Pequenas Histórias (91) - Ano - 1985
O Grenal dos Bad Boys
Fonte: Zero Hora
1985 foi um ano especial para o Brasil e em particular, para mim. Após 21 anos de ditadura, tivemos um presidente eleito (mesmo que por via indireta), Tancredo estava escolhido e eu, após um estágio no mês de Dezembro, acabei me mudando para a capital.
21 de Abril, um Domingo, marcou a minha chegada a Porto Alegre; marcou também, a morte do político mineiro, o Brasil sofria então, novo revés no seu destino com a ascensão do vice presidente, um intruso na democracia sonhada pelo povo brasileiro.
Pois, entre o fim do meu estágio e a minha promoção, ocorreu o Grenal pelo campeonato brasileiro, jogado no Olímpico, dia 10 de Fevereiro com grande atuação dos ponteiros, Renato, o direito e Ademir, o esquerdo, especialmente o primeiro que foi eleito o melhor em campo. Outro destaque, o menino Valdo de intensa movimentação. Ficava a pergunta; como tirá-lo para a colocação de Alejandro Sabella, recém contratado?
Até hoje, portanto, 30 anos passados do evento, eu nunca entendera porque Ademir, um ponteiro raro, diria completo, não ficou uma ano no Tricolor? Obtive a resposta, pesquisando para esta "Pequenas Histórias": Perto dele, Renato torna-se um "bad boy light", diria, quase um seminarista. Vou lhes contar um pouco da vida do erechinense Ademir Padilha.
Aos 20 anos brilhou na Caçadorense, time pequeno de Santa Catarina, fez tanto sucesso que foi para o Joinville no início dos 80; aqui, reproduzo parte do texto do site www1.an.com.br, para se ter uma ideia do que Ademir fazia com os adversários: "...Em março de 80 Nelsinho jogava no Santos e o JEC apareceu na Vila para disputar uma partida do Brasileiro. Padilha arrancou do meio do campo, velozmente, carregando a bola, em zigue-zague, rente à lateral. No terceiro drible, Nelsinho foi parar no alambrado, de cócoras. Driblando no espaço correspondente ao diâmetro de uma mesa, Padilha era predador." Esse Nelsinho é o atual Nelsinho Batista. Quando atleta, era conhecido como Nelson (Ponte Preta, São Paulo e Santos).
Ainda utilizando texto do mesmo site, dá para ver que o cara era barra pesada: "...Gostava de um pileque e, quando bebia além da conta, pobre da mulher. Ademir chegava em casa quebrando pratos, chutando móveis e ai de quem atravessasse seu caminho. Em Joinville, deu e apanhou da polícia, fechou um prostíbulo na "Benjamin Constant" e não pagou a conta. Bateu em dois "seguranças", quebrou garrafas, pintou o sete...". Esse era Ademir, o Predador. Morreu aos 37 anos na maior miséria.
Vindo do Joinville, à época, a maior transação da história do futebol catarinense, Ademir teve seus dias de glória no Tricolor, um desses foi o clássico 273, vencido pelo Imortal com gols dele e de Renato, 2 a 0 para o time treinado por Rubens Minelli e Gilberto Tim na preparação física.
O Inter era tetra campeão gaúcho e base da Seleção Olímpica, vice-campeã em 84 em Los Angeles; portanto, era favorito para o "derby" porto-alegrense.
O Grêmio utilizou Mazaropi; Ronaldo, Baidek, Luis Eduardo e Casemiro; China, Luis Fernando e Valdo; Renato, Roberto César e Ademir. Entraram ainda o centro-médio Sérgio Peres (mesmo estilo de Dinho, Sandro Goiano) e Tarciso.
O Inter de Gilmar; Luis Carlos Winck, Aloísio, Mauro Galvão e André Luiz; Ademir Kaeffer, Luis Freire e Rubén Paz; Jussiê, Kita e Silvinho, substituído por Paulo Santos. O treinador era Otacílio Gonçalves da Silva Júnior.
Os gols ocorreram na segunda etapa, goleira da esquerda das sociais: Aos 14 minutos, Renato driblou Ademir Kaeffer e Mauro Galvão, cruzou forte sobre a zaga vermelha e a bola se ofereceu para Ademir, que bateu de primeira no canto direito de Gilmar.
Logo, aos 19, Renato, que estava sendo observado pelo treinador da Seleção Brasileira, o mestre Evaristo de Macedo; lançado, invadiu pela direita, ingressou na área e soltou uma bomba; a bola ainda tocou no arqueiro vermelho e entrou no ângulo superior esquerdo (vide foto acima).
Mais de 32 mil pessoas assistiram esta vitória, que teve Carlos Martins como árbitro.
Um vitória incontestável, cuja lembrança, sempre me remeteu àquele ponta veloz, driblador, de chute forte e preciso, que, infelizmente, não conseguiu enganar os adversários de fora das quatro linhas.
Nesta crônica contei como fonte, os arquivos do amigo Alvirubro, os dados do cd rom da Placar, mais os sites www1.an.com.br e noticiahoje.net.
