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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Opinião




O agonizante campeonato gaúcho

Estamos conseguindo, verdade! estamos quase no fundo do poço; o Gauchão como é, já deu o que tinha que dar. Saudosismo? Não mesmo, nem precisamos buscar números para justificar estas afirmações. Tem muita coisa errada e até um torcedor distraído (nosso caso) pode arriscar tecer comentários com margem pequeníssima de erro.

A Dupla Grenal era chamada de trem pagador porque realmente os estádios lotavam pelo Interior (com letra maiúscula). Um jogo em casa significava a salvação da lavoura, mas havia várias praças que protagonizavam grandes embates, isto é, sempre, no mínimo, 2 a 3 times de Pelotas e Rio Grande, a Fronteira era representada pelos de Bagé ou Livramento. Riograndense, Avenida e especialmente Inter SM e Santa Cruz garantiam o Centro do Estado. A Serra com no mínimo 4 por campeonato e se o público não era grande, era fiel. Tinha-se um "chão" onde pisar. O calendário para todos era de 12 meses.

Hoje, o que temos? Conforme a mídia noticia, parte dela (a outra parte usa a máxima do ex-ministro Rubens Ricupero: o que é bom a gente informa, o que é ruim a gente esconde) os números são quase que de uma sala de aula; 78 testemunhas para NH versus São José, 61 para Cruzeiro e Veranópolis. Há ainda clube que não jogou em seu estádio, mesmo retornando este ano a Série A, caso do tradicionalíssimo São Paulo de Rio Grande e o que dizer do "créme de la créme", Cruzeiro e São José no Lami com portões fechados?

Nas edições anteriores, a justificativa se ancorava pela presença de clubes sem torcida; Ulbra, Porto Alegre e dos novatos Cerâmica e Sapucaiense, mas e agora?

Há nitidamente um processo de desmantelamento do Gauchão, morte à míngua, dizendo-se que é irreversível. Sim, é real! mas não por fatalidade, mas por interesses. A televisão é o caminho, dizem. Aí lembramos dos nossos primeiros anos de universidade, quando aprendemos que a qualidade do produto, vinha sempre à frente do marketing, da mercadologia. Um é a essência, outro é uma ferramenta. De nada vale "vender" a ideia para o telespectador/torcedor se o produto é horrível. O resultado final será o fim dos estádios e a queda de audiência, porque ninguém tem estômago para assistir um São José X Grêmio às 4 da tarde, horário solar com a sensação térmica da grama sintética batendo em 60 graus centígrados, uma baba de time locatário e o visitante com sub-20.

A situação chegou a um ponto, que arriscamos dizer que Aymoré, São Paulo e Brasil-PE devem estar lamentando subir, pois na Segundona Gaúcha seus estádios estavam lotados, assim como aconteceu em Frederico Westphalen, para ficar noutro exemplo. O próprio Riograndense SM nas etapas finais teve média de 3.000 pagantes. 

Como não sabemos, deixamos uma questão: Como funcionou o Estatuto do torcedor para os jogos do São Paulo ano passado e como funciona agora; o que mudou? As pessoas e regras na Segundona são diferentes? 

É complicado entender o futebol aqui no RGS.

5 comentários:

  1. Bruxo, bom retorno!

    Olha, o que escreveste é a pura realidade do futebol gaúcho. Eu acompanho há muito tempo o nosso Gauchão, até porque tenho um banco de dados com as fichas técnicas das partidas. E o público neste 2014 é decepcionante. Parece que a cada ano o torcedor comparece menos no Estádio. E a FGF não se dá conta ou não quer enxergar, pois tem o contrato com a TV para arrecadar dinheiro. Mas aqui prá nós, até quando a TV vai pagar por um produto que ninguém tem interesse?
    Está mais do que na hora dos dirigentes pararem para pensar e se não tiverem a competência esperada, que contratem alguém para refazer o planejamento. Alguém tem que intervir, sob pena do futebol gaúcho entrar em decadência, a ponto de clubes centenários fecharem as portas.
    Para matar a curiosidade geral, eis o público oficial, da FGF, nas partidas do corrente ano. Se não fosse o Grêmio, a média seria infinitamente menor.

