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sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (273) - Ano - 1970

Os Heróis do Tri 


Na década de 60 e até o meio da seguinte, havia uma grande diversão para quem gostasse de futebol, o jogo de botão com a foto dos atletas. Na verdade, apenas os 4 grandes de São Paulo e do  Rio de Janeiro, os outros, apenas o escudo do clube.

Quando o Brasil se sagrou tri campeão mundial no México em 1970, a fábrica dos botões teve que providenciar fotos para três titulares que eram de Minas ou Rio Grande, assim, o elenco de 70 ganhou as presenças de Wilson Piazza, Everaldo e Tostão. Notem que o tipo de letra deste trio é diferente dos demais.

Pois bem, apenas uma única vez, esses atletas se encontraram numa partida, depois do êxito do tri. Ocorreu numa noite no Olímpico, mais exatamente, 18 de Novembro. Quase foram quatro, o zagueiro Brito, que brigara com o técnico do Flamengo e fora emprestado ao clube mineiro, viajou até Porto Alegre, mas não se recuperou de lesão, assim,  ficando de fora.

Carlos Froner escalou o Imortal com: Arlindo; Espinosa, Di, Beto Bacamarte e Everaldo; Jadir e Gaspar; Flecha (Volmir aos 56 minutos), Caio (Paíca aos 87 min), Alcindo e Loivo.

Ilton Chaves contou com: Raul; Lauro, Mário Tito, Wilson Piazza e Vanderlei; Zé Carlos e Dirceu Lopes; Natal, Evaldo (João Ribeiro aos 85 min), Tostão e Rodrigues (Toninho aos 62 min).

O  Tricolor entrou amassando o adversário, fazendo com que Raul Plassmann praticasse quatro defesas até os 10 minutos iniciais. 

O Cruzeiro respondeu rápido e em duas oportunidades esteve a ponto de abrir o marcador, na primeira Beto salvou, na segunda, em chute do zagueiro Mário Tito, Arlindo fez ótima defesa.

Aos 21, um vacilo defensivo dos visitantes, Alcindo aproveitou e venceu o arqueiro cruzeirense. 1 a 0. O Bugre, quatro minutos passados, ao ser "caçado" por Lauro, revidou com um cotovelaço, sendo expulso pelo juiz José Aldo Pereira.

Com dez em campo, o Grêmio ainda assim, não se intimidou;  Everaldo fez excelente movimento ofensivo, exigindo nova defesa de Raul.

Dirceu Lopes, o craque cortado à última hora para a Copa (o mesmo ocorrido com Zé Carlos), acertou um chute no poste. Em seguida, nova jogada de Everaldo pela esquerda e por pouco, Piazza não marca contra.

Início de etapa final, Everaldo em grande exibição, lança Gaspar que é derrubado dentro da área: pênalti que Caio cobra com perfeição. 2 a 0 no primeiro minuto, após o intervalo.

Aos 10 minutos, finalmente aparece a qualidade do trio Zé Carlos, Dirceu Lopes e Tostão; logo, a chance de gol chegou, quando Rodrigues superou o lateral Valdir Espinosa, que cometeu penalidade máxima. Tostão executou a cobrança, batendo de pé esquerdo no canto esquerdo do arco gremista; Arlindo caiu certo e fez estupenda defesa; deu rebote, mas Di estava atento e espantou o perigo.

Para neutralizar o domínio do Cruzeiro, Froner colocou Volmir no lugar de Flecha e deu certo.  O Maçaroca chegou ao fundo, cruzou, Caio fez o corta luz e Jadir arrematou com raiva; Raul chegou a tocar na bola, mas não evitou o terceiro tento gremista. Virava assim, uma goleada. 3 a 0.

Aos 37, João Ribeiro, o "João Coragem", descontou, após, boa jogada de Natal. 3 a 1.

Uma vitória importante num jogo único, ou seja, aquele que reuniu três  titulares do tri campeonato mundial, sem a participação de clubes do eixo Rio-São Paulo.

Fonte: Foto do arquivo pessoal do amigo Alvirubro

            Arquivo Histórico de Santa Maria

            Jornal Correio do Povo

            Site: gremiopedia.com




4 comentários:

  1. Bruxo, resumiste em poucas linhas um dos melhores divertimentos da nossa geração.
    Tardes e mais tardes de sábados, domingos e feriados reunidos com irmãos, primos e amigos, ao redor de mesas, jogando.
    Época da Revista Placar semanal, quando corríamos para comprá-la nas bancas, sempre em busca das "últimas informações".
    O Tabelão, com as fichas dos jogos de diversos campeonatos e os escudinhos, para recortar e montar mais um time inédito.
    Como diz parte de uma letra de música ..."velhos tempos, belos dias"....
    ...............................................

    Lembro de algumas matérias, na década de 70, quando a Placar mostrou a "Guerra dos Botões", cuja discussão estava centrada no uso da "bola": a de feltro, redondinha, que rolava "nos campos" ou a achatada, um botãozinho em forma de disco.
    Essa "briga" começou porque no Paraná e no Rio Grande do Sul, dois polos do futebol de mesa, a "bolinha" tipo disco, achatada, era mais usada.
    Na Bahia, outro polo do jogo de botão de mesa, a bolinha era redonda e de feltro.
    A discussão chegou a envolver ministros, cantores, compositores, comediantes, todos envolvidos nesse divertimento. Ou seja, a brincadeira de final-de-semana era levada muito a sério.
    Grande lembrança, a tua.

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  2. Alvirubro
    Lembro destas discussões; inclusive, no "toss", o vencedor escolhia que tipo de bola ia ser usada; dependendo, os "treinadores" trocavam as escalações. Santa imaginação. bruxo.

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  3. É, muita bola já rolou nos campinhos de feltro. Tinha desses da fota. Meu sonho de consumo eram os botões de cera, lembras? Porém, eram caros. Como todo brasileiro, arranjei um jeito de imitá-los. Pegava as forminhas de doces da mãe, tampinhas de garrafas e derretia plásticos nelas. Passava uma lima, lixava com lixas finas até ficarem totalmente lisos e regulares, passava talco e pronto, lá estavam os meus botões de "cera". kkkk.
    Tempo bom.

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  4. Muito boa lembrança, Arih.
    Meu irmão era mestre em fazer os seus próprios botões, conforme a tua descrição. Abraços

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