Pequenas Histórias (223) - Ano - 2017
O Homem que Matou o Facínora
(Ou: Permissão para seguir Sonhando)
(Ou: Permissão para seguir Sonhando)
Fonte: http://www.espn.com.br/ |
Em 1962, o diretor John Ford realizou um dos maiores filmes de faroeste de todos os tempos, O Homem que Matou o Facínora. Nele, um advogado chamado Stoddard (James Stewart), do Leste tenta vencer na vida, indo para o distante Oeste norte-americano. Tinha a certeza que a força da lei iria se sobrepujar à barbárie da utilização das armas na solução de contendas.
Ele teve que encarar o vilão, Liberty Valance (Lee Marvin) e imaginou dispensar a ajuda de um autêntico cowboy, Tom Doniphon (John Wayne), algo impensável, pois o advogado, além da dificuldade de convencer a população para a adoção de seus métodos, também era um péssimo atirador; "não acertaria nem um celeiro", segundo uma das frases da película.
O enredo se desenrola com um desfecho previsível: um duelo solitário entre o bandido e o mocinho ao melhor estilo do gênero: na bala.
Stoddard enfrenta Liberty e o mata, no entanto, o projétil fatal partiu da arma de Doniphon que, escondido, alveja o bandido, enquanto o tiro do advogado passa longe do alvo. Ninguém fica sabendo.
Assim, ele ganha fama por liquidar o facínora, se elege senador, vai para a capital e um dia retorna à cidadezinha para participar do funeral de Doniphon. Nesta ocasião, revela a um jornalista o que realmente ocorreu. Ele não matara Liberty, mas ficara com a fama. O jornalista prefere esconder a verdade e aí vem a principal fala do filme: " Se a lenda for maior do que a verdade, publique-se a lenda".
Em 2017, Marcelo Grohe cumpriu uma reta derradeira de Libertadores irrepreensível. Suas atuações nas semifinais e finais foram de altíssimo nível, ficando atrás apenas das do Rei da América, Luan, em importância.
Sua defesa monumental em Guayaquil, realmente fantástica, correu o mundo; virou a defesa deste século; ganhou ares de decisiva, porém, aquela que permitiu que o sonho da terceira conquista da América ocorresse, ficou escondida, ofuscada, embora vital na caminhada rumo ao pódio.
Ela ocorreu na Arena; uma cabeçada fulminante do zagueiro argentino Braghieri, que Grohe foi buscar de forma extraordinária no seu canto esquerdo. Ali, o Grêmio seguiu vivo para brigar pelo tri em Buenos Aires. Tratou-se de uma encruzilhada; sobreviver para prosseguir sonhando.
Ela ocorreu na Arena; uma cabeçada fulminante do zagueiro argentino Braghieri, que Grohe foi buscar de forma extraordinária no seu canto esquerdo. Ali, o Grêmio seguiu vivo para brigar pelo tri em Buenos Aires. Tratou-se de uma encruzilhada; sobreviver para prosseguir sonhando.
Esta defesa pode (e deve) ser comparada a de Mazaropi no pênalti contra o América de Cali no Olímpico em 1983 ou a de Cássio (Corinthians) diante de Diego Souza (Vasco) em 2012; certamente com a de Armani (River) frente à frente com Éverton na Arena, ano passado, quando o Imortal já ganhava por 1 a 0, todas definitivas para a conquista da Libertadores pelos seus clubes.
A história, às vezes, é cruel e insensível com alguns fatos decisivos, relevantes, como a virada que Paulo Isidoro promoveu em 1981 diante do São Paulo. Poucos lembram do sufoco daquela noite de Quinta-feira, 30 de Abril. Entretanto, ninguém esquece do "gol do título" de Baltazar, três dias depois no Morumbi, quando o empate servia.
O tempo privilegiará, dará ares de lendária a defesa de Grohe diante do Barcelona, porém, a verdadeira, fundamental, a que salvou o Tricolor do insucesso, permanece escondida, tal qual o autor do tiro certeiro que matou Liberty Valance.
Segue a defesa fundamental: