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quinta-feira, 2 de março de 2023

Opinião




O Lado Perverso da Parceria 


De repente (e foi realmente assim), o centenário clube emerge da Série B com modestas expectativas para o ano seguinte "no lugar de onde nunca deveria ter saído". Sua torcida apaixonada, de forma idêntica, quase resignada, apenas espera títulos modestos e boas campanhas em certames maiores. E aí entra o "de repente"; a nova Direção se mostra arrojada, encontra torcedores "abnegados", cheios de grana e o milagre acontece: um astro de primeira grandeza aceita vestir o manto do clube. 

Os torcedores cheios de grana trazem os atletas escolhidos a dedo pelo treinador que, desta vez, poderá ter todo um elenco "para chamar de seu". Com isso, a torcida se assanha; dá rápida resposta financeira, tudo parece um conto de fadas. No entanto, olhando bem, os torcedores cheios de grana não são mecenas, são investidores (e que bom que eles existam) e por essa lógica, eles querem seus jogadores entre os titulares. 

Com frases certeiras atingem de morte a independência do técnico. Mesmo sem métodos mafiosos, talvez, apenas com as tais frases certeiras e calculadas, sentenciam: - Veja bem! você me pediu o cara, ele veio, então, tem que jogar.

O treinador olha, mede as palavras, lembra que esses investidores que trouxeram atletas menos salientes são os mesmos que viabilizaram o extra classe incontestável e ... cede. Foi-se a sua propalada autonomia na casamata e no vestiário.

O volante de melhor desempenho tem que assistir do banco os novos à sua frente na preferência do comandante técnico e as experiências que poderiam dar alternativas ao setor que atuam ficam "sonegadas", porque se derem certo, viram solução para o time, mas um problemaço para o técnico e investidores. Melhor não!

 Deixa assim.


12 comentários:

  1. Teu texto suscitou um pequeno desafio:
    - o que vale mais?
    Uma SAF, gerida por um grande empresário, com o poder de mudar até a história de um clube ou os "abnegados investidores" que emprestam seu dinheiro a troco de "nada", só pelo amor à camiseta?
    Já me perguntei muito e já conclui outro tanto.

    Aqui no RS até discursam que a Dupla não dará esse gosto às SAFs.
    Talvez seja verdade. Porém, os dois andam atrás de mecenas que invistam seus milhões, sem pedir nada em troca.
    E os torcedores, sempre ligados emocionalmente aos clubes, acreditam.

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    1. Alvi. Eu sou contra a S.A.F. Em todos os sentidos. Porque como em qualquer negócio (não que o futebol já não seja um) se o gestor não obtiver lucro, ele fecha as portas. Simples assim. E enquanto forem clubes, aquele velho saudosismo ainda existirá. Esse modelo aí só funciona em clubes que não tem torcida.

      Ah, mas e o Cruzeiro? O Vasco? Entre outros... vamos esperar até onde vai essa visão "empreendedora" dos donos desses clubes. Arrisco dizer, mas só porque sou paranoico que a Copa do Brasil está arranjada para o Cruzeiro. Para que pouco a pouco o Ronaldo recupere o seu rico dinheirinho investido. É esperar para ver. Que isso seja apenas uma paranoia mesmo.

      Rodrigo.

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    2. Rodrigo, também não gosto desse modelo das SAFs. E espero que a Dupla não caia nesse discurso da facilidade de recursos. Embora saiba que o modelo atual também não ajuda em nada os dois clubes gaúchos. De qualquer forma, se encontrar um investidor que tenha alguma tendência pela cor da camiseta do clube ainda é uma solução para contratar bons jogadores, que assim seja feito. O problema maior é tentar entender até que ponto o clube ficará refém das vontades de quem investiu uma graninha, pensando no retorno financeiro. Tomara que isso seja apenas a visão de torcedores e que na realidade não exista nenhum tipo de pressão para escalar a, b ou c.

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    3. Alvi
      Por enquanto, ninguém me convenceu das vantagens de uma SAF.

