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sexta-feira, 21 de julho de 2023

Pequenas Históricas


Pequenas Histórias (292) - Ano - 1972

Encarando o Primeiro Campeão Brasileiro

1972 marcou a segunda edição do Brasileirão, como passou a ser chamado o certame nacional. Iniciou em Setembro e a tabela se mostrou pesada para o Tricolor. Pegou em sequência: São Paulo, Atlético Mineiro, Botafogo e o Grenal. Para a surpresa de muitos, arrancou com três vitórias consecutivas, mas perdeu o clássico no Beira-Rio, o que deu uma esfriada no ânimo da torcida.

 Na segunda rodada, em pleno Olímpico, o Grêmio encarou o campeão, o Galo de Telê Santana e agora do melhor goleiro da Copa do Mundo de 1970, o uruguaio Mazurkiewicz. Uma parada torta. Não apenas esses dois; havia Vantuir, Oldair, Humberto Ramos, Dario, Romeu, etc resumindo: um cano de time. No entanto, o que quase ninguém imaginava é que o nome mais discreto daquela escalação, um garoto de apenas 17 anos (21/04/55), se tornaria um dos maiores craques do futebol mundial, um malabarista da bola, que naquela nominata dos 11, atendia pelo apelido comum de Toninho. No ano seguinte, emprestado ao Nacional de Manaus na leva que o clube manauara buscou no Galo mineiro, teve seu nome acrescido de Cerezzo, que a Revista Placar em várias edições grafou como Serejo", o menino bom de bola, alto e magro.

 Foi a sua estreia fora do campeonato de Minas Gerais.

 O Grêmio também tinha novidades, uma delas estreou na primeira rodada contra o São Paulo, vitória de 2 a 0 no Olímpico, Carlinhos, ponta direita que veio do Guarani da cidade de Campinas, berço de muitos craques naquelas décadas 60, 70.

 Gostava do futebol dele. Hoje, sequer é lembrado pelos torcedores mais velhos. Seu período de atuação ficou prensado entre o de Flecha, antes e Zequinha, depois, ambos com passagem pela Seleção Brasileira.

 Hoje, observando os números que o amigo Alvirubro me passou, compreendi o porquê de minha admiração, Carlinhos em 92 jogos, fez modestos 15 gols, porém, aí, nesse porém, está a magia, a maioria deles foi decisiva. Marcou em apenas 2 oportunidades, dois gols numa partida, portanto, 15 em 13 jogos, em oito deles, o que assinalou, foi decisivo para a vitória e nesses 13 confrontos em que balançou as redes, apenas em um, o Tricolor foi derrotado, ganhou onze e empatou uma única vez. Resumindo: Seus gols valeram triunfo de 1 a 0, quase sempre. Gols decisivos. A memória de adolescente captou esse detalhe para sempre, mesmo sem saber até então, o fato motivador.

 E naquela noite de Quarta-feira, dia 13 de Setembro, não foi diferente, Negreiros, um autêntico camisa 10, tabelou com El Mono Obberti, lançou Carlinhos que num movimento que seria sua marca registrada, recebeu pela direita, cortou para o meio e fuzilou o arqueiro, utilizando a canhota. 1 a 0. Decorriam 28 minutos da primeira etapa.

 No segundo tempo, Daltro Menezes reforçou o meio de campo, retirando o ponta esquerda Loivo, fazendo entrar Carlos Alberto, um volante magro com bom controle de bola.

 Toninho (Cerezzo) deu seu lugar a um ponta ofensivo, Serginho, e no lugar de Carlinhos, o treinador gremista fez entrar outro menino que faria história no futebol brasileiro, um ponta direita, que em 1977, Telê transformaria em meia esquerda: Yúra.

 A partida ficou no escore mínimo, o Tricolor assumiu a ponta da tabela e num jogo escondido da história dos dois clubes, onde uma lenda do futebol mundial deu seus primeiros passos rumo ao estrelato.

 Fontes: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro 

              Arquivo Histórico de Santa Maria 

              Jornal Correio do Povo 

              Revista Placar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


8 comentários:

  1. Em casa, uma vantagem significativa. Em 36, ele perdeu apenas 5, se pensarmos que são instituições de mesmo porte, está muito bom.

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    1. Pois é, Bruxo! Realmente, poucas derrotas do Tricolor, diante do Galo, jogando em casa. Importante destacar que 4 derrotas foram dentro do Olímpico (3) e Arena (1). A outra derrota foi no Colosso da Lagoa, em 2004. Naquela oportunidade o Grêmio era mandante, mas teve que jogar fora de Porto Alegre por conta dos incidentes ocorridos no Olímpico, no Grenal do dia 23.10.2004 (1x3).

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  2. Outro fato que chama a atenção é que o Atlético não sofreu gol em 7 jogos dos 36. Ou seja, em 80,5% dos enfrentamentos o Grêmio fez gol no Galo, atuando como mandante.

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  3. A última derrota do Grêmio em casa ocorreu em 2013, na primeira vez que o Atlético pisou na Arena, 0x1, gol de Fernandinho. Renato Portaluppi treinava o Grêmio.
    Um jogo debaixo de muita chuva, gramado com muita água e o Galo com vários jogadores que o torcedor gremista conheceu: Victor, Réver, Ronaldinho Gaúcho, Fernandinho e Diego Tardelli.
    E o goleiro do Atlético fez milagres naquela noite. O técnico não menos conhecido: Cuca.

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    1. Lembro desse jogo. Se não me engano, foi a estreia do Zé Roberto com a camisa do Grêmio.

      Ronaldinho vibrou muito. Pra ele foi o jogo da desforra daquele 4x2 contra o Flamengo no ano anterior.

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    2. Aqui, os melhores momentos; jogava pouco o goleiro Victor.
      https://youtu.be/O07_cQqAwGk

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    3. Vinni, acertaste o adversário, na estreia do Zé Roberto, e o placar favorável ao Galo. Foi 0x1, gol do Jô. Não foi na Arena. Foi no Olímpico, em 2012. Um ano antes desse jogo do gol do Fernandinho.

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