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domingo, 6 de novembro de 2016

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (140) - Ano - 1979


Com um Artilheiro é mais Fácil

Fonte: zh.clicrbs.com.br

"Para fazer gols, não tem que enfeitar muito. É preciso fazer as coisas do modo mais simples possível. Às vezes, o atacante trabalha muito a bola, dá um drible a mais. Quanto mais chutar, melhor".(Baltazar Maria de Morais Júnior, foto acima).

Em 1979, o Tricolor possuía um dos melhores centroavantes que vi jogar: André Demolidor, que aqui no Sul virou André Catimba, mas ele já estava com mais de 30 anos e era uma época, que o Caetano Veloso cantava: "Não confie em ninguém com mais de 30", além disso, a Direção (leia-se Hélio Dourado) saiu às compras: Manga para o gol, Dirceu para a lateral esquerda, Nardela e Paulo César Lima para o meio de campo e Jurandir, Baltazar + Jésum para o ataque.

O camisa 9 do Atlético Goianense veio silencioso, afinal, sua fama se restringia ao estado de Goiás, iria fazer 20 de idade naquele ano; natural que fosse visto como um investimento a longo prazo, mas ele tinha "fome de gols" e muita obstinação; resultado: Virou titular já no Gauchão daquele ano, sendo um dos responsáveis pelo título folgado conquistado pelo time treinado por Orlando Fantoni.

Irônica e "iconicamente", o gol mais famoso dele, o da conquista no Morumbi em 1981, foi uma obra-prima, uma matada estilosa no peito, um chute de fora da área no ângulo superior esquerdo da meta de Valdir Peres de Arruda; quase uma exceção, pois, o negócio dele era simplificar ao máximo, fazia gols de almanaque tipo manual prático do artilheiro.

Para ilustrar esta crônica, recordo um Grêmio versus Sport Recife realizado em 26 de Setembro no Olímpico, quando os garotos Baltazar e Leandro marcaram os tentos daquele 4 a 0.

Naquela tarde, mais de 11 mil pessoas assistiram a goleada, que teve arbitragem baiana de Manoel Serapião Filho.

O Imortal do interino Ithon Fritzen (veja o espaço Comentários) utilizou: Manga (Remi), Vilson Cereja, Álvaro, Vicente e Dirceu; Victor Hugo, Jurandir e Leandro (Nardela); Tarciso, Baltazar e Éder.

Vail Mota lançou mão de: Fernando Lira; Paulo Maurício, Cícero, Luís Cosme e Darinta; Flamarion, Denô e Didi Duarte; Clodivaldo (Valmir), Roberto e Pita (Marcílio).

Apesar do retrancão nordestino, a partida foi um massacre, o texto que tive acesso, diz que "acabou prevalecendo o futebol insinuante, envolvente e agressivo" do representante gaúcho, por isso, o placar dilatado acabou espelhando o que se viu em campo, mas eu arrisco dizer, que sem um goleador nato, a história teria outro final, seria feliz ainda assim, mas seria outro, com certeza.

A goleada contou com erros defensivos gritantes como no primeiro gol assinalado, quando Fernando Lira rebateu mal um escanteio cobrado da direita, colocando a bola na cabeça de Baltazar. 1 a 0. Decorriam 43 minutos do primeiro tempo.

Na etapa derradeira, logo aos 16 minutos, um "video tape"; escanteio batido, a zaga se atrapalha e Leandro (que virou Jorge Leandro, mais tarde) finalizou com facilidade. 2 a 0.

Passados apenas 2 minutos, Jurandir e Baltazar entraram tabelando; este, na cara do arqueiro, ampliou para 3 a 0.

A jornada infeliz do goleiro Fernando Lira contribuiu decisivamente no quarto gol, pois saiu atabalhoadamente do arco num cruzamento, que foi aproveitado pelo camisa 9 gremista. Terceiro dele na partida.

Amanhã, segunda-feira, o Tricolor entra em campo na Arena, diante de um Sport Recife desesperado com 40 pontos na tabela, namorando a zona de rebaixamento, o que ameniza um pouco é o foco gremista, que pode estar lá no final de Novembro e a ausência de um artilheiro "de carteirinha" no ataque Tricolor.

Fonte: Arquivos do amigo Alvirubro







27 comentários:

  1. Bruxo,

    apenas lembrando que Orlando Fantoni estava licenciado. Ithon Fritzen comandou o Grêmio, haja vista que o técnico principal recebeu um período longo de licença, pois contraiu uma broncopneumonia, em Porto Alegre.

    Fantoni refugiou-se em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e no período fora do RS o Fluminense e o Cruzeiro tentaram tirá-lo do Grêmio.

    O "Titio" manteve a palavra, e o contrato com o Grêmio, e retornou ao banco de reservas no amistoso diante do Nacional de Montevideo, dia 03.11.1979. Grêmio 1x0, gol de Vílson Cereja.

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  2. Em terras gaúchas, o Grêmio só perdeu uma vez para o Sport Recife.
    Exatamente no primeiro encontro entre as duas equipes, em 31.01.1942 - Grêmio 0x3 Sport C Recife, jogo realizado na "velha Baixada".

    Grêmio x Sport Recife (PE)
    Na história do confronto
    45 jogos
    23 vitórias do Grêmio
    13 empates
    09 derrotas
    64 gols marcados pelo Grêmio
    48 gols marcados pelo Sport Recife (PE)

    Grêmio x Sport Recife (PE)
    Na história do confronto, pelo Brasileiro (desde 1971) - 1ª Divisão
    38 jogos
    20 vitórias do Grêmio
    10 empates
    08 derrotas
    54 gols marcados pelo Grêmio
    40 gols marcados pelo Sport Recife (PE)

    Grêmio x Sport Recife (PE)
    Na história do confronto, pelo Brasileiro (desde 1971) - 1ª Divisão - Em Porto Alegre
    20 jogos
    16 vitórias do Grêmio
    04 empates
    35 gols marcados pelo Grêmio
    11 gols marcados pelo Sport Recife (PE)

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    1. Para meter 3 a 0 na Baixada, o time pernambucano devia ser um "cano".