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  2. Uma coisa é certa, Bruxo. Nenhum investidor investe dinheiro querendo perder. Ninguém é bobo. Ou será que alguém é tão cego de não perceber isso, pois em todas as recentes apresentações vistas por aqui, dentro do Grêmio, os caras estavam usando até o boné do arrozeiro... Então, está tudo certo! Afinal, muitos diziam e reclamavam num passado recente e ainda dizem e reclamam hoje que o Renato é quem manda e desmanda no Grêmio. Não é... Nunca foi. O que ele teve, por muito tempo, foi o grupo na mão. E por alguma razão ele deixou de ter, e aí foi aquele Deus nos acuda. Enfim.

    O que vejo agora é o treinador tentando forjar um grupo. Uma irmandade. Fazendo essa mescla, principalmente no setor da meia cancha. Para que todos saiam ganhando. O Grêmio e os seus "mecenas". As primeiras amostras são positivas. O clássico, de repente, poderá dizer mais. Não nos esqueçamos de que será o Vuaden o apitador. E sabemos que esse cara é um desastre para nós.

    Rodrigo.

    Por essa razão que parei de questionar os motivos ou as razões do Renato não escalar o Villa. E outra: nesse raciocínio de que são os "mecenas" os "responsáveis indiretos" pelas escalações, a chance deles se queimarem, também é real caso os jogadores não correspondam. Logo, no mínimo, devem dividir a responsabilidade. Só que sabemos que não é isso que acontece. O torcedor, geralmente, ataca somente o técnico.

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  3. Rodrigo! Desta vez, o Grêmio precisa passar pelo retrospecto do Vuaden.

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  4. Mas e os USD $4,5 milhões do Villassanti também não vieram de investidor?

    Ainda no campo da especulação, o Suarez, por tudo que representa, tem muita moral. Esse jogador do Nacional é bruxo dele. Deixar o cara no banco pode gerar um certo desconforto das lideranças. Então não é só o Pepê o entrave. O outro também é apaniguado.

    Muito critiquei o Villassanti, e ainda acho que ele tem limitações com a bola, mas nessa mecanica de jogo da equipe, ele sem duvida foi o volante que deu a melhor resposta do ano passado pra cá . Em 2021 afundou com o resto do time. O Carballo me parece tímido ainda.

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  5. Vinnie
    Estou para dizer que o Carballo funcionaria como segundo volante.

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  6. Segundo disseram na época de contratação, foi onde ele mais se destacou no Nacional, como segundo. Ajudando ofensivamente.

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  7. E parece ter uma boa chegada ofensiva com arremates e acertos de passes.

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  8. O assunto é polêmico por trazer para o primeiro plano aquilo que o torcedor gostaria que ficasse em segundo.
    Seja num clube tradicional, seja nas novas modalidades, sempre houve e haverá terceiros. Antes era o diretor, o olheiro preferido, o amigo do amigo, … . Hoje é o investidor, o patrocinador, o proprietário, o “negócio”, … . Há uma gama extensa de influenciadores que até a imprensa deseja participar, até os torcedores (e “organizadas”) querem se impor, por vezes com recursos que não sejam somente a injeção de valores capacitantes.
    De qualquer modo o futebol transpôs fases e continua apaixonante, identificatório e “enigmático”.
    Não me importo muito com este lado. Minha tristeza se concentra na corrupção, lavagem de dinheiro, nas falcatruas que ocorrem de baixo dos nossos olhos, incluindo as quatro linhas, e não enxergamos, por vezes porque nem queremos.
    Como disse o Glaucio em outro comentário, ali e somente ali, por um momento, … .
    Ainda sou um torcedor, tenho procurado ficar a margem, mas o efeito Luisito me pegou desprevenido. Viva o tio do arroz.
    Arih

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  9. Sem dúvida, Arih, essa mutação do futebol é compreensível, mas como tu disseste, a tristeza é a corrupção, lavagem de ...

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