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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Opinião


Esquadrão tem novo líder e executa oito vítimas


Na década de 70, o comediante Ronald Golias apresentou um quadro onde, com muito humor, mostrava como as notícias podiam ser dadas de diferentes maneiras e ilustrava:

O Corinthians naqueles 22 anos de jejum anunciou a contratação de um novo técnico que, de cara, dispensou oito jogadores. O jornal sensacionalista estampou a manchete que era semelhante ao título desta postagem.

Passados quarenta anos, isso segue atual, senão vejamos: Uma parcela bem visível da imprensa gaúcha tem especial predileção em ver falcatruas em tudo que o mais popular clube paulista faz. É a tal história de: - Os cartolas entraram no tapetão para tentar uma virada de mesa, conquistar nos tribunais, o que não conseguiram dentro das quatro linhas.

Agora, quando é com o Coirmão, o tom muda radicalmente: São dirigentes zelosos buscando no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) fazer valer os seus direitos. Que piada, né, Golias?

Sou ouvinte da Rádio Guaíba; lá estão os comentaristas que mais me identifico, mas no deslocamento do meu trabalho para casa feito de carro no intervalo do meio-dia, acabo ouvindo outra emissora porque “pega” melhor (FM). O trajeto dura 15 a 20 minutos, dependendo do trânsito e ali, apenas nesses escassos momentos como ouvinte,  anotei absurdos inesquecíveis como quando do empate do Coirmão com o Santa Cruz, onde a defesa de importante dirigente colorado foi realizada de forma veemente; resumindo, acontecesse o que acontecesse, não era responsabilidade dele, afinal, ele era um multicampeão.

Veio a tragédia do voo da Chapecoense e a declaração mais infeliz que ouvimos neste episódio. Pois sabem o que o apresentador esportivo disse? Que este importante dirigente que cometeu essa barbaridade recriminada por todas as pessoas de boa fé, poderia estar entre as vítimas fatais do acidente, porque no ano anterior viajara com a delegação catarinense; e não satisfeito, emendou: O bom senso recomendava a suspensão da última rodada. Ele lançou a semente do cancelamento, ideia encampada pelos jogadores à tardinha, que, como  sabemos, não vingou.

Nenhuma palavra sobre a decisão da Copa do Brasil, que seria jogada antes da última rodada com atletas do Galo e Grêmio, que igualmente, disputavam o Brasileirão. Aí pode, aí havia clima? A comoção é seletiva; varia de acordo com a competição?

Outro participante daquele programa saiu em defesa do atual presidente vermelho, dizendo que ele dava a sua opinião  pessoal sobre a sugestão de cancelamento da rodada, não era a posição oficial do clube; só que esse pronunciamento foi realizado na sala de imprensa em entrevista coletiva com os atletas presentes. Como assim? Em que situação ele é, então, o mandatário máximo?

Este mesmo jornalista se queixava das redes sociais, que nelas se via de tudo e era verdadeiramente, “um vale tudo”, mas e o que eles produziam? Eles estavam sendo isentos, imparciais naquela cruzada para a salvação da pele dos incompetentes comandantes vermelhos? Não, claro que não. Danem-se o bom jornalismo e o respeito aos ouvintes. A missão do momento, embora indecente, era prioridade número um.

Até o presidente Romildo, tão gentil e sereno; num momento, teve que chutar o balde. Estava escancarada a subserviência, havia desigualdade no tratamento dos clubes.

Novamente, recorro ao mestre Gilberto Gil no livro que citei anteriormente. Tratando das redes sociais, Gil diz à página 376:

" Internet, ciberespaço, redes sociais: de um lado servindo a essa pulverização positiva do poder e da influência, mas ao mesmo tempo sendo também processado por essas estruturas hegemônicas enormes, que querem o controle, o uso dessas ferramentas para seu próprio projeto. A disputa é a mesma - política."

E eu complemento, o que seria do controle social, especialmente com relação aos políticos brasileiros se não existissem estes mecanismos? Então, a mídia usa, se utiliza dela, mas quer o seu controle, fora dela, aí é pau puro. Não serve.

Esse episódio do rebaixamento colorado deixou vários ensinamentos para nós, torcedores, um deles, que a imparcialidade é seletiva e nem sempre depende de cores clubísticas.

 Não foi apenas o Inter que saiu arranhado destes acontecimentos.

Como dizia Aparício Torelly, o Barão de Itararé, patrono do humorismo no Brasil: “Há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira”.

Depois de tudo que presenciei, não será surpresa se o Coirmão recuperar os pontos no “tapetão” e jogar a Série A em 2017. Quem duvida?

 Os aviões de carreira não estão solitários no céu brasileiro.


15 comentários:

  1. Bruxo, sobre “Tapetão” vai aqui uma ideia há muito tempo defendida por mim: para acabar com atitudes tipo aquela “montagem” de jogador irregular na Portuguesa; para acabar com supostos arranjos de tribunal; para acabar com jeitinhos de clubes grandes para se livrarem do descenso, a CBF deveria adotar algo bem simples. Basta escrever no Regulamento das Competições.

    Todo o clube que tiver jogador irregular, será julgado, e se condenado, independente da sua colocação no campeonato em andamento, terá a punição no campeonato do ano seguinte.

