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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Opinião




A Magia de ser Grêmio 

Com a escassez de notícias concretas, as postagens estão mais espaçadas e esta primeira de 2024 é consequência de "parar um pouquinho para refletir" e aí vem a conclusão: Como a nossa instituição é grande, é poderosa, é mágica.

Vejam: Quando Fábio Koff assumiu em 2013 e disse alto e em bom som - "A Arena não é do Grêmio", alguns torceram o nariz para o eterno presidente, mas passados 11 anos da inauguração é incrível (no seu verdadeiro significado, o de não ser acreditável) que o clube conseguiu os títulos que conquistou e o lugar que permaneceu na América, sendo 3 vezes consecutivas, semifinalista, juntamente com River Plate e Boca Juniors sem a renda do seu estádio. Enfim, pagar para ter os seus associados em jogos.

Além disso, foi ao inferno da Série B pela terceira vez, sem uma explicação razoável para tal e ao voltar juntamente com Bahia, Cruzeiro e Vasco da Gama, trouxe o maior jogador do campeonato, ganhou uma visibilidade mundial e ficou em segundo lugar, quando os outros três que subiram com ele, se debateram o campeonato inteiro para não cair novamente.

Sem os ganhos da bilheteria de locatário, sem ser SAF, com os recursos reduzidos de uma passagem pela segundona, o Tricolor surpreende por ser um resistente diante de tantos desmandos e obstáculos.

É um milagre o clube não estar falido.

Para ilustrar, deixo textos publicados em Zero Hora em 2017 sobre o tratado entre o Grêmio e os gestores da Arena:

Renda dos jogos

A renda dos jogos realizados na Arena vai para o caixa da Arena Porto-Alegrense. Mas parte deste valor é recebido pelo Grêmio através do quadro social – os sócios pagam direto ao clube. Para acomodar os associados nas partidas, o Grêmio paga R$ 1,5 milhão mensal à gestora do estádio.

Estacionamento e espaços VIP
São explorados exclusivamente pela Arena Porto-Alegrense. A gestora do estádio gera receita com a venda de vagas para o estacionamento, sejam fixas ou rotativas, e também com a comercialização de áreas VIP, como camarotes e cadeiras gold. O Grêmio não lucra com estes espaços.

8 comentários:

  1. O milagre, Bruxo, é o torcedor que nunca abandona o clube, mesmo nos momentos mais difíceis. Independentemente de quem esteja na presidência... na casamata. O milagre é feito por este torcedor que acredita primeiro no clube, nas cores, na mística, que é capaz de deixar de lado, inclusive suas teses, achismos ou entendimentos sobre o riscado.

    E dizer que teve jornalista "gremista" pregando desassociação em massa em canais abertos... E também há, por que não dizer, torcedores que gostariam que o clube se tornasse uma S.A.F., é impressionante isso.

    Por essa gente aí, os "isentos", o Grêmio já estaria falido há muito tempo. Conheço gente que virou casaca, que apagou tatuagem, que vendeu camiseta... É. Tempos esquisitos. Muitas máscaras caindo ao chão... E enfim, a verdadeira natureza do ser vem à tona. A esses eu digo: obrigado por terem deixado o Grêmio. Ou o país. Outros, os verdadeiros, mantiveram-se firmes, inclusive, durante a pandemia. E indo contra a maré, dei o meu jeito, e mesmo sem condições, eu me associei novamente no Grêmio, precisamente, no dia 12.12.2021. Um dia religioso para alguns. Uma época quando muitos pularam da barca, eu entrei pra dentro! E até o momento, na medida do possível, me mantendo em dia. Mês a mês. São escolhas. Algumas cervejas a menos por mês... uma pizza. E se todos os gremistas pensassem isso o clube poderia ser muito maior do que já é.

    Por fim, deixo aqui para que cada torcedor faça a sua próprio autoanálise, porque isso, às vezes, também é necessário, dois textos do saudoso Eduardo Galeano que acredito que se encaixam perfeitamente no que é ser do Grêmio!

    Rodrigo

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  2. Continuando...

    O Torcedor - Eduardo Galeano

    Uma vez por semana, o torcedor foge de casa e vai ao estádio.
    Ondulam as bandeiras, soam as matracas, os foguetes, os tambores, chovem serpentinas e papel picado: a cidade desaparece, a rotina se esquece, só existe o templo. Neste espaço sagrado, a única religião que não tem ateus exibe suas divindades. Embora o torcedor possa contemplar o milagre, mais comodamente, na tela de sua televisão, prefere cumprir a peregrinação até o lugar onde possa ver em carne e osso seus anjos lutando em duelo contra os demônios da rodada.

