Opinião

Renato, Marchesin e Daronco 

Estes três personagens resumem o que de mais importante aconteceu no Clássico de ontem. Foram destacados por diferentes motivos.

a) Renato acertou na estratégia, povoou o meio, neutralizou as incursões ofensivas do Inter que contava com mais de 45 mil colorados (contra 2 mil gremistas). Um vacilo deste setor, um único e Maurício ficou livre, de frente para o arco. De resto, não houve perigo para Marchesin. A propalada superioridade do Inter ficou por conta da imprensa colorada, que realizou uma força tarefa no sentido de desequilibrar o Clássico, intuito parcialmente conseguido, mas sem a ajuda do juiz, ele (o intuito) se mostraria frustrado.

O técnico pensou certo, se o olhar for conservador, porque, ele racionalizou: - Vou de Galvão e Ely, pois são "cascudos", rodados, tem experiência europeia, mas era para começar com Pavon e Gustavo Martins. Faltou ousadia ao treinador. Nestes momentos é permitido pensar que Gustavo Nunes é fruto do imponderável, do emergencial e não da cabeça do comandante técnico. Com Renato, os jovens ficam no final da fila.

b) Desconfio que no evento Marchesin, o clube "comprou gato por lebre". Se ele não teve (na minha ótica) falhas gritantes, fica um estranhamento nos três gols sofridos da mesma forma, chutes rasteiros no canto esquerdo: o primeiro diante do Santa Cruz (David) e os dois iniciais do Inter, em especial, o de Alario. Como atenuante, teve um milagre numa intervenção no lado oposto.

Marchesin tem uma biografia interessante, mas é de estranhar que fosse o terceiro goleiro na hierarquia do Celta de Vigo, que é conveniente lembrar, é uma espécie de "Coritiba" espanhol. "Algo há".

Agora, o determinante para a minha, talvez, precipitada conclusão, é que ele pertence a escola argentina de goleiros, só comparada a dos italianos. E goleiro desta estirpe, não escolhe aleatoriamente a ação na hora da penalidade máxima, Para mim, suas decisões equivocadas na hora dos pênaltis são o que chamo de "xeque mate" na sugestão de dar chance ao Caíque e prospectar o mercado com olhar mais crítico e apurado. O Grêmio tem uma Libertadores pela frente!!!

Vem à mente a figura de Hélio Dourado, quando em 1980 trouxe Carlos Kiese, um camisa 10 paraguaio, eleito o melhor atleta da Libertadores ganha pelo Olímpia. Pois bem, não jogou nada no Tricolor, os colorados só ironizavam. Dourado, "puto da cara" despachou o gringo e trouxe Hugo De León como resposta. A história, todos sabem os desdobramentos.

Alberto Guerra pode se espelhar neste gesto e trazer um goleiro incontestável.

c) Daronco fez um estrago só superado pelo Wilton Pereira Sampaio, que não deu três penalidades num único Grenal, que surrupiados, impediram a vitória azul. Vejam:

- Deixou Gustavo Nunes ser caçado o jogo inteiro. Bastava dar um cartão amarelo para Bustos na primeira jogada. Foi a mais violenta

- Não expulsou Valencia que deu um cotovelaço em Kannemann, ainda na primeira etapa, aliás, cotoveladas parecem ser o fraco de Daronco, lembram do William desmanchando a mandíbula de Bolaños? Nem falta deu na ocasião

- Errou na infração não marcada em João Pedro, cujo desdobramento do lance ocasionou o primeiro gol vermelho

- Não deu uma penalidade em André Henrique no segundo tempo. Alguém dirá, não deu de Kannemann em Valencia antes, no entanto, as imagens mostram o equatoriano puxando o Viking num primeiro movimento. Elas por elas

Alberto Guerra precisa lutar pela exclusão deste árbitro nos jogos decisivos. Ele está contaminado pelo vírus do condicionamento, sucumbiu ao festival de críticas estratégicas que parte da imprensa e, principalmente, de dirigentes colorados, que retomaram a velha prática de décadas anteriores, que tanto surtiram efeito, mas que se julgavam ultrapassadas. Nem com o VAR é recomendável a sua indicação. Melhor para ele será ir para outra federação

Daronco, entre tantos erros do Grenal, foi o maior. Ele "botou o clássico" embaixo do braço. Pena que foi de forma negativa.