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domingo, 23 de junho de 2013


Pequenas Histórias (47)- Ano 1979

O Dia Que Falcão Virou Coadjuvante
Jurandir era um ponta, que era meia, que era ..., enfim, era um faz tudo do meio de campo para frente. Pertencera àquele timaço da SER Caxias (1978) que tinha Bagatini, Cedenir, Luiz Felipe (ele mesmo!!!), Paulo César Tatu, Luiz Freire, etc... além do mítico centro-avante Bebeto, o Canhão da Serra. Desconfio que nenhum camisa 9 fez mais gols que ele neste rincão chamado Rio Grande do Sul. 

Pois no ano seguinte, Jurandir desembarcou no Olímpico para ser uma opção para o treinador Orlando Fantoni, um mineiro já sessentão que conquistou os gaúchos pelo conhecimento e simpatia. Era de uma imensa família de futebolistas.

 O Gauchão começou parelho, mas no segundo turno, a maionese vermelha desandou e o Tricolor papou o título com mais de 10 pontos à frente de seu tradicional rival. Entretanto, o primeiro turno chegou à decisão "pau a pau" com o Grêmio precisando do empate para ganhá-lo. Foi no Beira-Rio e a maior expressão técnica do time, Paulo César Lima, o Caju estava fora. Fantoni já não teria Nardela, o camisa 8 que lembrava Tadeu Ricci, aí testou Valderez, Jorge Leandro, atletas de meio de campo.

 Chegou o dia, um domingo, 13 de Maio e quem aparece na equipe? Jurandir. Entrara com a missão específica de marcar Falcão. O craque colorado já era o melhor do mundo; faltava o mundo saber, o que aconteceu nos anos seguintes em Roma. Até Cláudio Coutinho que o deixara de fora da Copa de 78, reconsiderando, o convocou na véspera do clássico, juntamente com Éder, este, estreante em Seleção. O Inter possuía o chamado Quadrado Mágico montado por Cláudio Duarte; Caçapava, Falcão, Batista e Jair com Valdomiro e Mário na frente, um camisa 9 oriundo do Rio que chegou ao clássico com a fantástica média de gols de 1,09 por partida. 

Jurandir simplesmente "rebentou"! Não deixou o futuro Rei de Roma jogar e ainda foi um dos heróis daquele clássico, sendo superado apenas pelo zagueiro Vantuir, que Paulo Santana num excesso de entusiasmo, em sua coluna, chamou-o de sucessor de Airton. O pequenino jogador "grudou" tanto em Falcão que LF Veríssimo em sua charge, dizia que o Rio Grande tinha três atletas convocados para o escrete Canarinho; Éder, Falcão e colado nele, Jurandir.

 O Grenal teve todos os ingredientes de um clássico nervoso. O juiz apitava o seu primeiro Grenal, Silvio Rodrigues recebeu nota Zero e conceito Péssimo da ZH, pois não marcara um pênalti de Benitez em Yúra, anulara um gol legal de André, expulsara o centro-avante, ainda que tenha feito pior, empurrando o atacante, deixando-o  caído no chão e depois passou a segurar o jogo, não marcando faltas a favor do Inter, atitude que favoreceu o time da Azenha que ganhou o primeiro turno. 

Três meses depois, no Grenal que encaminhou o título de 79, Jurandir (o penúltimo agachado, na foto) estava entre os titulares que em menos de 10 minutos decretaram a vitória tricolor. Foi um massacre. Chances de gol, quatro, com duas convertidas: aos 7 minutos, Éder bateu falta com a força habitual, Benitez soltou e Jurandir empurrou para as redes.  Logo em seguida, aos 10, Jurandir percebeu Baltazar se deslocando dentro da área, deu o passe, o atacante driblou Larri e Mauro Pastor, se livrou da falta e de pé esquerdo fuzilou o arco colorado. Nos acréscimos do segundo tempo, o ex-gremista Chico Spina descontou, mas era tarde. 

O Grêmio saiu do Beira-Rio, virtualmente campeão, pois ficara 10 pontos à frente do Coirmão. O título foi confirmado com a vitória sobre o Brasil de Pelotas no Olímpico. Este campeonato de 1979 teve vários personagens; Manga, Anchetta, Vantuir, Paulo César Lima, o surgimento de Baltazar, Orlando Fantoni, porém, a imagem que ficou na retina da maioria dos gremistas foi o dia em que um pequeno e incansável jogador parou a maior estrela do futebol brasileiro dos últimos anos.   

8 comentários:

  1. Bruxo,
    Se me permite, 2 sugestões para os teus textos..

    1) Eu acho que tu deveria dar um espaçamento melhor nos textos, principalmente questão de parágrafos. O texto fica esteticamente melhor e, principalmente, mais fácil de ser lido.

    2) Nas pequenas histórias, acho que tu poderia dar destaque (ou colocar nos marcadores ou no título) o ano em que ela ocorreu. Muitas vezes a informação fica sem o devido destaque, solta no meio do texto.

    Abraço!

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  2. Valeu, Guilherme!
    Vou usar os parágrafos.
    Foi-me sugerido que eu usasse este tipo de apresentação atual, porque é o que a maioria utiliza, mas eu mesmo não gosto. Gracias.

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  3. Demais, bruxo, demais, essas tem de virar livro.

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    1. Gracias, PJ!
      É uma coisa que me dá prazer. Escrever sobre o Imortal.

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  4. Parabéns pelo belo texto!
    Valorizastes bem os grandes nomes da história do tricolor.

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  5. Parabéns pelo belíssimo texto.
    Valorizastes bem os grandes nomes dos jogadores envolvidos nos jogos.

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  6. Parabéns pelo belo texto!
    Valorizastes bem os grandes nomes da história do tricolor.

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    1. Obrigado, Kel
      Um ano depois, percebi o teu comentário, desculpe.

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