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sábado, 5 de agosto de 2017

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (168) - Ano - 1983


Destino Traçado

Fonte: http://globoesporte.globo.com
As notícias mais recentes sobre o Imortal dão como certa a estreia de Paulo Victor no arco gremista neste Domingo diante do Atlético Mineiro na Arena.

Esta informação me remete a dois pensamentos mágicos, talvez ilusórios, mas que (eles) me permitem sonhar. O primeiro: Diz a lenda que para ganhar Libertadores, o Imortal precisa ter entre os  destaques da campanha, um atleta originado nas categorias de base do Flamengo; Tita em 1983, Paulo Nunes em 1995. Paulo Victor tem esse histórico.

O segundo: O Tricolor, uma instituição acostumada a ter goleiros com passagem por selecionados nacionais nas temporadas anteriores; Picasso, Cejas, Corbo, Manga e Leão, no ano que viria a ser o seu mais fulgurante, 1983, se viu sem um arqueiro confiável até o final catastrófico no Nacional; aí, recorreu a um reserva do Vasco da Gama para resolver o problema, portanto, alguém que não era a solução idealizada pela massa torcedora. Paulo Victor tem esse perfil.

 Este reserva era Mazaropi. Na foto acima, defendendo um pênalti decisivo cobrado por Willington Ortiz (a grafia está correta), avante do América de Cali e da Seleção da Colômbia pela Libertadores.

Bom! Para continuar esta postagem é necessário explicar a sua origem. O pesquisador gremista Daison Santana me trouxe essa história, também sugeriu que eu a detalhasse, porque, além de  contar como ocorreu essa grande aquisição Tricolor, demonstra que o destino, às vezes, bate à porta de uma forma inusitada. Então, eu fui atrás dos fatos. Aí vai:

Em 30 de Abril, o Grêmio jogando em casa, foi derrotado pela Ferroviária de Araraquara, insucesso que custou o adeus ao Brasileirão e pichações no Olímpico: "Fora Koff". O goleiro azul Remi teve uma atuação calamitosa, o que gerou a certeza que para o resto do ano, o Imortal teria que achar um novo profissional para o arco de seu time.

Com a desclassificação precoce, o clube se deparou com um imenso vazio no calendário até os próximos compromissos, diante disso, resolveu movimentar o elenco, marcando um amistoso contra o Vasco da Gama, que igualmente, estava fora de combate no Brasileiro.

E assim, no dia 19 de Maio, o estádio Olímpico Monumental recebeu um público decepcionante (pouco mais de três mil pessoas), que assistiu a vitória carioca por 2 a 1.

Espinosa apostava em mais um jovem goleiro e assim escalou o Grêmio com: Beto; Paulo Roberto, Newmar, De Leon e Casemiro; China, Osvaldo e Bonamigo; Renato, César e Tonho. Ainda entraram Robson e Tarciso nos lugares de Bonamigo e César, que saíram com lesões graves, uma fissura no perôneo e fratura no malar, respectivamente. Ficaram de fora,  lesionados, Tita, o camisa 10 e o centro-avante Caio.

O Vasco veio com vários desfalques: Pedrinho, Galvão, Marquinhos, Ernani, Geovani e Paulo Cesar. Mas a principal ausência estava no gol; Acácio, goleiro que mais tarde estaria no grupo da Copa de 1990, teve uma fissura num dos dedos e não viajou. O clube carioca trouxe apenas três reservas para o banco.

Para substituir Acácio, Mazaropi, que também fora reserva de Andrada e Émerson Leão. Estava no Vasco há muitos anos e há 5 meses "gramava" nova reserva em São Januário.

O clube da Colina utilizou: Mazaropi; Teixeira, Orlando, Celso e Gilberto; Serginho, Dudu e Elói (Oliveira); Jussiê (Pereira), Roberto Dinamite e Bebeto.

O Grêmio não empolgou, embora a criação de muitas chances, quase todas paradas naquele goleiro com nome de um famoso ator de comédias, o caipira Amácio Mazzaropi (novamente a grafia está correta), como uma, logo no primeiro minuto; Paulo Roberto bateu falta e Mazaropi fez grande defesa.

Aos 23 minutos, Newmar falhou e Roberto Dinamite não perdoou. 1 a 0 que persistiu até o final da primeira fase.

