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sábado, 30 de setembro de 2017

Pequenas Histórias



Pequenas Histórias (173) - Ano - 1972


O Pavio do Destino

Fonte: http://anotandofutbol.blogspot.com.br
Houve uma época que a cidade do Rio de Janeiro virou o estado da Guanabara e o seu campeonato de futebol era composto por 12 clubes; os quatro grandes, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, dois quase grandes; América e Bangu e seis pequenos; Campo Grande, Bonsucesso, Olaria, Madureira, São Cristóvão e Portuguesa.

Nas décadas de 60 e 70, principalmente, o América era um "bunker" gaúcho encravado na antiga capital do Brasil; em parte, por possuir dirigentes nascidos no Rio Grande, também por contar em seu elenco com vários atletas sulistas como Bejeja que virou Djair no Rio, Alex, um alemão nascido em Hannover, mas que ainda bebê veio para São Leopoldo, junto com o irmão gêmeo, Miguel, ambos zagueiros. Alex virou uma lenda no clube americano, mais de 600 jogos, Sarão, João Brenner, os goleiros Alberto e Rogério, Bebeto, o canhão da Serra, Caio, Bráulio, além de vários "estrangeiros" que passaram na dupla Grenal.

Esta linhas acima são uma ponta desta história, a outra que será amarrada a ela diz respeito ao zagueiro colorado Bibiano Pontes, que era imbatível, isso mesmo, imbatível numa corrida. Ele sempre chegava à frente dos adversários, por isso, ele e Figueroa formavam uma grande dupla de beques. Pontes vinha de uma família de defensores, seus irmãos João e Daison, ambos do Gaúcho de Passo Fundo tiravam o sono de qualquer atacante. Bibiano era mais técnico; chegou a ser relacionado entre os 40 pré-convocados para a Copa do Mundo de 70.

Pois em 1º de Novembro de 1972, um confronto entre o Ameriquinha e Inter no Beira-Rio, o pavio aceso do destino colocou na vida do Grêmio, o atleta que mais jogos realizou pelo Imortal, também, o segundo maior goleador da história gremista: o mineiro José Tarciso de Souza, o Tarciso (na foto, o terceiro agachado).

Naquela noite aos 43 minutos da primeira etapa, Edu, irmão de Zico, lançou Tarciso, o atacante avançou, passou zunindo por Bibiano Pontes, deixou-o para trás, algo inimaginável, driblou Figueroa e na saída de Schneider, deu um tapa na bola, elevando-a; assim, encobriu o arqueiro rubro. 1 a 0.

O Inter voltou pior para a segunda etapa e o América empilhou chances com Taquito e especialmente com Tarciso, mas ficou nisso, 1 a 0, resultado que quebrou uma invencibilidade de 9 jogos do Colorado.

O América utilizou: Ubirajara Alcântara; Cabrita, Alex, Aldeci e Alvanir; Badeco, Gilmar e Edu; Antônio Carlos, Taquito e Tarciso. Ainda entraram Caio Cambalhota e Ivair, o Príncipe.

O Internacional de Schneider; Pedro Basílio, Figueroa, Pontes e Jorge Andrade; Carbone e Paulo Cesar Carpeggianni; Valdomiro, Bráulio, Manoel e Escurinho. Ainda entrou Tovar no lugar do camisa 8, Bráulio.

O juiz foi Dulcídio Vanderlei Boschilia.

Tarciso foi eleito o melhor jogador da partida e no ano seguinte desembarcou em Porto Alegre trocado por Ivo Wortman e Flecha, que engrossaram o número de gaúchos no clube carioca, onde fizeram sucesso, chegando à Seleção Brasileira.

O destino poderia ter colocado o "Flecha Negra" em qualquer um dos clubes grandes do Rio, mas ele (o destino) juntou as raízes gaúchas do América com aquela corrida exitosa de Tarciso em cima de Pontes culminada com o gol da vitória em pleno Beira-Rio, determinando assim, que o jovem atacante mineiro fizesse história no Grêmio Porto-Alegrense.

PS: Esta crônica foi escrita nesta data, porque em Setembro, mais exatamente, dia 15, aniversário do Tricolor, também marca o aniversário de Tarciso.

Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro.


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