A desistência de Marcelo Marques
Aí, o ponteiro chega ao fundo, está só, pode cruzar, mas recua para o lateral e a jogada não tem profundidade. Na arquibancada, o pai olha para o filho e diz: - Essa naba, só matando. Por que não cruzou?
É uma conversa simples de torcedor para torcedor. Não há repercussão alguma. Hoje, esse papo está nas redes sociais, nos blogs, nos veículos de comunicação de torcedores identificados, isto é, com elevada repercussão e pela monetização dos likes e dislikes, numa potencialidade explosiva, pois torcer ficou atrás do "faturar". É uma epidemia. E daí?
Daí, que há torcedores que ouvem matar, trucidar, f#der com a família de tal personagem, que levam à sério e ampliam as chances de uma tragédia a partir da irresponsabilidade, pois a irracionalidade passa a ser um detalhe, um incômodo apenas, na briga pelo números de seguidores. Além, é claro, do direcionamento da palavra, da fala, isto é, tem que repercutir "bombasticamente", independente da veracidade e da sensatez.
Domingo, após o final do clássico, "passeei" por alguns veículos e vi um conhecido comentarista que acompanhava na sua antiga emissora, hoje, num novo veículo das redes sociais, dizendo que Rochet era fraquíssimo, "um goleiro de botão" e lembrei de dois fatos:
a) Este mesmo comentarista cansou de pedir o goleiro uruguaio para o Grêmio (seu time de coração), ao mesmo tempo, dizia que Daniel (acreditem!!!!), arqueiro do Inter era o segundo melhor do Brasil.
b) Menotti, treinador campeão do mundo, chamava a imprensa de Los Invictos, porque nunca erravam
Jamais li, vi ou ouvi profissional da imprensa esportiva dizer: Errei!
Queria ver se a massa urrasse contra eles como faz com os jogadores a cada equívoco.
Para ilustrar o momento, deixo depoimento de Renato Portaluppi, após pedir demissão:
"— Eu dei uma entrevista há uns dois meses e hoje estou repetindo: acabou o futebol. Acabou por causa das redes sociais. Tanto para o jogador quanto para o treinador. Hoje em dia é uma guerra de críticas. Quando ganha tem alguns elogios, quando perde ninguém é bom, todo mundo é ruim. O futebol está caminhando para um caminho que, infelizmente, todos nós, jornalistas, treinadores, jogadores e torcedores estão perdendo. O futebol está acabando. Está no finalzinho. Essa é uma opinião minha — completou." ( O Globo)
Marcelo Marques, sua desistência, nada tem a ver com apoiar a ou b, ele viu naquele breve lapso de tempo em que desistiu e retornou ao futuro pleito, como o universo futebolístico reagiu. Muitos esqueceram a compra da Arena e passaram a lhe chamar de medroso ou covarde pelo seu recuo.
Eu entendo a sua desistência, porque sempre procurei distinguir um ato de coragem de um de burrice. Algo que a maioria das pessoas já confundiu.
O futebol, eu já havia afirmado, caminha para a sua extinção. Atualmente, está parecido com um arena romana.
Aliás, vejam como o Like e o Dislike são parecidos com o movimento fatal do polegar dos césares da Antiguidade?