    19.1.2014 - GE Brasil 2x0 EC Cruzeiro Bento Freitas - 1 089
    19.1.2014 - CE Aimoré 1x2 EC Novo Hamburgo Cristo Rei - 446
    19.1.2014 - CE Lajeadense 0x0 EC Passo Fundo Alviazul - 221
    19.1.2014 - EC São José 1x0 Grêmio FBPA Passo D'Areia - 823
    19.1.2014 - EC Juventude 1x2 SC São Paulo Alfredo Jaconi - 2 731
    19.1.2014 - Veranópolis ECRC 2x2 SER Caxias Antonio David Farina - 324
    22.1.2014 - SER Caxias 4x2 CE Aimoré Centenário - 1 526
    22.1.2014 - EC São Luiz 0x1 EC Juventude 19 de Outubro - 1 112
    22.1.2014 - EC Novo Hamburgo 1x2 SC Internacional Estádio do Vale - 408
    22.1.2014 - EC Pelotas 0x0 Veranópolis ECRC Boca do Lobo - 1 378
    23.1.2014 - EC Passo Fundo 1x0 C Esportivo Vermelhão da Serra - 964
    23.1.2014 - Grêmio FBPA 2x1 CE Lajeadense Arena do Grêmio - 3 360
    23.1.2014 - EC Cruzeiro 2x1 EC São José Parque Lami - Portões fechados
    25.1.2014 - EC Pelotas 0x1 EC Juventude Boca do Lobo - 1 027
    25.1.2014 - SER Caxias 0x1 GE Brasil Centenário - 651
    26.1.2014 - SC São Paulo 0x0 C Esportivo Boca do Lobo - Portões fechados
    26.1.2014 - Grêmio FBPA 4x0 CE Aimoré Arena do Grêmio - 10 824
    26.1.2014 - EC São Luiz 1x1 CE Lajeadense 19 de Outubro - 608
    26.1.2014 - EC Novo Hamburgo 1x1 EC São José Estádio do Vale - 78
    26.1.2014 - EC Passo Fundo 1x2 SC Internacional Vermelhão da Serra - 1 772
    26.1.2014 - EC Cruzeiro 1x1 Veranópolis ECRC Morada dos Quero-Queros - 61
    29.1.2014 - Veranópolis ECRC 2x1 EC Novo Hamburgo Antonio David Farina - 117
    29.1.2014 - EC São José 2x0 EC Passo Fundo Passo D'Areia - 37
    29.1.2014 - CE Lajeadense 2x0 EC Pelotas Alviazul - 158
    29.1.2014 - CE Aimoré 1x1 EC São Luiz Cristo Rei - 178
    29.1.2014 - GE Brasil 1x1 Grêmio FBPA Bento Freitas - 5 026
    29.1.2014 - SC Internacional 2x1 SC São Paulo Estádio do Vale - 1 484
    29.1.2014 - C Esportivo 0x0 SER Caxias Montanha dos Vinhedos - 498
    30.1.2014 - EC Juventude 1x1 EC Cruzeiro Alfredo Jaconi - 1 865

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  2. A falta de aptidão (para não usar outro sinônimo) dos dirigentes gaúchos é capaz de alcançar resultados inesperados. Querem ver?
    Em 1994, com o interminável Campeonato Gaúcho, nós tivemos públicos realmente diminutos. Talvez tenha sido o Gauchão mais deficitário da história do Futebol Gaúcho. Públicos de 40, 50, 60 torcedores nos estádios teve aos montes.
    Para termos uma ideia, em 07.09.1994, o Grêmio vencia o Esportivo por 2x0, dentro do Olímpico, e 271 torcedores pagaram ingresso para entrar na história do Estádio da Azenha. Sim, entrar na história.
    Naquela data e próximo de completar 40 anos de existência, o Olímpico recebeu o menor público pagante, até então.
    Em 11 Dez 1994, 247 torcedores pagaram ingresso para ver 3 partidas seguidas dentro do estádio gremista. Sim, os dirigentes conseguiram alcançar o ineditismo de fazer 3 jogos de um mesmo clube, na mesma data. Só aqui no RS.
    20 anos depois eles conseguiram piorar ainda mais o Gauchão.

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    1. Alvirubro!
      Eu não tinha a intenção de contar essa história dos 3 jogos numa única tarde, pois muitos já conhecem, mas acho que ela merece uma "pequenas histórias".

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  3. Alvirubro!
    Algumas observações sobre o teu comentário:
    - É intencional " a morte à míngua". Ninguém vai me convencer que empresários bem-sucedidos não estejam vendo isso
    - Aos poucos, as pessoas vão se afastando da tevê pela ruindade do produto oferecido. Nas próximas fases, a tevê vai passar um Passo Fundo versus Veranópolis, por exemplo. Quem vai assistir a não ser os familiares dos atletas?
    - Quando teríamos 498 num confronto entre Esportivo x Caxias, há alguns anos?
    - Infelizmente, ninguém vai intervir

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    1. Complementando:
      São José x Passo Fundo com 37 testemunhas? Veja bem; 22 atletas, + ou - 12 reservas, 4 árbitros, 1 representante da FGF e já chegamos ao número de assistentes.
      É dose!

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