Até hoje, portanto, 30 anos passados do evento, eu nunca entendera porque Ademir, um ponteiro raro, diria completo, não ficou uma ano no Tricolor? Obtive a resposta, pesquisando para esta "Pequenas Histórias": Perto dele, Renato torna-se um "bad boy light", diria, quase um seminarista. Vou lhes contar um pouco da vida do erechinense Ademir Padilha.
Aos 20 anos brilhou na Caçadorense, time pequeno de Santa Catarina, fez tanto sucesso que foi para o Joinville no início dos 80; aqui, reproduzo parte do texto do site www1.an.com.br, para se ter uma ideia do que Ademir fazia com os adversários: "...Em março de 80 Nelsinho jogava no Santos e o JEC apareceu na Vila para disputar uma partida do Brasileiro. Padilha arrancou do meio do campo, velozmente, carregando a bola, em zigue-zague, rente à lateral. No terceiro drible, Nelsinho foi parar no alambrado, de cócoras. Driblando no espaço correspondente ao diâmetro de uma mesa, Padilha era predador." Esse Nelsinho é o atual Nelsinho Batista. Quando atleta, era conhecido como Nelson (Ponte Preta, São Paulo e Santos).
Ainda utilizando texto do mesmo site, dá para ver que o cara era barra pesada: "...Gostava de um pileque e, quando bebia além da conta, pobre da mulher. Ademir chegava em casa quebrando pratos, chutando móveis e ai de quem atravessasse seu caminho. Em Joinville, deu e apanhou da polícia, fechou um prostíbulo na "Benjamin Constant" e não pagou a conta. Bateu em dois "seguranças", quebrou garrafas, pintou o sete...". Esse era Ademir, o Predador. Morreu aos 37 anos na maior miséria.
Vindo do Joinville, à época, a maior transação da história do futebol catarinense, Ademir teve seus dias de glória no Tricolor, um desses foi o clássico 273, vencido pelo Imortal com gols dele e de Renato, 2 a 0 para o time treinado por Rubens Minelli e Gilberto Tim na preparação física.
O Inter era tetra campeão gaúcho e base da Seleção Olímpica, vice-campeã em 84 em Los Angeles; portanto, era favorito para o "derby" porto-alegrense.
O Grêmio utilizou Mazaropi; Ronaldo, Baidek, Luis Eduardo e Casemiro; China, Luis Fernando e Valdo; Renato, Roberto César e Ademir. Entraram ainda o centro-médio Sérgio Peres (mesmo estilo de Dinho, Sandro Goiano) e Tarciso.
O Inter de Gilmar; Luis Carlos Winck, Aloísio, Mauro Galvão e André Luiz; Ademir Kaeffer, Luis Freire e Rubén Paz; Jussiê, Kita e Silvinho, substituído por Paulo Santos. O treinador era Otacílio Gonçalves da Silva Júnior.
Os gols ocorreram na segunda etapa, goleira da esquerda das sociais: Aos 14 minutos, Renato driblou Ademir Kaeffer e Mauro Galvão, cruzou forte sobre a zaga vermelha e a bola se ofereceu para Ademir, que bateu de primeira no canto direito de Gilmar.
Logo, aos 19, Renato, que estava sendo observado pelo treinador da Seleção Brasileira, o mestre Evaristo de Macedo; lançado, invadiu pela direita, ingressou na área e soltou uma bomba; a bola ainda tocou no arqueiro vermelho e entrou no ângulo superior esquerdo (vide foto acima).
Mais de 32 mil pessoas assistiram esta vitória, que teve Carlos Martins como árbitro.
Um vitória incontestável, cuja lembrança, sempre me remeteu àquele ponta veloz, driblador, de chute forte e preciso, que, infelizmente, não conseguiu enganar os adversários de fora das quatro linhas.
Nesta crônica contei como fonte, os arquivos do amigo Alvirubro, os dados do cd rom da Placar, mais os sites www1.an.com.br e noticiahoje.net.
Dificilmente comento nessas postagens, mas só pra ficar o registro, sempre as leio, tanto as tuas, como as do Alvirrubro acrescentam muito, continuem firme nessa.
ResponderExcluirAbraço e bom final de semana.
Glaucio!
ResponderExcluirObrigado, tenho recebido o mesmo comentário; outro dia foi no supermercado. Estranhei, a gente se engana, pois muitos não deixam comentários.
Bhá, que história, como o futebol mudou...
ResponderExcluirPJ
ResponderExcluirMas tem os Jobson de hoje, mudou a cachaça para o crack ou cocaína.
Mas estes não se criam né Bruxo, não viram "lenda".
ExcluirPJ
ResponderExcluirNão se criam, especialmente com o nível de competição física, que o futebol atingiu.
Parceiro eu só filho do Ademir ficaria muito feliz se vc conseguisse mais algumas histórias dele
ResponderExcluirValeu; gostaria de saber o seu nome.
ExcluirVamos ver o que temos.