    Aqui o torcedor agita o lenço, engole saliva, engole veneno, come o boné, sussurra preces e maldições, e de repente arrebenta a garganta numa ovação e salta feito pulga abraçando o desconhecido que grita gol ao seu lado. Enquanto dura a missa pagã, o torcedor é muitos. Compartilha com milhares de devotos a certeza de que somos os melhores, todos os juízes estão vendidos, todos os rivais são trapaceiros.

    É raro o torcedor que diz: “Meu time joga hoje”. Sempre diz: “Nós jogamos hoje”.

    Este jogador número doze sabe muito bem que é ele quem sopra os ventos de fervor que empurram a bola quando ela dorme, do mesmo jeito que os outros onze jogadores sabem que jogar sem torcida é como dançar sem música.

    Quando termina a partida, o torcedor, que não saiu da arquibancada, celebra sua vitória, que goleada fizemos, que surra a gente deu neles, ou chora sua derrota, nos roubaram outra vez, juiz ladrão. E então o sol vai embora, e o torcedor se vai. Caem as sombras sobre o estádio que se esvazia. Nos degraus de cimento ardem, aqui e ali, algumas fogueiras de fogo fugaz, enquando vão se apagando as luzes e as vozes. O estádio fica sozinho e o torcedor também volta à sua solidão, um eu que foi nós; o torcedor se afasta, se dispersa, se perde, e o domingo é melancólico feito uma quarta-feira de cinzas depois da morte do carnaval.

    O Fanático - Eduardo Galeano

    O fanático é o torcedor no manicômio. A mania de negar a evidência acaba fazendo que a razão e tudo que se pareça com ela afundem, e navegam à deriva os restos do naufrágio nestas águas ferventes, sempre alvoroçadas pela fúria sem tréguas.
    O fanático chega ao estádio embrulhado na bandeira do time, a cara pintada com as cores da camisa adorada, cravado de objetos estridentes e contundentes, e no caminho já vem fazendo muito barulho e armando muita confusão. Nunca vem sozinho. Metido numa turma da barra-pesada, centopeia perigosa, o humilhado se torna humilhante e o medroso mete medo. A onipotência do domingo exorciza a vida obediente do resto da semana, a cama sem desejo, o emprego sem vocação ou emprego nenhum: liberado por um dia, o fanático tem muito de que se vingar.
    Em estado de epilepsia, olha a partida, mas não vê nada. Seu caso é com a arquibancada. Ali está seu campo de batalha. A simples existência da torcida do outro time constitui uma provocação inadmissível. O Bem não é violento, mas o Mal obriga. O inimigo, sempre culpado, merece que alguém torça o seu pescoço. O fanático não pode se distrair, porque o inimigo espreita por todos os lados. Também está dentro do espectador calado, que a qualquer momento pode chegar a dizer que o rival está jogando corretamente, e então levará o castigo merecido.


    Dito isso, desejo ao blog vida longa e aos convivas um Feliz 2024!


    Rodrigo

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    1. Inclui aí nos milagres as vendas de jogadores da base...

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    2. Rodrigo
      Grande lembrança, essa dos textos do Galeano. O cara é incrível. Obrigado.

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    3. É, Bruxo. Um cara além do próprio tempo. Uma pena que já nos deixou. Mas a obra fica como herança. E foi relendo o Galeano que eu relembrei o torcedor que sempre fui, pois por algum período da vida, andei sobre caminhos escusos, e me perdi de mim mesmo. Mas nunca é tarde para se redimir.

      Penso hoje, que exorcizei todos os demônios da mente que me fizeram perder tal caminho.

      Rodrigo

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    4. Rodrigo
      E é interessante como ele variou de temas ao longo da sua trajetória, sempre com qualidade.

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  3. Exatamente, Gláucio. E quem mais revelou e colocou gente pra jogar neste período aí?

    Pois é...

    Dinheiro não dá em árvore diz o ditado.

    Rodrigo.


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    1. Imagina se tivesse dado mais oportunidades aos da base em vez de trazer aposta de fora.... Economia no caixa e mais grana pra contratar jogador de fato diferenciado.

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