) Considerados 3 pontos por vitória e 1 ponto por empate.
    _______________________________________________________________

    Seleção da Bola de Prata de 1981:

    Goleiro: Benitez (Internacional)
    Lateral-direito: Perivaldo (Botafogo)
    Zagueiros: Moisés (Bangu) e Darío Pereyra (São Paulo)
    Lateral-esquerdo: Marinho Chagas (São Paulo)
    Volante: Zé Mário (Ponte Preta)
    Meias: Elói (Inter de Limeira) e Paulo Isidoro (Grêmio)
    Atacantes: Paulo César (São Paulo), Roberto Dinamite (Vasco) e Mário Sérgio (Internacional)

    Bola de Ouro: Paulo Isidoro (Grêmio)

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    1. Alvirubro
      Paulo Isidoro desequilibrou este campeonato; se formos ver os gols nas etapas finais, ele foi decisivo, o passe de calcanhar para o Héber em Fortaleza, os gols contra a Ponte em Campinas, a (verdadeira) decisão em 30/04, quinta-feira com os gols da virada. O início da jogada para o gol do Baltazar no Morumbi.

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    2. Nunes era o centro-avante para a Copa do Mundo de 82, infelizmente, lesionou-se.

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    3. 9 derrotas em uma ano? É isso?

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    4. Sim, Bruxo, apenas 9 derrotas ano de 1981

      73 jogos
      47 vitórias do Grêmio 64,38%
      17 empates 23,29%
      09 derrotas 12,33%
      132 gols marcados pelo Grêmio 1,81 por jogo
      47 gols marcados pelos adversários 0,64 por jogo

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    5. Curiosamente, onde ele perdeu 7, ganhou o título, sobraram 2 derrotas para os outros campeonatos e ele não levou o caneco.

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  2. Faltou o Nunes, Bola de Prata de Artilheiro.

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  3. Alvirubro
    Certas derrotas são emblemáticas para a mudança de curso; um jogo fundamental para o Tricolor corrigir o rumo foi a goleada 0 a 3 no Morumbi, 3 gols de Serginho. Ali, o Grêmio começou a ganhar o Brasileirão. Depois dessa pegou o clube do Morumbi mais três vezes, três vitórias.
    Houve mudança de fotografia do time à partir daquela derrota.

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  4. Não consegui o vídeo da defesa monstruosa do Leão (da foto). Alguém tem?

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  5. Alvirubro, certa vez num post sobre treinadores, destes estes números:
    Luiz Felipe Scolari 373
    Oswaldo Rolla 371
    Telêmaco Frazão de Lima 360
    Carlos Frôner 317
    Sérgio Moacyr 247.

    Alvirubro, tens os números deles (dias e anos no cargo) do Carlos Frôner e do Sérgio Moacyr? Gracias. Carlos.

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  6. Alvirubro, tem também os números do Daltro Menezes, Milton Kuelle e Cláudio Garcia? Gracias. Carlos.

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  7. Quais foram os 6 jogos do Roger em 2013? 2 foram na Libertadores e os outros? Gracias. Carlos.

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  8. Enquanto Ênio Andrade e Leão minimizaram a derrota, De León, que teve alguns momentos de instabilidade na partida, disse aos jornais o seguinte (conforme Jornal do Brasil):

    "Não fiquei contente com a nossa produção em campo. Sofremos grande pressão da Ponte em pleno (sic) Olímpico e o Grêmio é muito grande para sofrer esse tipo de pressão de qualquer equipe do país".

    Como era o líder do time, provavelmente a derrota e a pressão impostas pela Ponte foram usadas internamente por De León e por outros para cobrar atitude diferente nas finais. Deu certo.

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  9. Rafael
    O Grêmio a exemplo do Inter de 2006, possuía vários líderes: Vantuir (banco), Leão, China, Vilson Tadei, mas especialmente, Hugo De León, que era "um velho" com 23 anos.

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