Pequenas Histórias (77) - Ano - 1996-97/2001-02
Mauro Galvão, um zagueiro de exceção
Foto: Valdir Friolin
Com a chegada de Réver para o Inter e Douglas para o nosso Tricolor, renova-se prática que em sua maioria, resultou em rotundo fracasso, ou seja, trazer jogador que fez sucesso no rival ou então, "repatriar" antigos ídolos para suprir necessidades novas. São inúmeras experiências, as mais recentes, Edinho e Paulão, talvez Giuliano e Nilmar engrossem esta fila. Mário Sérgio entra nos raros êxitos (ex-Inter e Grêmio em 83), mas também aumentou o grupo dos equívocos (ex-Grêmio e Inter em 84). Tinga é exemplo de sucesso no retorno, mas quem se sobressaiu, sem dúvida foi Mauro Galvão: passou pelo Coirmão com retubante sucesso, aumentou o número de faixas no Grêmio e bisou, quando voltou ao seu clube de coração em 2001.
As primeiras notícias que tive de Mauro Galvão me chegaram pelo meu primo, o Lilico, hoje grande treinador de basquete e professor, cujas famílias (sua e de Galvão) eram amigas na rua Teixeira de Carvalho, próxima ao Olímpico. Galvão começou no Grêmio e foi trocado ainda juvenil por outro atleta com o Inter (quem será que foi o gênio gremista?).
Poucos dias antes de completar 18 anos, Mauro botou faixa de campeão brasileiro em 1979 com o mestre Ênio Andrade. Já despontavam a sua qualidade exuberante e a estrela de vencedor. Técnico, maduro para a idade, um zagueiro de exceção.
O adjetivo exceção acompanha sua carreira, pois em 86 disputando sua primeira Copa do Mundo, saiu do Beira-Rio para defender o ... Bangu, um clube pequeno do Rio, que acenava com um projeto de grandeza. Botou faixa, ganhando a Copa Rio.
Em seguida, um novo desafio, o Botafogo e nova façanha; após 21 anos sem ganhar absolutamente nada, o clube de General Severiano conquistou o campeonato carioca com Espinosa como treinador. Fica até 1990, ganha o Carioca de novo e disputa a Copa da Itália com Lazzaroni utilizando um 3-5-2. O Brasil afundou, no entanto, deixou a base para 94. Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes, Branco, Dunga, Bebeto e Romário eram titulares de Parreira até as lesões aparecerem.
Mauro Galvão estava pronto para a Europa e, em seguida vai para a ... Suíça; novamente, escolhe um curioso caminho. Fica "invisível", escondido e não vai para a Copa dos EUA. Joga lá até 1996, quando o Imortal o busca para substituir Adilson, o Capitão América que iria para o Benfica. Iria, pois houve problemas e o paranaense permaneceu no Olímpico. Humilde, Galvão vai para o banco; a zaga era Rivarola e Adilson.
Sua estrela ressurge na decisão, quando substituiu o capitão gremista, que levou o terceiro cartão amarelo contra a Lusa no jogo de ida, lá no Canindé. Está no poster da conquista do bicampeonato nacional do Tricolor.
Ano seguinte, titularíssimo, ganha a Copa do Brasil em pleno Maracanã. O Grêmio de Evaristo parou o Flamengo.
Sai do Tricolor para dar o maior título da história vascaína, a Libertadores da América em 1998, além dos campeonatos brasileiros de 97 e 2000.
Retorna para o Grêmio e antes de encerrar a carreira vitoriosa, ganha o Gauchão e especialmente, a Copa do Brasil de 2001.
Este é Mauro Galvão (na foto, cheio de faixas), que contrariou tendências dentro e fora de campo; sempre de forma vitoriosa. Um zagueiro com técnica de armador, "experiente" aos 17 anos, que jogou até completar 40 anos, outra exceção para a época.