Pequenas Histórias
(99) – Ano – 1997
Bons Tempos, Hein?
Foto: José Doval |
Aproprio-me do título
de uma das muitas obras relevantes de Millôr Fernandes, produção dos anos 79/ 80, mas diferentemente do gênio
carioca, que nela, exercia uma de suas mais célebres características, a ironia,
nesta crônica, a manchete se refere realmente, aos bons tempos azuis da década seguinte, os “90”.
Também, é necessário,
antes de me aprofundar no texto, referir o que o alvirrubro Alvirubro,
colaborador deste blog, esconde em seus arquivos implacáveis. Esta é uma
história incrível, que poucos conhecem. Coisa de “ourives”, de pesquisador das
esquinas do futebol, dos subterrâneos da bola.
Pois bem, corria o ano
de 97, o Imortal ostentava o título de campeão brasileiro de 96 e recém conquistara o tri da Copa do Brasil,
sob a batuta do mestre Evaristo de Macedo (foto acima); conseguindo assim, o
impensável: ser simultaneamente campeão das duas maiores competições do Brasil.
Um 2 a 2 em pleno Maracanã, com alguns desfalques, superando o Flamengo de Romário em Maio, selou esta condição.
Um 2 a 2 em pleno Maracanã, com alguns desfalques, superando o Flamengo de Romário em Maio, selou esta condição.
Três dias após a
conquista no Rio de Janeiro, o Tricolor encarava no Olímpico, o Pelotas,
partida válida pelo certame gaúcho.
Evaristo mandou a campo
um Grêmio bem descaracterizado, porque os titulares ainda estavam “inebriados”
pela conquista nacional, também, porque no meio de semana, enfrentariam o
Cruzeiro pela Libertadores, diante disso, o treinador utilizou Murilo; Marco
Antônio, Luciano, Éder e André Silva; André Vieira, Djair, João Antônio e Paulo
Henrique; Marcos Paulo e Maurício. Ainda entrou Rodrigo Gral no lugar de João
Antônio; aliás, ambos estiveram na decisão dias antes.
O Pelotas de Valmir
Louruz usou Hugo, Clairton, Alessandro, Vilson e Carlinhos Capixaba; Marco
Aurélio, Dido e Chiquinho; Liminha, Wallace, mais tarde Chulapa e Gilmar.
Aos 13 minutos,
Alessandro abriu o placar, de cabeça. Em pouco tempo, o time pelotense ampliaria;
Liminha cobrando falta faria 2 a 0. Isso em 21 minutos de partida.
O Imortal acordou e foi
para cima; em três minutos empatou, 35 e
37; o lateral Marco Antônio, de cabeça e o centro-avante Maurício (uma das
muitas tentativas frustradas de substituir Jardel) fizeram os gols, este
último, aparando rebote do arqueiro Hugo.
A etapa final reservou
surpresas apenas para o seu epílogo; aos 45 minutos, Paulo Henrique pôs o
Grêmio à frente no marcador, cobrando penalidade máxima, porém, o
ponta-esquerda Gilmar empataria nos acréscimos, aos 50 minutos. Placar final 3
a 3.
Aí vocês talvez me
perguntem: - Uma crônica feita em cima de um jogo do Gauchão sem ser decisivo
contra um clube do interior no Olímpico, espremido entre a conquista da Copa do
Brasil e um confronto contra o Cruzeiro pela Libertadores, onde o Grêmio enviou
a campo só reservas, por quê?
Porque esta partida foi
assistida por nada mais, nada menos do que 61.315 pessoas.
Além do estado anímico
nas alturas pelas conquistas, a torcida gremista foi gratificada com entrada
franca nesta partida; isso mesmo! De graça.
Bons tempos, hein?
Dentro e fora dos gramados.
Fonte: Arquivo pessoal
do amigo Alvirubro
Buxo, não foram muitas as partidas com portões abertos na história gremista. Com exceção dos anos iniciais, onde não havia cobrança de ingresso para o torcedor, entradas francas foram se tornando raras. A última vez que o Grêmio abriu os portões do estádio para o público foi dia 04.06.2000 (Domingo - 10h30) Grêmio 2x0 FBC Rio-Grandense, de Rio Grande. Gols de Amato e de um gurizinho chamado Ronaldinho. Pouco mais de 3000 pessoas foram ao jogo. Em 1983, antes do embarque do Tricolor para Tóquio, a direção abriu os portões do velho Olímpico, e em torno de 15000 torcedores foram dar o "tchau" ao time que viria a ser campeão do mundo. Só que o adversário foi o Novo Hamburgo, que nada viu de festa na partida e ganhou do time gremista por 1x0, gol do Guinga.
ResponderExcluirAlvirubro
ResponderExcluirPor isso o fato espetacular de por mais de 61 mil pessoas. Mesmo que de graça "até injeção na testa"; é muita gente. Um fenômeno aquela tarde.
Verdade! Não sei se existe fato similar no futebol brasileiro. Tanta gente em um jogo pratcamente morno, sem atrativos, com time reserva. É a devoção do torcedor ao clube. Certamente!
ExcluirGuinga, fantástico centro-avante do Riograndense de Santa Maria.
ResponderExcluirTu vês como era o futebol naqueles tempos. Guinga não teve chance na Dupla. Hoje, seria facilmente atacante titulara nos dois da Capital.
ExcluirEra bem superior, por exemplo ao William José e (nem se fala) Vitinho, ora no Imortal.
ExcluirDevoção, porque 3 dias antes botou faixa no peito e vinha de uma década recheada de títulos; na contramão disso que escrevi, foi o crescimento da torcida corinthiana, o maior índice verificou-se na escassez de títulos.
ResponderExcluirMuito bom saber desses detalhes da história do Grêmio.
ResponderExcluirPara qualquer clube de futebol o seu maior patrimônio é a torcida.
Marcelo Flavio
ResponderExcluirE o mais legal disso é que apesar da escassez de títulos, nosso clube cresce cada vez mais em número de torcedores. Abraços.