Pequenas Histórias (78) - Ano - 1975
O Dono da chave do cofre
Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/
Há exatos 40 anos, o ex-craque Luiz Carvalho, centro-avante do Imortal e da Seleção Brasileira dos anos 20 e 30, no último ano de sua gestão como presidente, resolveu dar uma guinada na condução financeira do clube. Trancou as torneiras por onde vazavam a grana da instituição e os sonhos distantes da torcida tricolor e cumpriu um ano de investimentos modestos no elenco, que via o Coirmão fechar 6 títulos consecutivos no Gauchão. Algo semelhante (mas não igual) ao que vive o Grêmio em 2015.
Até o final dos anos 60, Grêmio e Inter raramente buscavam reforçar suas equipes com jogadores de fora do Rio Grande; uma pequena parte vinha do Prata e outra de Santa Catarina, no mais, juvenis (não existia a categoria júnior) e no "celeiro" do interior gaúcho.
Na década de 70 passaram a trazer atletas de outros centros e aqui desembarcaram Benê, Lula, Marinho, Sérgio Lima, Dario, Land, João Ribeiro, Cao, Carlos Alberto Rodrigues, Negreiros, Humberto Ramos, Júlio Amaral, Mazinho, Carlinhos, Tarciso, Nenê, entre outros.
Não sei se foi só por isso, mas também por isso, o Grêmio comprometeu suas finanças e Luis Carvalho em 1975, apertou o cinto e investiu em jogadores de menos expressão, quase todos do interior do Rio Grande mais os pratas da casa, que se juntaram a remanescentes, egressos igualmente dos clubes pequenos do nosso estado como Jorge Tabajara, ex-Novo Hamburgo, João Carlos, ex-Santa Cruz, Luiz Freire, ex- Gaúcho de Passo Fundo.
Trouxe o promissor técnico do Esportivo, Ênio Andrade, que indicou o lateral Celso do Atlético de Carazinho, o goleiro Gasperin, o centro-médio Cacau e o ponta de lança Neca, todos de seu clube de Bento Gonçalves. O maior investimento foi Nenê, ponta-esquerda do Botafogo de Ribeirão Preto, São Paulo.
Além deles, Ênio contaria naquele ano com vários juvenis, o goleiro Alexandre, o lateral Vilson Cereja, o então ponta esquerda Bolívar (o original), Celso Freitas, volante, Luis Carlos, meio esquerda, Claudinho, centro-avante, Chico Spina, ponta direita, entre outros, que se somaram a Cláudio Radar, Beto Bacarmate, Beto Fuscão, Iúra, Tarciso, Loivo e especialmente, Picasso, Ancheta e Zequinha, os astros do elenco.
Não foi um ano bom, porém, nada diferente dos anos anteriores, até conseguiu levar para a prorrogação a decisão do Gaúcho contra um time muito superior, que no final do ano conquistaria o Brasil com seu futebol de entrega, organização e qualidade.
Conseguiu quebrar a invencibilidade no famoso Grenal de Zequinha, que fez 3 gols no jogo noturno no Beira-Rio. 3 anos e meio, 17 clássicos de seca. Uma das maiores partidas que vi meu time jogar.
Luiz Carvalho entregou ao seu sucessor, Hélio Dourado, um Grêmio mais sadio, que permitiu grandes investimentos em 76 e a volta dos títulos nos anos seguintes.
Na foto com a camisa celeste, uma bela invenção daquele ano, aparecem pela ordem, em pé: Vilson Cereja, Ancheta, Cacau, Beto Bacamarte, Jorge Tabajara e Gasperin; agachados: Zequinha, Iúra, Tarciso, Neca e Nenê.
Fica aqui o meu agradecimento especialíssimo ao amigo Alvirubro pelas informações de seu arquivo fantástico.
Seguem os gols deste Grenal inesquecível:
http://youtu.be/C8q9b5yjMY8