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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Pequenas Histórias



Pequenas Histórias (113) - Ano - 1983



Vencendo na Altitude

Fonte: http://gremio1983.blogspot.com.br

1983 foi um grande ano para mim. Muitas alegrias, boas lembranças; uma delas a de participar de um churrasco à noite na Sexta-feira, dia 25 de Março.

Não lembro de quem era o aniversário, mas foram duas casas ao lado da minha, com  gente muito boa, “gente da melhor qualidade” como diz o narrador Mário Lima.

Pois bem,  havia o Cezar, estudante de Veterinária,  hoje mais de 30 anos, professor concursado, talvez aposentado da Universidade Federal do Ceará. Cezar tinha o apelido de “Caixa”, porque era a sua função nos finais de semana na boate do Diretório Central dos Estudantes, a famosa DCE e era “doente” pelo Colorado, um piadista de primeira e grande sujeito. Impossível ficar brabo com o cara. Namorava a filha mais velha do meu vizinho, casou e teve uma filha.

Onde entra o Cezar nessa história? Acontece que naquele mesmo momento da comemoração, o Tricolor encarava a altitude de 3.300 metros acima do nível do mar em La Paz, a capital boliviana, enfrentando o Bolívar, campeão nacional daquele país. Enfrentamento na fase de grupos da Libertadores, que afinal, o Tricolor conquistou pela primeira vez.

Tudo indicava que o Imortal, a exemplo de tantos outros clubes, iria se dar mal naquelas alturas e eu, ia ficar um pouquinho e iria, prudentemente, assistir a partida na minha casa, esperando pelo pior. Homem de pouca fé.

Mas, bebida vem, bebida vai, salsichão sendo servido; carne atrasando um pouco e o Cezar insistindo para que eu e meu irmão ficássemos para ver o jogo lá. A arapuca estava armada.

Primeiro tempo, o Tricolor encolhido, Renato e Cezar, nosso camisa 9, jogando pouco, quase nada e no arco, Remi. Precisa dizer mais? O Remi era gente boa, formado na base, ficara muito tempo na reserva, aguardando a sua chance; gramou de 76 a 83; este ano parecia ser a sua verdadeira oportunidade. Só que ele era “uma no cravo, outra na ferradura”; mais, muito mais na ferradura. Num jogo contra o São Paulo pegou dois pênaltis no Morumbi, cobrados pelo craque Careca, mas noutro lance, numa cortada digna de vôlei, fez um golaço contra. Assim era o Remi. Não iríamos a lugar algum com ele no gol.

Depois de três importantes defesas, lá pelos 34 minutos, Gallo chutou de longe e Remi "bateu roupa", soltando a pelota nos pés do zagueiro Navarro, que empurrou para as redes. 1 x 0. Fim da etapa inicial.

Eu fiz menção de levantar, disse que ia ver o jogo em casa, coisa & tal; eu e meu irmão estávamos cercados de colorados, especialmente o amigo Cezar, porém, fomos convencidos pelos comes e bebes e ficamos para ver a etapa complementar, esperando pelo pior, pensando bem, nem tanto, afinal, estávamos entre amigos. O negócio era me preparar psicologicamente para a flauta vermelha.

Não é que o Tricolor voltou melhor? Aos 20 minutos, Espinosa saca Cesar e coloca Tarciso. O time fica mais confiante, 1 minuto depois, Casemiro cruzou um bola da esquerda para a cabeça de Osvaldo, que testou de cima para baixo e enganou o arqueiro Elso. 1 a 1. Fantástico! Por mim,  o jogo terminaria ali. Topava na hora um acerto com os bolivianos.

Quando a partida se encaminhava para a parte derradeira, nova troca de passes perfeita, capitaneada pelo craque da camisa 10, Tita; este atrasa para China (na foto), o volante domina, dá alguns passos e solta um foguete no ângulo direito superior do goleiro. Um goooolaço! 2 a 1.

O Tricolor utilizou Remi; Silmar, Leandro, De Leon e Casemiro; China, Osvaldo e Tita; Renato, Cesar (Tarciso) e Tonho (Paulo Bonamigo).

O Bolívar de Elso; Vargas, Navarro, Urizar e Arias (Figueroa); Angulo, Gallo e Romero; Borja, Salinas e Silva (Baldessari).

Ali, o Grêmio ainda não estava formatado definitivamente, porém, havia alguma coisa mágica no ar, algo diferente, positivamente diferente.

E o Cezar? Continuou o amigão de sempre. Espertamente, apertou a mão dos poucos gremistas e profetizou, que jogando com aquele "rasgo", o Grêmio "perigava" ser campeão.

Seguem os gols da partida:




Fontes: Correio do Povo
              Zero Hora
              Revista Placar
              gremio1983.blogspot.com.br





7 comentários:

  1. China, outro "sujador de calção" ?

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  2. O futebol mudou muito,mas em determinados jogos, um volante às antigas, ainda, tem seu espaço.

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    1. Que golaço! (o do vídeo)

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    2. Fez outro igual num Grenal, aliás, meu primeiro clássico no Beira-Rio.

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  3. Tu não estavas neste aniversário, Alvirubro?

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