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    2. E era! Fez história a passagem deles por alguns estados.
      Querendo ler sobre eles, aí está o link:
      http://esquadroesdefutebol.blogspot.com.br/2009/02/sport-clube-recife_24.html

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    3. Na foto, o cara que eu imaginei estar no time: Ademir Menezes, o Queixada, goleador da Copa do Mundo de 1950.

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    4. Bruxo, nesse mesmo giro do Sport Recife ao Sul, o Inter aproveitou e tirou deles o goleiro Ciscador e o técnico Ricardo Diez.

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  3. As oito derrotas do Tricolor gaúcho foram todas em Recife. Houve ainda um jogo em 24.10.1993 - Grêmio 2x1 Sport C Recife, no Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis.

    O Grêmio, naquele ano de 1993, perdeu alguns mandos de campo, devido a alguns incidentes havidos no jogo contra o Santos, em 29.09.1993.

    Apenas para recordar, dois jovens torcedores invadiram o gramado do Estádio Olímpico, antes do final do jogo, para agredir o árbitro Léo Feldmann.
    Após a partida, jogadores e dirigentes do Tricolor acuaram o árbitro, que saiu protegido pela BM, sob uma "chuva" de objetos atirados pela torcida.
    O vestiário da arbitragem foi apedrejado e atingido por um rojão. Cerca de 10 policiais impediram a invasão do vestiário, usando bombas de gás lacrimogêneo.
    O jogador Pingo, do Grêmio, um dos mais exaltados, chamou Feldmann de "safado, cachorro e vagabundo".

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    1. O que que rolou neste jogo apitado pelo Feldman?

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    2. Dá uma olhada:
      http://globoesporte.globo.com/bau-do-esporte/videos/v/em-1993-gremio-sofre-punicao-por-confusao-em-jogo-contra-o-santos/2148522/

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    3. A torcida contestou o pênalti marcado pelo Feldmann e os garotos entraram no gramado, logo após a marcação do gol. Talvez isso tenha decretado a ira de dirigentes e torcedores e o que se viu depois foram as naturais reações, comuns naqueles anos 90. Todos os estádios tinham torcedores que alteravam os ânimos. Claro que muitas vezes os fatos aconteciam devido a um grande número de erros dos árbitros, durante os jogos.

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    4. Olhando, acho que foi pênalti.

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    5. Também achei pênalti. A passionalidade leva às reclamações. Acontece com todos os torcedores.

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  4. Ótimo esclarecimento.
    Vou retificar no texto.

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  5. No dia 14.10.1993 - Grêmio 2x0 CA Peñarol, novos incidentes decretaram que o Estádio Olímpico ficasse sem receber jogos internacionais por 180 dias.
    O jogo teve expulsões e toda uma série de fatos que levaram a um final de jogo tenso.
    Ânimos acirrados e 4 expulsos em cada equipe decretaram uma batalha campal, com direito a invasão da torcida, e uma briga entre os jogadores do Peñarol e policiais militares.

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    1. Esse jogo contra o Peñarol tem um pouco da história aqui: https://gremio1983.wordpress.com/2012/10/14/supercopa-1993-gremio-2x0-penarol/

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    2. Curiosamente, gols de dois centroavantes: Charles e Gilson.

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  6. O Pingo certamente ofendeu os cachorros com essa comparação.

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    1. O Léo Feldmann gostava de arrumar confusão quando havia enfrentamento contra os clubes gaúchos, eheheheheheh...

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  7. E o zagueiro Álvaro, ilustre desconhecido, deve ter feito desta partida, o jogo de sua vida, conforme teus esclarecimentos via e:mail.

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  8. Sobre BALTAZAR, 131 gols em 215 jogos com a camiseta do Grêmio. Um "monstro"!

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    1. Arredondando; 0,61 por partida. Isso que ainda ele teve as chamadas má fases, como na reta final do Brasileirão de 81, exceção das finais com o São Paulo, se não me engando, pegou um banco para o Héber.

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    2. Exatamente! E mais no final de 81, com a chegada do Geraldão, ele andou de fora de alguns jogos também!

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  9. Daison Sant Anna07/11/2016, 00:29

    **Revista Placar nº 639 (20/agosto/1982) - p. 29 - Por DIVINO FONSECA:
    Baltazar não escapou de ser discutido — ele que se manteve como herói por muito tempo, desde o gol contra o São Paulo na final da Taça de Ouro de 1981. "Por cinco centímetros, me abandonaram" , lamenta-se ele. Baltazar refere-se ao chute na trave do Flamengo, na segunda batalha das finais da Taça de Ouro deste ano — um tiro que significava o título e que ele, como soldado mais avançado, não podia errar.

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  10. Daison
    Muito boa lembrança, Baltazar sofreu no Palmeiras e especialmente no Flamengo com o Zico, que não aceitava o jeito "fominha" do nosso camisa 9.
    No Grêmio, Baltazar chegou a ser banco de Héber, Paulinho (que veio do Vasco e era Seleção de Base) e do veterano Geraldão.

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  11. Daison Sant Anna07/11/2016, 07:34

    Nessa matéria, ele lamentava que o Grêmio encaminhou a sua saída devido o 2º jogo da Final do Brasileiro de 1982....

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  12. Daison
    Na verdade, Baltazar oscilou muito em momentos cruciais como o final do Brasileiro de 82 e final do Gauchão de 81, de qualquer forma, fez muitos gols.

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