Meia-Verdade
Olhei todo o jogo do Botafogo e o segundo tempo do Flamengo. Vitórias espetaculares, inquestionáveis. Aliás, até o momento em que escrevo esta crônica, os brasileiros + River e Boca ainda não perderam.
Este quadro de invencibilidade de triunfos memoráveis serve para os da aldeia gaúcha desenvolverem teorias, onde grana grande, graúda, ganha uma dimensão quase de imprescindibilidade, resumindo: muita grana é suficiente para elevar a condição da Dupla Grenal para sobreviver no cenário nacional. Certo? Sim e não.
Sim, muito dinheiro, na média, na normalidade, ele é um elemento importante.
Não. Basta para esta afirmação os fracassos de PSG e Chelsea diante dos "primos pobres" deles, Botafogo e Flamengo.
Com esse estado de coisas, parte da imprensa se fardou a favor das SAFs, mas e a do Cruzeiro, do Ronaldo Fenômeno, que repassou para outro o clube e o Vasco da Gama?
O que vale, na realidade, é a competência, a qualidade e todos os outros elementos que, amalgamados, fazem um time vencedor.
Vejam o Botafogo; trouxe Luiz Castro, que fracassou no primeiro ano, depois, um campanha invejável até a sua saída, aí, a experiência ruim com Bruno Lage. Textor desistiu de suas convicções? Não, buscou Arthur Jorge, que botou faixa simultaneamente no Brasileirão e na LA. Ele "rapou o pé" e o dirigente não desanimou, correu atrás de outro português, Renato Paiva. Aliás, o Glorioso pode até sofrer um revés diante do Atlético de Madrid e ficar nesta primeira fase, mas isso não invalida o ótimo trabalho até aqui. Resumindo: não é só dinheiro o que se vê. É um processo que capta Almada, vende, traz Álvaro Montoro, argentino de 18 anos, ou Cuiabano, que estava sendo "lapidado" pela Comissão Técnica gremista, assim como fez com Tetê.
Sobre o Grêmio, olhem o time base de 2017 com uma solitária grande contratação (e que deu resultado): Lucas Barrios, depois estiquem o olhar para os "reforços" dos anos seguintes: Thiago Neves, Diego Tardelli, Rafinha, Douglas Costa e João Pedro Galvão. Qual foi o que deu melhores resultados? A grana não foi maior no pós-tricampeonato da Libertadores?
Finalizando: Grana é importante, mas não dá para dispensar Cuiabano para trazer Mayk ou Tetê ficar no time de transição e Alisson no time principal, seja qual for o orçamento do clube.
O furo é mais embaixo e cobra um preço muito elevado, mais do que "grana".