    Explico: se houve irregularidade, no ano seguinte já começa o campeonato com uma quantidade de pontos negativos, determinados pela CBF (-20, -30, -40...). Enfim, acabariam essas tentativas de pressão e o clube já sabe que na tabela de classificação, no ano posterior, vai começar em último lugar.
    Simples, claro, preciso, sem invenções, evitando todas as maracutaias e brigas.

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    1. Veja o exemplo do campeonato italiano. Descobertos tramas da máfia no futebol, Juventus perdeu o título e foi rebaixada e Internazionale e Milan iniciaram no outro ano com -20 pontos. Bela sugestão alvirubro.

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    2. O problema, Micheiev é que aqui no Brasil, o presidente da CBF não viaja com medo de ser preso. Começa por aí.

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    3. Pois é. Na Itália houve ação conjunta da polícia e o governo, mas se esperar pelo governo daqui.... Pobre do futebol, enxovalhado por pessoas inexperientes, mediocres, achando que os times são a extensão de sua casa, pintando e bordando, e na hora do vamos ver se escondem em suas carapuças, colocando a culpa neste ou naquele....

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    4. Basta olhar para o grande número de políticos que se utilizaram dos clubes para si e os seus partidos.
      Não tem jeito, pelo menos a curto prazo.

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  2. Alvirubro
    É, também não beneficia quem mereceu o rebaixamento.O exemplo da Lusa é claro. O Flu merecia cair.

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    1. Exatamente!
      Teria sido simples. Fluminense na Série B e Portuguesa na Série, com (por exemplo) -20 pontos. Velho, acabariam as maracutaias de qualquer clube.

      Pegando o exemplo do Víctor Junior, que pela FIFA está irregular: os rebaixados continuam os mesmo e o Vitória, na Série A, em 20-17, já começaria com -20 pontos.
      A partir daí, é brigar para reverter em campo.

      Mas isso é muito difícil os cartolas entenderem.
      Futebol não difere da política partidária.
      Ora, criar leis que podem nos prejudicar? Nunca!

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  3. Até não duvidaria de uma virada de mesa, ocorre que os dirigentes vermelhos fizeram questão de afastar qualquer simpatia possível pelo clube.
    Um gremista na presidência não seria capaz de tamanha lesa pátria contra o inter.

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    1. Perfeito! É tamanha a antipatia alcançada, que nem mesmo os torcedores querem saber de virada de mesa.
      Todos querem saber o quão longe estarão do Beira-Rio Piffero, Fernando Carvalho e Celso Roth.

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    2. O Piffero reclamou do fogo amigo, mas, na verdade, o fogo amigo foi a declaração do comandante da Swat, ali, o Brasil ficou contra o Coirmão.

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    3. Sucessão de erros. Desde a famosa chegada da swat (letras minúsculas, mesmo), até o enganoso discurso, repetido tantas vezes pelo "comandante", ao dizer que o time estava em evolução, após cada jogo sob a regência de Celso Juarez.

      O Inter (e aqui o Inter de Piffero e da Swat do FC) mereceu cada crítica. Mereceu cada notícia desabonadora. O Inter do torcedor (aquele que não queria saber de Roth e de FC e sua Swat), esse não mereceu.

      Que venha a Série B, que se acabe com essa balela que existe mancha na história do clube porque disputa uma competição menor. Ora, isso não diminuirá o tamanho do clube.

      Já houve provas demasiadas com outros grandes clubes, que souberam melhorar seus times e voltaram a ganhar títulos. Uma correção de rumos sempre é bem vinda. É com os erros que aprendemos os melhores caminhos a escolher.

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  4. Alvirubro
    Não é uma mancha para o clube (nós, gremistas sabemos), a mancha fica para os dirigentes.
    O Grêmio, Corinthians e Palmeiras, para ficar nos exemplos nacionais) voltaram a conquistar títulos importantes depois da queda.

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  5. Quem falsifica documentos ,qual seria a pena?
    No rio grande ,parece-me que ganha terreno publico pra escolinha de futebol de empresários,pense num time sujo.

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    1. Heraldo,

      talvez não tenhas lido a informação corretamente.
      A CBF não acusou o jurídico do Inter de falsificar documentos.
      O que a CBF argumenta é que os e-mails apresentados como provas são falsos.
      Não foram adulterados pelo jurídico do Inter.
      Existe diferença entre quem produz a falsificação e quem recebe algo não verdadeiro e o anexa como provas. Essa é a crítica da CBF.

      Segundo ela (CBF), alguns documentos apresentados, que referem-se à primeira orientação da área de registros da CBF para o Vitória, seriam falsos. Ali naqueles e-mails a orientação é exatamente aquilo que a FIFA determina que seja feito.

      Como a área de registros de atletas usou outro tipo de atitude, que contraria a FIFA, agora a ela se defende e diz que aqueles primeiros e-mails utilizados na orientação, seriam falsos. É claro que há diferença de atitude entre a orientação e o que foi realmente executado.

      Quanto a receber terreno público, existe caminho legal para denunciar esse tipo de fato. Se tens a informação é só procurar o Ministério Público.
      Aliás, aqui está o caminho para oferecer as denúncias http://www.mprs.mp.br/siac
      É bem fácil de fazer. É só preencher o formulário com os dados requeridos, anexando as provas.

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  6. Heraldo
    Se comprovada a falsidade dos e:mails, acho que é queda para a C. Mas, eu acredito mais nos advogados do Inter do que nos comandantes da CBF.

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