O Futebol Moderno
Tive oportunidade de presenciar a guinada do futebol conceituado como esporte para a nova denominação/função "Negócio". Penso que a virada ocorreu nos anos 80 e de lá até o presente, ele se afastou de sua origem, se fortalecendo como "business".
Foram-se os espaços populares como a Geral do Maracanã ou Coréia no Beira-Rio, também os jogos que ocorriam nos finais de semana e em algumas Quartas ou Quintas feiras dentro de determinado mês deram lugar ao espetáculo cotidiano de Domingo a Domingo. As transações subiram a patamares elevadíssimos e os jogadores passaram a ser joguetes nas mãos de seus empresários, porém, diante da perda de autonomia, houve a troca pelos salários milionários.
Nessa transformação, o espaço das agremiações destinados aos dirigentes foi tomado por profissionais das mais diversas formações (economistas, advogados, administradores, etc...) que viram no futebol uma oportunidade de êxito em suas carreiras, mesmo que não entendessem do "riscado" e até mesmo, nem gostar desse esporte. Desapareceram os abnegados colaboradores, que, afinal, não eram a receita ideal para tocar a vida dos clubes, mas, ainda assim, conheciam mais a história e as encruzilhadas de suas paixões esportivas.
Esses neófitos, mas graduados, viram um terreno fértil para o desempenho de suas atividades, porque encontraram peculiaridades no futebol que, para a surpresa deles, eram um plus quase exclusivo dele como por exemplo; jogadores terem salários para perder partidas, porque para vencer, eles recebiam o "bicho" e no caso de títulos, premiações específicas; também, contratos longos, tipo de 3 anos, onde todos os envolvidos, torcida, jogador, dirigentes e imprensa tinham a certeza que não seriam cumpridos até o final, o que renderia uma multa extraordinária, o que permitiria um jogador atuar em outra agremiação por um salário módico, pois teria o acréscimo de seu antigo vínculo na conta, muitas vezes lhe garantindo meses de vida dócil; o mesmo ocorrendo com treinadores que não conquistam nada de relevante, mas estão sempre empregados e com contratos nos mesmos moldes citados antes (dos atletas).
Assim, exemplificando, Tardelli, mesmo com 34 anos à época, fecha contrato de 1 milhão por mês e contrato de 3 anos, o que lhe permitiu sair do Imortal, jogar no Galo, ser repassado para o Santos que o dispensou neste mês de Dezembro. O que ganharam os três clubes? Já o atleta e seu empresário...
Por que toda essa exposição acima? porque o Tricolor se quisesse fazer história, se quisesse preservar a sua instituição e sua imensa torcida, neste momento, de terceiro rebaixamento, poderia romper esse ciclo vicioso e inovar, buscando um profissional que conheça futebol para a sua vice direção e contratar um treinador que tenha potencial para quebrar paradigmas, dando, desta forma, exemplo que é possível sair da mesmice e colocar o clube na disputa de títulos, afastando o pensamento limitado de apenas subir para a Série A e, quem sabe, lutar por vaga na Libertadores em 2023.
Infelizmente, isso é só sonho de torcedor.