No segundo tempo, Jussiê ampliou, fazendo de cabeça aos 9 minutos pouco depois que goleiro carioca praticou  outra grande defesa em conclusão de Renato. O Tricolor descontou com César que aproveitou um cruzamento da direita. 2 a 1. Resultado final.

No dia 25, o dirigente Rudy Armin Petry, no Rio de Janeiro, definiu o empréstimo de Mazaropi até 31 de Dezembro. O goleiro contava com 30 anos de idade.

Havia mais um obstáculo a ser ultrapassado, embora houvesse a possibilidade de flexibilizar o regulamento da Libertadores, permitindo a troca de dois nomes entre os inscritos originalmente, isto ainda não era oficial. 

Fábio Koff sabedor do mesmo interesse de outras agremiações foi ao Peru até a Confederação  Sul-americana, reuniu-se com o presidente da entidade, Teófilo Salinas, buscando a permissão para duas novas inscrições através de substituições na lista inicial. Saiu de lá com o objetivo alcançado.

O acerto da contratação do goleiro nascido em Minas Gerais, não se verificou apenas naquela edição da torneio mais importante da América, mas em toda a sua carreira no Grêmio, recheada de faixas.

Para esta Libertadores de 2017 e demais competições, a esperança gremista se renova com a estreia de Paulo Victor, coincidentemente, um arqueiro de 30 anos.

 Ele pode estar começando um novo capítulo na vencedora história gremista.

Fontes: Correio do Povo
             Arquivo pessoal do pesquisador Daison Santana
             Arquivo pessoal do amigo Alvirubro








7 comentários:

  1. Mazaropi acabou fazendo a estreia no Grêmio, pouco menos de 30 dias depois desse jogo contra o Vasco da Gama.
    Em 16.06.1983, contra o Internacional, de Santa Maria, Mazaropi vestiu pela primeira vez a camiseta número 1, do Tricolor.
    Uma noite fria de Junho, com um público diminuto (3.779 pagantes), em que as equipes mostraram um futebol apenas regular, sem jogadas de efeito.
    Bem como são os jogos de Gauchão, o time grande atacando e o time pequeno se defendendo, esperando um contra-ataque.
    Tita, de pênalti, tirou o placar, do zero, aos 20' do 1º tempo e Renato Portaluppi, fez o segundo, aos 14' do 2º tempo, em um chute de canhota, depois que Moroni cortou o primeiro chute do próprio Renato.
    A melhor intervenção de Mazaropi, no jogo de estreia, deu-se aos 35' min, quando Altair obrigou o goleiro a uma excelente defesa.
    Assim foi a primeira vez de Mazaropi, no Tricolor.

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  2. Gracias, Alvirubro.
    O Coloradinho deu sorte para o Imortal.

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  3. Deixo um link com alguns lances da partida da histórica defesa de penalidade máxima diante do América de Cali.
    Vai uma explicação para os mais jovens, que há tempos não veem uma defesa de mão trocada no arco gremista.
    Não estranhem; é assim a defesa de mão trocada:

    https://www.youtube.com/watch?v=_HFe7fXsSt0

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  4. Em outros blogs existem gremistas? que torcem contra determinados jogadores pois querem provar suas teorias furadas. Eu que não sou desses vou torcer pelo sucesso de Paulo Vitor mesmo achando que Grohe é mais goleiro.
    Que seja um novo Mazaropi

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  5. Eu concordo, Carlos
    Até gosto quando eu quebro a cara como no caso do Wallace Reis, que não vingou e eu achava boa solução, pois isto é um puxão de orelhas no ego da gente.
    Pessoalmente, eu não tenho nada contra Grohe, Marcelo Oliveira, Maicon ou antes, Werley e Braian Rodriguez; o mesmo ocorreu nas vezes em que o Tricolor trouxe Celso Roth. Não deixei de torcer para o Grêmio, embora a convicção de que estes citados não são solução para os males do Imortal. Nestes casos, acertei na mosca.

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  6. Daison Sant Anna06/08/2017, 11:28

    Bela PH. Espetacular. Mudando o foco: Existe PLANEJAMENTO no futebol?

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  7. Daison, talvez nos clubes de futebol, o planejamento seja o lugar mais depreciado e também, o que sofre o maior número de exceções, vide o Flamengo campeão de 2009.

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