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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (117)

A Obra-Prima de Vicente 

Fonte: Zero Hora

Conheci Vicente numa tarde na Baixada Melancólica, estádio do Inter-SM, mas quem enfrentava o Guarany de Bagé, clube dele, era o meu Riograndense. Vicente servia ao Exército brasileiro, usava o tradicional corte de cabelo de quem era cadete.

A partida terminou 1 a 0, gol justamente de Vicente, cobrando penalidade máxima na goleira que fica para o cemitério (daí, decorre o apelido do estádio Presidente Vargas), a mesma que Chamaco Rodriguez fez o gol de calcanhar, uma bicicleta ao contrário. Agora estão chamando de gol “Escorpião”. Sobre o gol de Chamaco, tratamos em nossa primeira Pequenas Histórias.

Era um quarto-zagueiro técnico, mas muito raçudo, aliás, por ser irresignado, sua técnica parecia ficar em segundo plano. Um erro de quem observava o atleta sem a devida atenção.

Jogando no time e posição onde surgiu o lendário Calvet, ex-Grêmio e bicampeão mundial pelo Santos, era natural que o velho mestre o indicasse para o Santos.

Assim, Vicente foi atuar ao lado de Cejas, Oberdan, Carlos Alberto, Clodoaldo, Pelé e Edu, entre outros.

No final de 77, Oberdan, cuja passagem pelo Grêmio fora marcante, avisou a Telê Santana que agora, realmente iria pendurar as chuteiras e indicou Vicente, cuja trajetória era parecida com a dele, Santos e Coritiba em seus currículos, como seu sucessor no Imortal. Sugestão aceita prontamente.

Vicente chegou no início do ano seguinte, mas, Oberdan foi convencido a ficar mais um semestre pelo menos e assim o bageense "gramou" um banco em seu novo clube.

Aliás, em 1996 algo parecido ocorreu, quando Adilson, o Capitão América foi vendido para o Benfica e o negócio melou, antes disso, o Imortal já acertara a vinda de Mauro Galvão, que também aguentou a reserva naquele ano.

Vicente botou faixa em 79 e 80 no Imortal. Um destaque na zaga tricolor.

Faleceu de câncer na véspera do Natal de 2011; tinha 62 anos.

A mais bonita lembrança que tenho dele, decorre de um Grêmio 5 a 2 no Flamengo no ano de 1978, mais exatamente em 09 de Julho, pelo campeonato Brasileiro, tendo como local o eterno Olímpico Monumental.

O time de Telê Santana não tomou conhecimento do “mais querido do Brasil” e o goleou espetacularmente.

O mestre mineiro utilizou Corbo; Vilson Cereja, Ancheta, Vicente e Ladinho; Vitor Hugo, Tadeu Ricci e Yúra (Valderez); Botelho (Éder), Tarciso e Renato Sá.

O Flamengo treinado por Joubert lançou mão de: Cantarelli; Ramirez, Adriano, Nélson e Júnior; Merica, Adílio e Paulo Cesar Carpegianni; Júnior Brasília (Evilásio), Cláudio Adão e Valdo (Santos).

Aos 31 minutos da fase inicial, Yúra abriu o placar, quando Botelho aproveitou vacilo da zaga rubro-negra e serviu o camisa 10 gremista, que colocou o Tricolor em vantagem.

Nos acréscimos, 46 minutos, apareceu uma das maiores características do time de Telê, isto é, defensores marcando gols. Numa cobrança de falta ensaiada, Tarciso acertou o travessão e o lateral esquerdo Ladinho empurrou com o corpo, já em cima da risca fatal. 2 a 0.

Éder que estava castigado por Telê, entrou mordido na segunda etapa e logo aos 4 minutos apanhou um rebote, driblou para dentro, na altura da meia direita, chutou forte, rasteiro e contou com a falha de Cantarelli.

O Flamengo que fizera entrar o nordestino Santos, descontou através dele, tento resultante de ótima jogada de Evilásio, que passou fácil por Vicente, cruzou, Cláudio Adão se atrapalhou, mas, Santos não. 3 a 1.

Aos 20 minutos, o grande lance da partida; o gol de Vicente; ele  apanhou a bola na divisória da cancha, após desarmar um avante carioca. Avançou solitário e foi desbravando a zaga adversária. Foi passando por quem se apresentasse à sua frente, de repente, estava diante de Cantarelli, com leve toque de pé direito deslocou o arqueiro e fez um golaço. 4 a 1.

Na foto acima, Vicente (des)aparece, abraçado por Yúra (de frente), Vilson (camisa 4) e Vitor Hugo (meias arriadas) no momento da comemoração de seu gol.

Aos 38 minutos, Renato Sá, eleito o melhor jogador da partida, ampliou para 5, batendo de pé esquerdo e contando com o desvio da zaga rubro-negra. 5 a 1.

O placar definitivo deste clássico nacional foi alcançado nos minutos derradeiros, quando Vilson Cereja cometeu pênalti em Júnior.

O próprio cracaço bateu com maestria, convertendo a penalidade. Resultado final, 5 a 2.

Esta é a maior e melhor recordação que tenho daquele beque lutador, líder natural, leal, que nunca se entregava em campo.


Fonte: Jornal Zero Hora

Abaixo, vídeo de lances do jogo:


9 comentários:

  1. VICENTE em campo (1978 a 1981), no Tricolor, teve:
    146 jogos
    91 VITÓRIAS
    39 EMPATES
    16 DERROTAS
    Marcou 7 gols pelo Grêmio.

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    1. 16 derrotas em 146 jogos, isto significa que em 89% das vezes, Vicente não perdeu.

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    2. Quem substituiu o Vicente no Guarany de Bagé foi meu tio Cláudio em 1974, ele jogava no Riograndense de Santa Maria e formou com o Vicente a dupla de zaga da seleção do III Exército, bi campeã brasileira em Minas Gerais em 1971!

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    3. Alexandre
      Se não me engano, o Cláudio formou zaga com o Bira no Riograndense.
      Quando ele vai para o Guarany, o Riograndense trouxe o Neca, zagueiro do Sá Viana, de Uruguaiana para o lugar dele.

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  2. Alvirubro
    Ele estava na campanha do título do Brasileirão de 81?

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    1. Participou de 4 jogos, Bruxo:
      18.01.1981 - Grêmio 0 x 0 Goiás EC
      28.01.1981 - Grêmio 1 x 1 EC Pinheiros
      21.02.1981 - Grêmio 1 x 2 Operário FC
      08.03.1981 - Grêmio 0 x 3 São Paulo FC

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    2. Os quatro, jogos fora de Porto Alegre.

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  3. Este último, que foi um divisor de águas. Ênio manteve apenas Leão e De Leon e rejuvenesceu a defesa; Paulo Roberto, Newmar e Casemiro; e pensar que hoje, o Raul "não está pronto ainda".

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    1. Exato! E foi a última partida do Vicente no Grêmio.

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