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domingo, 23 de julho de 2017

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (166) – Ano – 1961

O Grenal do Papai Noel Azul

Foto: Zero Hora

1961 chegou cheio de novidades para o Brasil, Jânio Quadros no final de Janeiro assumiu a presidência do país consagrado pela maior votação registrada na história nacional; mais de 5 milhões de votos, uma confiança que foi abalada em 25 de Agosto, quando renunciou, deixando a nação boquiaberta e suscetível a tentativa de golpe à ordem democrática, quando forças reacionárias buscaram evitar a posse de João Goulart, o vice eleito pelo voto popular.

Jango resistiu, venceu inclusive o engenhoso plebiscito, onde os brasileiros confirmaram a manutenção do presidencialismo ante a hipótese de parlamentarismo, mas não concluiu o seu mandato apeado que foi por um golpe que ceifou a democracia brasileira três anos depois.

No final do ano, aqui no Rio Grande, ainda tangido pelo evento da Legalidade, o Internacional interrompeu a sequência de títulos do Grêmio, evitando o hexa do clube da Azenha, ganhando o Gauchão, que seria o único em treze edições (1956-1968).

Programou uma carreata “monstro” para comemorar o feito, mas isso só ocorreria após o Grenal da última rodada, o de nº 157, que seria jogado em 10 de Dezembro em seu estádio, os Eucaliptos (Ildo Meneghetti). Fecharia a tampa do caixão daquele ano.

O técnico Sérgio Moacir Torres Nunes escalou o flamante campeão regional com: Silveira; Zangão, Ari Hercílio, Kim e Ezequiel; Cláudio e Oswaldinho; Sapiranga, Alfeu, Paulo Vechio e Gilberto. Sérgio Lopes entrou no lugar de Cláudio e Cestari substituiu o arqueiro Silveira.

Ennio Rodrigues sem Gessy, lesionado, utilizou em todo o jogo: Irno; Altemir, Airton, Ortunho e Mourão; Elton (Nadir) e Milton Kuelle; Cardoso, Marino, Juarez e Vieira.

O argentino Omar Rodriguez de péssima arbitragem comandou o apito e como era de se esperar, o estádio lotou.

O primeiro tempo foi equilibrado com duas grandes defesas de Irno, o estreante da tarde. O Grêmio respondeu com um lançamento de Nadir (que ingressou cedo, após lesão de Elton aos 15 minutos) para Marino que achou Juarez na área, o “Tanque” arrematou, vencendo Silveira, porém, o juiz anulou o tento, alegando impedimento de Marino.

Silveira também fez grande intervenção em conclusão de Marino.

O primeiro tempo encerrou com o placar zerado.

Logo aos dois minutos, Alfeu Martha de Freitas, irmão de Alcindo e do zagueiro Kim, acertou uma “bomba” da entrada da área, inaugurando o placar. 1 a 0.

Aos 5, Ezequiel põe a mão na bola na grande área, pênalti que Omar Rodriguez não assinala.

Em seguida, o juiz expulsou Altemir, quando se imaginava ser Ortunho o excluído. Mais um equívoco da arbitragem.

Aos 20, Irno e Ortunho “bateram cabeça”  na área e Alfeu, sempre esperto, empurrou para as redes. 2 a 0 num clássico com a faixa no peito e o Grêmio com um a menos; melhor era impossível.

Nadir aos 24 minutos acerta uma cobrança de falta com a pelota batendo em Ezequiel na barreira numerosa que prejudicou o arqueiro colorado. 1 x 2.

Os minutos finais foram os mais emocionantes, pois aos 40, Nadir, o grande nome do clássico, levanta a bola para a área rubra, encontrando Marino que cabeceou e empatou o Grenal. 2 a 2.

Aos 45 minutos vem a virada gremista; Cardoso e Milton tabelaram, o ponta cruzou, Silveira hesitou, Juarez não, cabeceou com o arco abandonado e vazio. 3 a 2. Silveira no chão, desmaiou e o reserva Cestari atuou nos acréscimos.

Uma virada histórica, fantástica, semelhante a de Agosto de 1944, um 0 a 3 para 4 a 3. Vide A Estupenda virada sobre o Rolo Compressor

Fim de jogo e o Rio Grande conhece um personagem definitivo de sua história: Um jovem de apenas 22 anos ingressa ao gramado todo vestido de Papai Noel com o seguinte detalhe: O simpático “velhinho” substituiu o encarnado tradicional da indumentária pelo azul celeste do Imortal, foto acima.

Paulo Santana estreia na vida dos Grenais de uma forma inigualável e marcante.

O mais importante cronista gaúcho nos deixou esta semana, mas será sempre lembrado como o mais ilustre e vibrante gremista. Claro! Não apenas por isso.

“Ser gremista é o sonho delirante de não conseguir na vida ser uma outra coisa”. Paulo Santana

Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
            Correio do Povo










8 comentários:

  1. Não sabia destes detalhes do famoso Grenal de 3 a 2, do Papai Noel azul. Na época era criança, morava no interior, não havia televisão.
    Esse arquivo do Alvirubro é muito bom.

    Quanto ao post anterior, acho que o Renato substituirá o Barrios pelo Éverton, que tem sido seu substituto. E vamos ganhar!

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  2. Nelson
    Eu também fui conhecer a história há uns 10 anos mais ou menos, ouvia falar do Papai Noel Azul, mas não conhecia o autor do feito. Eu tinha 2 anos em 61.
    O Alvirubro, seu arquivo é "assustador", ele precisa publicar o material; só que não tem como condensar em uma só publicação. Usar o termo enciclopédia para definir o que ele tem de pesquisa, não é exagero.
    Que bom que temos boas alternativas para o lugar de Barrios. Éverton é uma delas.

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  3. Que bela postagem, parabéns.
    Na foto acima tbm observei o detalhe de um negro sorridente vestindo a camisa tricolor. E tem imbecil que vem falar que o clube é racista.

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    1. Obrigado, Carlos
      Todos os clubes, talvez o Bangu e Vasco da Gama como exceções, tem/tiveram momentos de intolerância; infelizmente.

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  4. Bruxo, apenas esclarecendo sobre a afirmação "O primeiro tempo foi equilibrado com duas grandes defesas de Irno, o estreante da tarde."
    A referência à estreia de IRNO, como goleiro Tricolor, diz respeito ao clássico GRENAL. Realmente foi o primeiro GRENAL do goleiro IRNO.

    IRNO foi contratado, junto ao SANTOS FC, em Julho de 1961 e jogou pela primeira vez, no Tricolor, em 30.07.1961 - Grêmio 2x2 FBC Rio-Grandense, de Rio Grande, jogo válido pelo Gauchão.

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  5. Dois assuntos:

    1. Não é de hoje que árbitros prejudicam o imortal, 1961, 1969, 1982, 2002;

    2. Esse Irno é o mesmo que jogou no São Paulo? Tens os números dele pelo Grêmio?

    Carlos-SC.

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  6. Não tenho certeza mas acho que esse foi meu primeiro grenal. Lembro dos gremistas fazendo uma grande batucada descendo a rua Dona Augusta. O Grêmio ganhou e foi um Sr gremista que me levou ao estádio. Com todo o respeito sai acompanhando aquele cortejo dos vitoriosos. Lembro que jogava o Juarez. Eu era um garoto iniciando a ser colorado e não havia Beatles nem Rolling Stones nem Roberto Carlos. Mas o futebol já era uma paixão.

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