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terça-feira, 30 de novembro de 2021

Opinião


 

O Fausto

O sufoco muitas vezes, exercita a criatividade, a capacidade de ser inventivo para sair de situações difíceis. Vale para qualquer um, valeu para a Humanidade como nos casos da Grande Depressão nos anos 30 (EUA), no fim da Segunda Grande Guerra (em especial,Europa) e na ditadura militar brasileira,  nesta, se sobressaindo as artes (música, literatura e teatro). É no aperto que o ser humano e as instituições exercitam o seu processo criativo e de improvisações com resultados surpreendentes e satisfatórios.

Trazendo para o futebol; eu lembro que a escassez financeira fez o Tricolor buscar no meio dos anos 90, atletas com pouca visibilidade naquele momento: Adilson Batista se recuperava de uma fratura grave na perna, Rivarola jogava no modesto Talleres (Córdoba-Argentina), Dinho era banco no Santos, longe da glória alcançada no São Paulo, Luis Carlos Goiano, também ex-São Paulo, estava no Clube do Remo, Jardel, Paulo Nunes eram reservas, recém saídos dos juniores de Vasco e Flamengo. A contratação mais cara foi a de Arce. Deu muito certo.

Pois, olhando para os últimos anos do Grêmio, dá para perceber que a fartura e equilíbrio financeiros não se refletiram no quesito boas contratações; pelo contrário: o sucesso das finanças "criou" necessidades perniciosas para a instituição como por exemplo, trazer Tardelli por 1 milhão por mês num contrato de 3 anos, contratar Diego Churín por um preço superestimado e buscar um combalido Douglas Costa por valores incompatíveis com o que ele poderia dar em contrapartida no campo.

Percebe-se que esse tipo de transação nos anos 90 seria impensável; logo, cometer esses erros seria impossível, pois os números estariam fora do alcance da direção da época. Oferecidos, ela só poderia dizer "não, muito obrigado".

Não se está dizendo que viver no aperto é o ideal, mas faltou para a cúpula diretiva gremista, o discernimento para gerir com competência a formação do elenco. Não soube usar de forma eficiente o dinheiro que veio em boa parte da vendas de joias da base. Ocorreu o famoso "torrar a grana".

Nesta tarde, ao dar o bilhete azul para alguns atletas insuficientes para vestirem a camiseta do clube, a Direção dá os primeiros sinais de sanidade na administração do futebol gremista.

Pena que está no cadafalso para o pulo para a Série B.

 

13 comentários:

  1. Falou tudo, bruxo! É o que eu penso, muoto bem lembrado o contexto histórico.

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  2. Obrigado, querida. Bela surpresa.

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  3. Vocês repararam que mesmo que algumas coisas estranhas já vinham acontecendo desde o ano passado, com a chegada do Douglas Costa algumas se agravaram? Coincidência?

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  4. Concordo. O grêmio pareceu perdido nas contratações dos últimos anos. Tardelli, Luis Fernando, Vanderlei, Douglas Costa, Thiago Neves, Churín, Pinares, André, Cícero, Marinho, … . Também são incompreensíveis as insistências em Jean Pyerre, Léo Pereira, Guilherme Guedes, Bobsin, … .

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  5. Marcelo Lopez30/11/2021, 12:55

    Problema que não se fazem mais dirigentes interessados. Estudiosos e sabedores de futebol.

    Grêmio não tem renovação de dirigentes. Ou tu é filho do Patrono e não entende por@#& nenhuna. Ou tem sobrenome de antigos...mas estao sempre em gestões.

    É claro, com raras exceções.

    Douglas Costa não crítico a contratação.

    "Siga o dinheiro". Deveria ser feita uma auditoria em várias das últimas contratações do Grêmio.

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    1. Concordo, Marcelo. Tem que seguir o caminho da grana.

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    2. Concordo, em partes. Quanto a dirigentes, se não me falha a memoria, a vários anos criaram uma clausula de barreira. Evita que aventureiros se candidatem. Não acho ruim. Tem que haver nomes fortes realmente representativos. Quanto a Douglas Costa achei um desperdício de dinheiro, mesmo que para atingir o milhão terá que cumprir algumas exigências. Ate agora não contribuiu em nada. Vi alguns poucos jogos dele na Europa e não vi o jogador esperado aqui.

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  6. Exatamente, Arih. Não surgem lideranças, assim, no plural.

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  7. As contratações vexatórias começaram a virar rotina após a saída do executivo André Zanotta no final de 2017. Mesmo não sendo uma sumidade, teve um índice de acerto muito superior ao que se viu depois. Ele trouxe o Léo Moura, o Jael, o Barrios, e o Cortez. Todos deram resultado. Fernandez e Arroyo foram as baixas. Paulo Victor como reserva era melhor que o Bruno Grassi, então não chegou a ser um absurdo. Absurdo foi acreditar que substituiria o Grohe a altura depois. Em tempo, o gasto daquele ano foi cerca de 3 milhões de reais (tirando salários).

    Contratação é sempre uma loteria. Mas profissionais do mercado não podem ter um índice de acerto inferior a 50% na minha opinião.

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  8. Vinnie
    Vinha pensando nisso; ou seja, quando houve essa guinada no perfil das contratações (Tardelli, Vizeu) e nos "recuperáveis". Foi na saída do Zanotta.

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