Pequenas Histórias (79) - Ano 1971-74
A grande arte
Fonte: http://www.renatocogo.com.br
Jogar bem em diversas posições é uma arte; ser polivalente garante lugar no grupo e uma carreira longa, ainda que não seja craque. Se for, melhor. A Copa de 70 é o maior exemplo, exagerando um pouco, havia dois camisas 5 e cinco camisas 10 entre os 11. Wilson Piazza e Clodoaldo, Gérson, Pelé, Jairzinho, Tostão e Rivelino.
Polivalente é uma adjetivo que o treinador Cláudio Coutinho introduziu no cotidiano do futebol, juntamente com overlapping e ponto futuro. Herança de sua passagem pela Seleção Brasileira na Copa da Argentina, 1978. Antes dele, atleta que jogava em mais de uma posição era chamado de eclético ou versátil.
No Grêmio, que é o que interessa, Everaldo, o tricampeão era a personificação do "eclético". Jogou nas laterais e em 70, 71 virou até jogador de meio de campo. Havia outros como Di, zagueiro buscado no Metropol de Criciúma que brincava na lateral direita, também. Torino, um falso ponta esquerda, que virou meia armador e mais tarde, camisa 5, um centro-médio ou volante.
Yúra começou como ponta direita, lançado por Daltro Menezes em 71, virou ponta de lança com Ênio Andrade e terminou meia esquerda no célebre time de 77 de Telê.
Mais recente, Mauro Galvão, Adilson Batista e Tinga são exemplos de improvisações que deram certo.
São muitos jogadores ecléticos na história Tricolor que é difícil enumerá-los sem cometer injustiça, mas alguns ficam fortemente na memória do torcedor. Dois deles, para mim, são inesquecíveis: Renato Cogo e Tarciso.
Renato Cogo era quarto-zagueiro (assim mesmo, hífen para designar o zagueiro pelo lado esquerdo da área), veio do Cruzeiro de Porto Alegre e só não jogou no gol do Grêmio, passou por toda a defesa, laterais e zaga. Sempre bem, tinha a raça como principal virtude, uma espécie de Oberdan com mais técnica, no entanto, esse seu ecletismo lhe foi prejudicial aqui no Grêmio; além disso, mesmo sendo os anos 70 de derrotas, o Tricolor se caracterizou neste período por montar boas defesas. A concorrência era forte.
Renato Cogo personificou para mim, o conceito de polivalência. Na foto acima, ele voa para se antecipar ao Rei Pelé, observado por Ancheta.
Outro atleta versátil ou eclético (polivalente) foi Tarciso, o mineiro que o Grêmio foi buscar no América do Rio em 1973 para ser o jogador que mais vezes vestiu o manto gremista em toda a sua história.
No ano anterior, Tarciso destruiu com o Coirmão no Beira-Rio e o clube carioca venceu com gol dele.
Tarciso veio para ser o centro-avante, jogou de 73 até 77 assim. Telê descobriu sua verdadeira posição e naquele ano virou ponta direita, chegando à Seleção.
Em 1983, o treinador Espinosa já com um menino de Guaporé como camisa 7, teve que buscar um lugar para Tarciso e na conquista da primeira Libertadores do Imortal, lá estava ele como ponta esquerda. O ataque era Renato, Caio ou César e Tarciso.
Pois, não é que no final do ano, Dezembro, cidade de Tóquio, Tarciso seria mudado de função, pois havia Paulo Cesar Lima, o Caju e Mário Sérgio? Retorna ao comando do ataque, ironicamente, vestia a camisa 9, que fora sua no início da exitosa carreira pelo Grêmio.
Atualmente, Luis Felipe tenta encontrar lugar para atletas recém chegados ao grupo e os coloca ora numa, ora noutra posição, no entanto, o Gringo sabe como poucos, que a versatilidade é uma arte. Uma pinguela perigosa a ser cruzada em busca do sucesso.
Obs: A maioria dos dados que me ajudou a compor esta crônica, busquei junto ao site de Renato Cogo (vide embaixo da foto) e do amigo Alvirubro.
Amigo Bruxo,
ResponderExcluiro que me pediste sobre o jogo contra o Coritiba, em 1977, está no teu e-mail. Acho que dá para tirar alguma informação.
Obrigado; vou verificar
ResponderExcluirSacanagem bruxo, tu fala nesses polivalentes, aí a gente olha pro Grêmio e vê Marcelo Oliveira, Galhardo...
ResponderExcluirPois é, Glaucio
ResponderExcluirAté agora estes dois, só serviram para me inspirar e escrever essa crônica.
O Marcelo jogando no meio, me agrada. Uma boa surpresa. O Grenal vai ser o teste definitivo.
Sinceramente? Mesmo sendo Grenal, gauchão, pra mim, só serve pra avaliação negativa;
ExcluirEle tem uma pegada forte e joga avançando, mas é muito cedo e é Gauchão.
ResponderExcluirEu também gostei do jogo dele, tanto no meio quanto na lateral.
Excluirbruxo, me veio algo à mente hoje, na verdade uma dúvida:
ResponderExcluirEm 94, a situação do time (não em termos de qualidade, mas de perfil de jogadores) era parecida?
E a "política de futebol" era a mesma?
Como era o comportamento do torcida no início?
O time demorou pra engrenar? Foram feitas muitas mudanças?
Glaucio
ResponderExcluirJá em 93 o Tricolor encostou no título, vice da Copa do Brasil; em 94,´campeão gaúcho com Dener no time; Luiz Felipe já era o treinador desde o segundo semestre do ano anterior, veio o título da Copa do Brasil e isso deu tranquilidade, Koff era 20 anos mais jovem, o Coirmão estava muito atrás em termos de títulos. Não havia cobrança da torcida.
Hoje, o Grêmio vive um dos piores momentos dos últimos 20 anos, excetuando-se os rebaixamentos.
Esse ano, ao menos, o gringo já está aqui desde o segundo semestre do ano passado.
ExcluirTava lendo no site do Grêmio, e lá pelas tantas, dizem que 94 teve um início difícil.
"Em 94, depois de um começo difícil[...]com um time formado sem estrelas, mas com jogadores que queriam provar seu valor..."
http://www.gremio.net/page/view.aspx?i=historia&language=0
Glaucio
ResponderExcluirA mudança da legislação alterou muito as relações; hoje, os jogadores sonham com Real Madrid e Chelsea, naquela época, os da base sonhavam com o time de cima.