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sexta-feira, 28 de abril de 2023

Opinião




A Escassez de Treinadores Brasileiros

A minha esposa é colorada, mas não é fanática, sequer acompanha com regularidade as notícias do seu clube, apenas ouve "por tabela" o Repórter Esportivo, Rádio Guaíba, que é o que eu ouço diariamente, quando chego do trabalho, fazendo um lanche.

E ela me surpreendeu com uma frase, um dias desses: o Cuca (Corinthians) e o Dorival Jr. (São Paulo), de novo? essa observação veio ao encontro do que penso sobre o baixo nível, a escassez de oferta de "mão-de-obra" de comandantes técnicos no (e para) mercado brasileiro.

Ela tem razão: Cuca, Dorival Jr, Mano Menezes, Rogério Ceni. Estes e apenas estes, os que ficam orbitando ao redor dos clubes grandes, sem trabalhos continuados. Ganham num clube, noutro afundam rapidamente. Quem mais? Renato? mas ele só funciona no Grêmio. Não existe uma nova safra de qualidade; uns ameaçam ser, casos de Jair Ventura, Roger Machado e Maurício Barbieri. Agora surgiu Fernando Diniz, porém, de prático, de concreto, o que se tem dele?

Por essas e outras é que aparecem na mídia nomes estapafúrdios como Celso Roth, Vanderlei Luxemburgo, Hélio dos Anjos, etc... completamente desvirtuados da época que vivemos no futebol.

Por tudo isso, eu bati na tecla de um técnico estrangeiro para o Grêmio. Esclareço: não quero a saída de Renato. A ideia era para começar uma temporada, um trabalho.

Alguém poderá dizer: o que fizeram Vitor Pereira, Dudamel, Paulo Souza e outros. Bom, aí entra a história que citei do "vinho de colônia"; isto é, depende da qualidade. Hoje, esse quesito  pesa favoravelmente para os treinadores estrangeiros. 

Ainda utilizando o exemplo dos vinhos: peguem os melhores chilenos e comparem como os melhores nacionais. Quais serão os eleitos? Puxem para futebol, o mercado brasileiro que tem no topo, Cuca, Dorival Jr, Mano, Rogério Ceni, Vagner Mancini, na comparação com Jorge Jesus, Abel Ferreira, Sampaoli, Vojvoda e até Pezzolano (ex-Cruzeiro), perde feio.

Os brasileiros estão defasados, com certeza, e os clubes que perceberem isso antes, serão os que  vão levantar taças nos próximos anos.

2 comentários:

  1. Uma palavra, na minha opinião, define o momento brasileiro de técnicos de futebol: coragem!
    Explico:
    falta coragem às direções de clubes para investir em técnicos novos. Ainda que não estejam totalmente testados em grandes clubes.
    Há inúmeros exemplos de trabalhos bem feitos, com mão de obra prá lá de escassa. O Ypiranga e o Caxias são clubes que apostaram em desconhecidos dos grandes clubes e tiveram o trabalho recompensado.
    Thiago Carpini, do Agua Santa-SP, seria capaz de fazer um trabalho muito abaixo do que mostrou no vice-campeão paulista de 2023?
    Os citados, com a qualidade de um elenco melhorado, não dariam uma resposta satisfatória, na Dupla Grenal, por exemplo?
    A coragem de enfrentar o torcedor que reclama de tudo e de todos é a tônica. Imagine dispensar um Mano Menezes ou um Renato Portaluppi para dar lugar a um Luizinho Vieira ou um Thiago Carvalho? Impensável!
    Agora, o Corinthians anda atrás de Mano Menezes, porque a pressão do torcedor não aceita um técnico emergente. Quer alguém que domine o vestiário e tenha alguma história capaz de suportar o peso da camiseta.
    O Flamengo, todo poderoso, cheio de títulos e dinheiro, teve que apostar em Sampaoli, sob pena de ver a raiva de seu torcedor entrar dentro do estádio.
    E aqui prá nós, Sampaoli é mais técnico do que o português que se foi? Não sei! Ou faltou gestão de grupo para conter a onda de vaidades que entrou no vestiário rubro-negro?
    O gênio Barcellos, presidente do Internacional, que chegou para quebrar o domínio do Mig de Fernando Carvalho, investiu em técnicos nada recomendáveis e afundou o clube em mais dívidas, pagando pelo fujão Coudet, demitindo Abel Braga, contratando Miguel Ramirez, Diego Aguirre e Alexander Medina, numa aventura para achar o técnico ideial.
    Acabou por estabilizar o time com um técnico que estava parado, cuidando de sua fazenda e sua criação de gado.
    O Grêmio, em 2021, demitiu Renato Portaluppi e testou Tiago Nunes, Scolari, Vagner Mancini, Roger Machado. Voltou a ter Portaluppi, capaz de resolver os problemas internos do vestiário.
    Bueno, como bem escreveste, restaram poucos nomes no horizonte. Em algum momento um gigante brasileiro terá de apostar em nomes menos inflados.
    Resta saber se haverá coragem para enfrentar a massa furiosa, que não aceita ser vice. No Brasil, o futebol só é vitorioso se a taça aparecer na prateleira. E assim vamos queimando bons trabalhos.

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  2. Alvirubro
    Além de coragem, o dirigente tem que ter conhecimento e comprometimento com o clube. Priorizar a instituição. Os exemplos de 2021 estão bem presentes no Grêmio: caiu, porque escolheu o "jovem" errado para a casamata e trouxe o "veterano" mais errado ainda, para a vice direção, resultado? rebaixamento com as contas em dia. Incrível.

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