Pequenas Histórias

Pequenas Histórias (86) – Ano 1967

Uma Vitória Estelar

Em pé: Arlindo, Everaldo, Cléo, Ari Hercílio, Altemir e Áureo
Agachados: Babá, Joãozinho, Alcindo, Sérgio Lopes e Wolmir.

Antes de tudo, convém avisar que esta crônica é quase irmã gêmea da anterior, a 85, que intitulei “Rasgando a touca verde”,  os temas são parecidos, por isso, o desenvolvimento dos textos se parece muito. Isso foi provocado.

O nome Palestra Itália traz dificuldades para o Imortal. O paulista Palmeiras e o mineiro Cruzeiro, já se chamaram Palestra Itália. Tem origens semelhantes e igualmente, levam vantagem na história dos confrontos contra o Grêmio. As famosas toucas. Uma verde, outra anilada.

Começou cedo, na antiga Taça Brasil, nenhuma vitória gaúcha sobre os mineiros.  A primeira apareceu no certame que antecedeu ao Brasileirão, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa na sua primeira edição em 1967.

Naquele ano, o mundo viveria o auge da cultura hippie e sua ideologia resumida em slogans seminais como  Flower Power, Make Love Not War, Peace and Love. São Francisco (Califórnia, EUA) era a capital mundial.

Beatles lançariam o inigualável Sgt. Peppers na onda da contracultura, onde foram bem acompanhados pela banda de Los Angeles chamada Love com seu Forever Changes e Surrealistic Pillow do Jefferson Airplane (São Francisco).

No Brasil, o  Festival de Música da TV Record atingiu o seu ápice, um nível insuperável, marcante e irrepetível. No entanto, 67 era também  o terceiro ano do golpe militar; a ditadura apenas engatinhava, Castelo Branco morreria acidentado e o torniquete iria apertar com Costa e Silva e especialmente, com Emílio Médici, seus sucessores.

Naquele final de Abril, eu completei 8 anos. Vivia anos de glória no futebol com a hegemonia avassaladora do Tricolor no Estado.

Uma semana mais tarde, dia 07/05, o Grêmio encarou o fortíssimo time do Cruzeiro, último campeão da Taça Brasil, conquistada em cima do Santos de Pelé no ano anterior, 1966.

Com o Olímpico transbordando de tanta gente pelo torneio nacional, o Tricolor mandou a campo sua principal formação: Alberto; Altemir, Ary  Hercílio, Áureo e Everaldo; Cléo e Sérgio Lopes; Babá, Joãozinho, Alcindo e Wolmir.

O clube de Minas entrou com Raul; Pedro Paulo, Cláudio, Procópio e Neco; Wilson Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Wilson Almeida, Evaldo e Ari (Dalmar). Não vieram o zagueiro William e os craques Zé Carlos e Tostão.

O Cruzeiro possuía um quadrado mais do que mágico no coração do time; o seu meio de campo era Piazza, Zé Carlos, Tostão e Dirceu Lopes. Para se ter ideia do que isso significava, todos eles estavam na lista da Copa de 70 de João Saldanha. O técnico gaúcho caiu e o seu sucessor, Zagallo dispensou dois deles.

O Grêmio deu aquele abafa inicial, Alcindo aos 5 minutos fez 1 a 0, recebendo cruzamento de Babá e mesmo acossado por Cláudio, fuzilou Raul Plassmann.

Em seguida, o Bugre (Alcindo) serviu Wolmir, cara a cara com o goleiro da camisa amarela, mas este perdeu.

Depois disso, o rumo da primeira etapa mudou e Alberto foi o herói daqueles 45 minutos. Na foto acima, é o único ausente, os demais estiveram no confronto.

O segundo tempo foi uma reprodução do anterior; bom início, depois, um sufoco mineiro, Alcindo cabeceou da pequena área e Raul brilhou para logo, sob a batuta de Wilson Piazza e Dirceu Lopes, o time de Belo Horizonte tomar conta da partida.

O jogo se complicou e o Tricolor tratou de valorizar a vitória, retardando o desenrolar das jogadas a tal ponto, que a cera exagerada fez uma vítima: Wolmir acabou expulso aos 36 minutos. Virou drama. Drama com final feliz.

O Imortal ganhou de 1 a 0, conquistando assim, a sua primeira vitória sobre o Cruzeiro.

Neste primeiro “Brasileirão disfarçado”, o Grêmio chegou entre os 4 finalistas.

Deixo aqui, os meus agradecimentos ao Alvirubro pela grande colaboração de sempre.