O Diagnóstico
Ia escrever ontem, mas me segurei, porque havia o texto do jogo, recém produzido. Aconteceu de ler algumas ideias ou "teses" nas diversas mídias sobre esse enrosco que o Grêmio teima em criar para si, que é protelar o seu acesso e eu compreendo que as causas elencadas no que eu li ou ouvi são discordantes do que penso. Então, vão algumas linhas sobre isso:
As semelhanças de campanhas entre Renato e Roger podem induzir o pensamento a conclusão simples que o problema é o elenco ruim, afinal, muda-se o comandante técnico e as dificuldades continuam. E eu não concordo. Roger e Renato** (corrigi a ordem) beiram o aproveitamento de pouco mais de 50% por fatores diferentes, o primeiro, pela dificuldade de armar um time competitivo, o segundo, pela sua auto suficiência que beira a desinteligência.
Atendo-me ao momento do comandante técnico; Renato treinou a equipe em seis oportunidades, 3 vitórias em casa, duas derrotas e um empate fora. 11 pontos em 18 possíveis, aproveitamento de 61%. Percentual que parece bom, porém, uma armadilha, pois, basta tropeçar uma única vez em casa nos próximos e derradeiros confrontos, que o acesso pode virar uma nova Batalha dos Aflitos, A média é 61%, fora de seus domínios vira 11%; um ponto em nove.
Se o elenco é o mesmo, trocados os treinadores e o "trote" é o mesmo, não parece correto concluir que o grupo é fraco? Sim e não. Sim, ele é fraco. Não, porque está muito acima dos seus concorrentes. Serve para subir com relativa tranquilidade.
O furo está aqui, na minha humilde análise: Renato, em seis partidas, ganhou apenas um segundo tempo, o 3 a 0 diante do Sport Recife na Arena; nas etapas finais, o Tricolor empatou com Vasco, Novo Horizontino, Sampaio Correia, CSA e perdeu para o Londrina. Repito: analisando apenas os seus 45 minutos finais. Nos segundos tempos, o Grêmio fez apenas sete pontos em dezoito.
Por que isso acontece? pela postura medrosa do time, pelas mexidas equivocadas do treinador e, muito principalmente, pelas más escolhas para as tais mexidas.
Existe uma máxima inquestionável no futebol, qual seja, "jogador ruim tem que sair do elenco, senão acaba jogando". Verdade "pétrea". Thiago Santos atuou em todos os jogos, Lucas Silva ficou de fora de apenas um, Diogo Barbosa, idem (por suspensão); ou seja, atuou em cinco oportunidades.
Cada vez que Thiago Santos entra, ele "obriga" o técnico a deslocar Villasanti de posição e como diz Cristiano Oliveira (Rádio Guaíba), Thiago passa a falsa impressão de dar mais proteção à zaga. Na prática, se sabe que não é isso. Resultado, perde-se um primeiro volante, também, um segundo. O meio de campo se desmancha.
Mais do que errar, Renato comete uma injustiça, mais do que injustiça, ele comete uma deslealdade com o grupo, porque Nicolas, que é a melhor contratação do clube em 2022, certamente, assim como todo o mundo, não vê razões táticas e técnicas para ser preterido pelo técnico. São razões desprovidas de "razão", essa escolha.
Finalizando (o texto ficou grande): Renato pede o apoio incondicional para a massa torcedora, no entanto, ele não transige, ele não abre mão de suas escolhas equivocadas, quando escala ou quando mexe nos 11. A relação técnico e torcida é uma via de duas mãos, ele tem que entender que muitas vezes, aliás, na maioria das vezes, a massa está completamente ao lado da realidade.
Hoje, quando se especula quem será o substituto de Tite; fala-se absurdamente em Dorival Jr. ou Fernando Diniz, fico pensando, que oportunidade Renato perdeu ao se atrapalhar no comando do melhor elenco do Brasil em 2021, o Flamengo; muito disso, pela falta de humildade em rever os seus conceitos.
Espero apenas que essa postura não impeça a subida do clube ao convívio da Série A.
Ainda dá tempo para reconsiderar certas decisões.