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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Pequenas Histórias

Posto novamente esta crônica, porque no 25 de Setembro de 1977, portanto, há 40 anos, o Rio Grande conheceu um momento mágico na vida dos gremistas.


27 - Batendo às Portas do Céu - Ano 1977




Qual será meu jogo inesquecível? Muitos. Eles vão variando de acordo com a memória, o humor, a saudade ou a descontração da ocasião; mas aquele que mais está presente é o do sagrado dia 25 de Setembro de 1977.

Havia uma frustração armazenada no peito desde 1969, quando o Coirmão se mudou para o Pinheiro Borda e emendou uma sequência (interminável) de humilhações, gozações e sentimento de inferioridade. Pudera! Minha turma era de 10, talvez 15 amigos, onde apenas 2, eu disse dois, eram colorados e a flauta corria solta. Naquela época, o Grêmio já era o time de maior torcida nos pagos e em 1976, o título bateu na trave, o apito maldito tirou nossa possibilidade de gritar: É Campeão! Porém, 1977 tínhamos Telê Santana e isso não era pouco; ele já era o grande estrategista e visionário que formou várias academias ao longo dos anos.

Como um grande arquiteto foi montando aquele time dos sonhos, onde a zaga simplesmente fez 20 gols, Eurico e Anchetta, cinco cada, Oberdan, seis e Ladinho, quatro; apenas para citar a defesa titular. Um centro-médio das antigas no seu posicionamento, mas um líder, o jornalista Vitor Hugo; seguindo, Iúra, o guerreiro e o mago da bola, Tadeu Ricci; na frente; três matadores: Tarciso, André e Éder. No gol, o "tupamaro" Walter Corbo. Ithon Fritzen comandava a preparação física e não dá para esquecer do massagista Banha, do presidente Hélio Dourado e o diretor Nelson Olmedo, autor da fantástica frase: "A Taça tá no armário, o bicho tá no bolso, a faixa tá no peito e a torcida está comemorando", quando o Coirmão quis "melar" o campeonato no Tapetão.

 O Imortal chegou neste jogo precisando vencer para evitar mais um jogo, que seria na casa do adversário. O Olímpico estava superlotado e a confiança azul era a maior dos últimos anos. Mesmo a defecção do capitão Anchetta, não preocupava. No domingo anterior, Cassiá, o substituto fez uma bela dupla com Oberdan no 2 a 0 do Beira-Rio (Pequenas Histórias 26). O Inter ficou sem Cláudio, Beliato e Falcão à última hora, mas tinha Benitez, Vacaria, Marinho, Batista, Caçapava, Valdomiro, Jair, Escurinho, Dario, Luisinho, entre outros. Logo aos 8 minutos, o atacante Santos derruba André na área; penalti sonegado pela arbitragem. O Grêmio segue pressionando, Eurico perde gol num cruzamento de Tadeu, desta forma, o gol sairia logo (era o que se imaginava). Aos 25 minutos, o zagueiro Gardel impede a conclusão de André, botando a mão na bola. Não tinha como não assinalar. Penalidade Máxima. Tarciso, o que nunca errara uma cobrança, se encarrega de bater. Bate forte ...Para fora! Lado direito de ataque. Meu mundo parecia desmoronar. Tarciso ficou tão abalado que na quarta-feira, jogo das faixas contra o Palmeiras, fez cobrança idêntica e logo nos primeiros jogos do Brasileirão, mais uma vez errou; no caso, contra o Joinville em Santa Catarina. Tadeu virou o cobrador oficial.

Aos 42 minutos, Eurico rouba a bola, passa para Iúra que mete entre o lateral direito e o beque central para André Catimba, o baiano avança e a lógica indicava bater de pé esquerdo, forte, rasteiro, cruzado no canto oposto do goleiro. André "inventou": chutou de pé direito, colocado, no ângulo superior, linha reta, portanto, no mesmo canto do goleiro. Voou para a cambalhota (foto) e se machucou. Saiu e entrou o predestinado Alcindo Martha de Freitas, maior goleador do Imortal em todos os tempos. André, incrivelmente, estava marcando apenas o seu terceiro gol no campeonato. Para que mais? O segundo tempo foi de alternâncias de ataques.

 Aos 42 minutos a torcida invadiu o campo. Loucura Total. O juiz esperou o tempo regulamentar e deu por encerrado. Grêmio Campeão. Oberdan comandou a volta olímpica de um jogo que teve muitas histórias subterrâneas como por exemplo a de Vilson Cavalo, reserva que sempre entrava, que ficou atento, ouvindo o vestiário colorado, descobrindo a escalação que era um mistério; a de Cassiá que jogou a maior parte do tempo com o nariz quebrado ou a de Dario, o Peito-de-Aço que fugiu do exame anti-doping no final da partida. A Folha da Manhã, jornal da Caldas Junior escolheu, para variar, Tadeu, o melhor em campo. Reproduzo parte do que está à página 30 (Central):"Mesmo sofrendo forte marcação de Batista durante quase toda a partida, Tadeu Ricci foi o melhor jogador do Grenal de ontem, principalmente pela sua aplicação tática... mostrou muita personalidade e uma experiência muito grande que colaborou para esta vitória..." Zero Hora, também escolheu o camisa 8 tricolor o craque do clássico.


A Nação Azul passou meses comemorando; lembro que fui a um show dos Almôndegas que lançava o LP "Alhos com Bugalhos", ali no ginásio do Corinthians e só puderam abrir o espetáculo, depois que resolveram acompanhar a massa que cantava o hino do Lupicínio Rodrigues. Loucura igual, só a de Tóquio. Foi o momento mais marcante da minha adolescência esportiva. Sem dúvidas, bati às portas do Céu.

2 comentários:

  1. Meu momento inesquecível estaria para chegar, seria a demissão do treineiro vadio! Mas nem isso terei, o indemitível vai pedir demissão depois de perder tudo no ano - e sairá fanfarroneando o "trabalho", o "melhor futebol", enfim as coisas que a casualidade deu a ele e ele jogou fora porque é burro, porque é incompetente, um amador!

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    1. Pois meu será o tri da Libertadores em 2017.

      Quanta amargura da tua parte, réu time está na série B ou torces pelas tuas teses, não pelo Grêmio?

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