Pequenas Histórias (255) - Ano - 1973
Alfredo Domingo Obberti - El Mono
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Esta semana iniciou com uma notícia triste, segunda-feira, dia 05, faleceu aos 75 anos, Obberti, "El Mono", grande atacante canhoto, que atuou entre 1972 e 1973 no Imortal, vindo do Newell's Old Boys da cidade de Rosário, Argentina, para onde retornou no início de 74. Seu último jogo ocorreu em Dezembro de 1973, uma vitória gremista sobre a Portuguesa de Desportos.
Esta mesma semana finaliza com um Grenal no Sábado, estreia de Luiz Felipe como técnico (na foto de Junho de 72, Obberti aparece superando o jovem zagueiro do Aymoré, que viria a ser o treinador do penta campeonato mundial do Brasil, 30 anos depois).
El Mono meteu tanto gol (36) em apenas 2 dois anos, que virou o maior artilheiro estrangeiro do Grêmio, recorde que permaneceu intacto até a passagem de Hernán Barcos, o Pirata; isto é, por 40 anos.
Obberti foi um dos meus ídolos de adolescência; pertenceu a elencos fortes azuis, que enfrentaram a melhor fase do Internacional em toda a sua existência.
É falsa a ideia que os times do Grêmio desta época eram muito inferiores na comparação com o tradicional rival. Era, porém, nunca comparável aos distanciamentos do Rolo Compressor dos anos 40 e o Expresso da Vitória gremista dos anos 60.; tanto que os Grenais vencidos pelo Coirmão foram por diferença mínima e em duas ou três vezes, por 2 gols nestes 8 anos de hegemonia (1969 a 1976).
Para exemplificar, descrevo aqui o clássico de 20 de Maio de 1973, decisão do primeiro turno, empate no Beira-Rio, que o Inter ganhou no saldo de gols, pois ficou empatado com o Tricolor em pontos.
Dino Sani escalou o Inter com: Schneider; Edson Madureira, Figueroa, Hermínio e Jorge Andrade; Carbone, Paulo César Carpegianni (Escurinho) e Djair; Valdomiro, Manoel (Tovar) e Volmir.
Milton Martins Kuelle utilizou: Picasso; Cláudio Radar, Ancheta, Beto Bacamarte e Jorge Tabajara; Paulo Sérgio, Humberto Ramos (Bolívar) e Loivo (Carlinhos); Tarciso, Mazinho e Obberti.
José Luiz Barreto foi o árbitro e o público pagante superior a 60 mil pessoas.
A partida foi o tempo todo equilibrada com o meio de campo colorado composto por dois selecionados por Zagallo, Carbone, o melhor da partida e Paulo César, mais o menino Djair inspirado, inclusive, fazendo um golaço de fora da área, após receber passe de Valdomiro e driblar Humberto Ramos. Decorriam 18 minutos da primeira etapa.
O Grêmio foi para cima, Obberti conseguiu vitória pessoal sobre a zaga, usando a sua canhota, desferiu um chute potente que obrigou Schneider a ótima defesa. Ficou assim o primeiro tempo. 1 a 0; o empate servindo para os donos da casa.
No segundo, com as mexidas de Milton Kuelle, em especial, os ingressos de Bolívar no meio de campo e Carlinhos na ponta direita, passando Tarciso para o centro do ataque e Obberti para a ponta, o time cresceu, foi mais ofensivo. Numa estocada, aos 17 minutos, Bolívar lançou Carlinhos, este cruzou para o meio da área e El Mono Obberti cabeceou sem chances para o arqueiro rubro. 1 a 1.
Reacenderam as chances, o otimismo voltou e Dino Sani, trocou um centro-avante (Manoel) por um segundo volante, Tovar, povoou o meio com quatro atletas e segurou o empate, jogando o final da partida "com o regulamento embaixo do braço", conquistando o título do turno.
Na infância e adolescência, a vida parece andar mais devagar, todos os momentos são vividos com muita intensidade, por isso, quando pesquiso e vejo que Alfredo Obberti jogou apenas dois anos no Grêmio é difícil de acreditar, porque ele deixou marcas indeléveis na memória daquele jovem torcedor, mesmo passado meio século, praticamente.
Obrigado, El Mono.
Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
Arquivo Histórico de Santa Maria
Correio do Povo