Não é
novidade para ninguém que a postura do Grêmio em alguns jogos tem
deixado até o torcedor mais crente de cabelos em pé. Não é
novidade, também, minha opinião acerca da manutenção do técnico,
pelo menos até a parada da Copa das Confederações. Qual a
justificativa para isso? Teimosia? Burrice? 20 % de comissão?
Talvez
até sejam todos este fatores reunidos (menos a comissão), mas vou
tentar colocar a minha opinião sobre o time e com isso sustentar a
minha opção pelo técnico.
Ao
contrário do que tem virado quase um mantra entre a torcida o time
não é um amontoado em campo, longe disso, o time é bem postado e
os jogadores são cientes de suas funções.
O
balanço entre os laterais é bem feito. Na Libertadores, competição
não afeita aos dotes técnicos do nosso comandante, via-se uma clara
orientação para que os laterais não subissem, razão pela qual
muita gente até hoje crucifica o André Santos, jogador com claro
impulso ofensivo. De qualquer forma, finda a competição, já se
começa a perceber uma evolução neste setor, com uma presença
ofensiva mais intensa do lado esquerdo do Grêmio e uma sustentação
defensiva com Pará.
No
ataque, ano passado, durante o segundo turno do brasileiro,
Luxemburgo insistia num esquema que sacrificava o nosso homem gol.
Quando muitos pediam a cabeça do boliviano, até propondo a sua
retirada em prol de André Lima, eu avisava, com o esquema utilizado
pelo técnico não havia centroavante que faria gols, a culpa não
era da peça, a culpa era do técnico em orientar o jogador para que
saísse em demasia da área, quando sabia que o mesmo não podia
cumprir essa função.
O que
mudou? Mudou que agora temos Barcos e sim, ele pode fazer essa
função, tem competência para isso e mais, pode dar muito certo,
como já deu contra o Fluminense, como deu com o Evair, como deu com
David Trezeguet e Zlatan Ibrahimovic e como tem dado com o Guerrero,
mas tudo isso depende de outro fator, a penetração dos meias e,
PRINCIPALMENTE, um elemento surpresa, o volante.
Aqui
identifico um dos primeiros grandes problemas do time. Falta a
passagem do meia, algo que o Zé Roberto fez durante alguns jogos.
Mas daí me pergunto, os meias não invadem a área por falta de
orientação ou por falta de característica? Neste ponto a culpa
deve ser dividida entre direção e treinador.
O Grêmio
tem de fazer uma escolha, jogando da forma que atua hoje, sem uma
meia esquerda criador, ressente-se de um jogador que possa entrar na
área, triangular com Barcos e oferecer essa bola ou finalizar em
gol. Este jogador é o titular no lugar do Elano, este jogador pode
ser o Biteco, o uruguaio, ou uma contratação. Com esta formatação
o Grêmio continuaria atuando com Fernando, Souza e Zé, modificado
apenas quando ao quarto integrante do grupo, necessariamente alguém
capaz de furar times que jogam atrás.
Caso não
seja essa a opção e direção prefira trazer um armador, o elemento
surpresa necessariamente deveria ser Souza, um volante que já
demonstrou ter capacidade de entrar na área, mas parece temeroso ou
orientado a assumir uma função mais defensiva.
De
qualquer forma, hoje o meio do Grêmio não funciona por falta de
opção (que talvez o treinador deva procurar no próprio grupo) e um
esquema com três atacante não vai funcionar, primeiro por falta de
um meia armador e em segundo pela pouca qualidade de passe do Vargas.
Qual a
culpa do técnico nisso tudo? Ter demorado a entender que o Elano não
supriria a função necessária e crer que escalado poderia
travestir-se de armador em revesamento ao Zé Roberto. Talvez agora
reconheça seu erro e passe a optar por um sistema com um meia que
abra espaços, a nossa primeira opção, e escale o Biteco.
Isso faz
parte da maturação natural do time. Claro que alguns vão querer me
enforcar, mas eu disse que o Grêmio não ganharia a Libertadores e
estão certos aqueles que diziam que a competição não era do
técnico, não é, Luxemburgo é, por natureza, um sujeito avesso ao
risco, maximize isso na competição e terá o retrato do time.
Mas com
o Campeonato Brasileiro é diferente, eu acredito que temos chance de
levantar um caneco. Na minha concepção o que falta para o clube é
isso, ganhar uma competição. Mais do que revolução ou refundação
o Grêmio precisa ganhar, os torcedores se ressentem e a paz só
voltará a reinar assim. E é por isso que defendo a manutenção do
treinador, pelo menos até a parada da Copa. Não vislumbro técnico
outro que, chegando hoje, nos ofereça maior possibilidade de título.
Como eu disse, se contratarem o Mano hoje, por mim, podem mandar
embora o Luxemburgo ontem, mas como já antecipou o Jonas K. o
salário do técnico beira a casa do milhão, o que inviabiliza
completamente a sua contratação.
Enfim,
de toda essa ladainha, o maior problema que identifico no técnico é
bem específico. O medo de perder que impede o ímpeto de ganhar. O
Grêmio dominou as ações contra o Santos, jogando fora e em plena
Vila. O jogo estava à feição e o time recuou, como se o treinador
espera-se que, se não a vitória, um empate estaria garantido. Por
mais que a fórmula sirva para título, para o torcedor não basta,
para o torcedor do Grêmio então...
Aí está
o pecado, não se dar conta de onde está atuando e da situação em
que nos encontramos. O tempo é pouco e a necessidade urgente.
Obs.
Tenho visto muito gente dizer que com o Roth o time estaria
diferente, azeitado, jogando um bolão. Talvez poucos se lembrem, mas
no seu último trabalho o treineiro tinha um esquema peculiar
implantado no Cruzeiro, algo cunhado anteriormente pelo Leão no
Corinthians, um tradicional 6x6...