Pequenas Histórias
(166) – Ano – 1961
O Grenal do Papai Noel
Azul
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Foto: Zero Hora |
1961 chegou cheio de
novidades para o Brasil, Jânio Quadros no final de Janeiro assumiu a
presidência do país consagrado pela maior votação registrada na história
nacional; mais de 5 milhões de votos, uma confiança que foi abalada em 25 de
Agosto, quando renunciou, deixando a nação boquiaberta e suscetível a tentativa
de golpe à ordem democrática, quando forças reacionárias buscaram evitar a posse de
João Goulart, o vice eleito pelo voto popular.
Jango resistiu, venceu
inclusive o engenhoso plebiscito, onde os brasileiros confirmaram a manutenção do
presidencialismo ante a hipótese de parlamentarismo, mas não concluiu o seu
mandato apeado que foi por um golpe que ceifou a democracia brasileira três anos depois.
No final do ano, aqui
no Rio Grande, ainda tangido pelo evento da Legalidade, o Internacional
interrompeu a sequência de títulos do Grêmio, evitando o hexa do clube da
Azenha, ganhando o Gauchão, que seria o único em treze edições (1956-1968).
Programou uma carreata “monstro”
para comemorar o feito, mas isso só ocorreria após o Grenal da última rodada, o
de nº 157, que seria jogado em 10 de Dezembro em seu estádio, os Eucaliptos
(Ildo Meneghetti). Fecharia a tampa do caixão daquele ano.
O técnico Sérgio Moacir
Torres Nunes escalou o flamante campeão regional com: Silveira; Zangão, Ari
Hercílio, Kim e Ezequiel; Cláudio e Oswaldinho; Sapiranga, Alfeu, Paulo Vechio
e Gilberto. Sérgio Lopes entrou no lugar de Cláudio e Cestari substituiu o
arqueiro Silveira.
Ennio Rodrigues sem
Gessy, lesionado, utilizou em todo o jogo: Irno; Altemir, Airton, Ortunho e
Mourão; Elton (Nadir) e Milton Kuelle; Cardoso, Marino, Juarez e Vieira.
O argentino Omar
Rodriguez de péssima arbitragem comandou o apito e como era de se esperar, o
estádio lotou.
O primeiro tempo foi
equilibrado com duas grandes defesas de Irno, o estreante da tarde. O Grêmio
respondeu com um lançamento de Nadir (que ingressou cedo, após lesão de Elton
aos 15 minutos) para Marino que achou Juarez na área, o “Tanque” arrematou,
vencendo Silveira, porém, o juiz anulou o tento, alegando impedimento de
Marino.
Silveira também fez
grande intervenção em conclusão de Marino.
O primeiro tempo
encerrou com o placar zerado.
Logo aos dois minutos,
Alfeu Martha de Freitas, irmão de Alcindo e do zagueiro Kim, acertou uma “bomba”
da entrada da área, inaugurando o placar. 1 a 0.
Aos 5, Ezequiel põe a
mão na bola na grande área, pênalti que Omar Rodriguez não assinala.
Em seguida, o juiz
expulsou Altemir, quando se imaginava ser Ortunho o excluído. Mais um
equívoco da arbitragem.
Aos 20, Irno e Ortunho “bateram
cabeça” na área e Alfeu, sempre esperto,
empurrou para as redes. 2 a 0 num clássico com a faixa no peito e o Grêmio com
um a menos; melhor era impossível.
Nadir aos 24 minutos
acerta uma cobrança de falta com a pelota batendo em Ezequiel na barreira numerosa
que prejudicou o arqueiro colorado. 1 x 2.
Os minutos finais foram
os mais emocionantes, pois aos 40, Nadir, o grande nome do clássico, levanta a
bola para a área rubra, encontrando Marino que cabeceou e empatou o Grenal. 2 a
2.
Aos 45 minutos vem a virada gremista; Cardoso e Milton tabelaram, o
ponta cruzou, Silveira hesitou, Juarez não, cabeceou com o arco abandonado e
vazio. 3 a 2. Silveira no chão, desmaiou e o reserva Cestari atuou nos
acréscimos.
Fim de jogo e o Rio
Grande conhece um personagem definitivo de sua história: Um jovem de apenas 22
anos ingressa ao gramado todo vestido de Papai Noel com o seguinte detalhe: O simpático
“velhinho” substituiu o encarnado tradicional da indumentária pelo azul celeste do Imortal,
foto acima.
Paulo Santana estreia
na vida dos Grenais de uma forma inigualável e marcante.
O mais importante
cronista gaúcho nos deixou esta semana, mas será sempre lembrado como o mais
ilustre e vibrante gremista. Claro! Não apenas por isso.
“Ser gremista é o sonho
delirante de não conseguir na vida ser uma outra coisa”. Paulo Santana
Fonte: Arquivo pessoal
do amigo Alvirubro
Correio do Povo