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sábado, 13 de fevereiro de 2021

Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (246) - Ano - 1990

O Mago 

Fonte: Jornal Zero Hora

Entre a torcida gremista, havia uma pequeníssima parcela (mas, barulhenta) que achava que treinador de "fora" não servia ao Tricolor, porque alterava o "dna" do time, contrariando a tradição do clube.

Nunca partilhei desse sentimento, especialmente porque foi um mineiro (Telê Santana) quem quebrou o maior jejum de títulos da centenária história do Grêmio.

Além de Telê, há o ex-craque do Flamengo, Barcelona e Real Madrid, Evaristo, que não foi bicampeão mundial (58 e 62), porque a CBF tinha como critério convocar apenas atletas que jogavam no país para representá-la nas Copas do Mundo. Em 1970, Manga, o maior goleiro brasileiro, também ficou de fora, pois estava no Nacional do Uruguai.

Evaristo era inteligentíssimo. O carioca de bem com a vida que sabia cobrar sem gritar ou fazer ameaças. Dizia-se que era o único técnico brasileiro que tinha autorização para ligar para o telefone pessoal do sheik do Catar, tamanho era o seu prestígio no mundo árabe.

Conseguia extrair o máximo de elencos modestos ou de qualidade mediana como foi o caso do Bahia, campeão brasileiro em 1988 ou na partida final da Copa do Brasil de 1997, em que o Tricolor ganhou o seu terceiro título com uma equipe remendada, causada por lesões e cartões amarelos. Foi para o Maracanã como autêntico azarão, dark horse e saiu com a taça.

Em 1990, sua primeira passagem pelo Imortal, ele pegou um elenco sem grandes estrelas e fez uma campanha brilhante no Brasileiro: em 23 jogos, fez pontuação inferior apenas ao campeão, Corinthians, que teve dois jogos a mais, os da final (32 pontos contra 29). Até a semifinal tinha a melhor campanha, mais pontos, maior número de vitórias, melhor ataque da competição, um gol a mais do que as defesas menos vazadas, maior saldo de gols. Era, em tese, o melhor time do certame.

Aí, o detalhe entrou em campo: no jogo de ida da semifinal, Evaristo perdeu o seu principal zagueiro (João Marcelo) e um menino vindo do Pelotas teve a incumbência de marcar Raí. Ele não foi bem e o resultado foi 2 a 0. Ambos os gols dele, Raí, além da não marcação de uma penalidade escandalosa no lateral Alfinete, o que alteraria o rumo daquele embate.

Na volta, o São Paulo de Telê, segurou o resultado que foi de 1 a 0 para o Imortal, gol de Maurício. E assim, o maior destaque da competição, o de melhores números, ficou de fora da decisão.

Evaristo era tão bom treinador que esse elenco de 1990 era o mesmo no ano seguinte e sem ele na casamata, o Grêmio foi de melhor time do Brasileirão para o seu primeiro rebaixamento.

No dia 08 de Dezembro, um Sábado, o Tricolor teve a difícil missão de reverter a situação de 0 a 2 do primeiro confronto.

Evaristo naquela tarde utilizou: Sidmar; Alfinete, João Marcelo, Vílson e Hélcio (Biro Biro); João Antônio, Donizete e Wolney Caio; Maurício, Nílson (Darci) e Assis.

Telê Santana mandou a campo: Zetti; Cafu, Antônio Carlos, Ivan e Leonardo; Bernardo, Flávio e Raí; Alcindo (Ronaldão), Eliel e Elivélton.

Enfrentando um adversário mais qualificado e bem treinado, o Grêmio teve dificuldades na parte ofensiva, tendo no centro avante Nílson, a figura mais apagada, tanto que no intervalo, ele foi substituído por Darci, passando Maurício para o comando do ataque.

A troca deu resultado logo aos três minutos, quando Caio lançou Maurício, o camisa 7 avançou, driblou o arqueiro e de pé esquerdo marcou o 1 a 0. As esperanças renasciam para a maioria dos 40 mil torcedores no Olímpico.

Com poucas chances, o Tricolor do Sul teve contra si, um incidente nas arquibancadas, quando alguém gritou "vai cair", gerando um tumulto, onde treze pessoas saíram feridas, alterando o ritmo da partida.

Incrivelmente, o juiz Wilson Carlos do Santos não concedeu um minuto sequer de acréscimo, o que, junto a uma suposta sonegação de penalidade no final da partida em Maurício, aumentou a ira gremista após o trilar do apito final, tendo o goleiro Sidmar peitado o juiz, sendo contido pelos policiais.

Assim, em pequenos detalhes nos dois jogos de sua semifinal, o Grêmio de Evaristo de Macedo, assistiu a decisão entre Corinthians e São Paulo com a sensação que a conquista do certame nacional lhe escapara por pouco.

Seguem os melhores momentos:




Fontes:     Arquivo pessoal do amigo Alvirubro   
                 Wikipedia
                  Jornal Zero Hora

                    
 
        



 


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