Páginas

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (223) - Ano - 2017


O Homem que Matou o Facínora
(Ou: Permissão para seguir Sonhando)

Fonte: http://www.espn.com.br/

Em 1962, o diretor John Ford realizou um dos maiores filmes de faroeste de todos os tempos, O Homem que Matou o Facínora. Nele, um advogado chamado Stoddard (James Stewart), do Leste tenta vencer na vida, indo para o distante Oeste norte-americano. Tinha a certeza que a força da lei iria se sobrepujar à barbárie da utilização das armas na solução de contendas.

Ele teve que encarar o vilão, Liberty Valance (Lee Marvin) e imaginou dispensar a ajuda de um autêntico cowboy, Tom Doniphon (John Wayne), algo impensável, pois o advogado, além da dificuldade de convencer a população para a adoção de seus métodos, também era um péssimo atirador; "não acertaria nem um celeiro", segundo uma das frases da película.

O enredo se desenrola com um desfecho previsível: um duelo solitário entre o bandido e o mocinho ao melhor estilo do gênero: na bala.

 Stoddard enfrenta Liberty  e o mata, no entanto, o projétil fatal partiu da arma de Doniphon que, escondido, alveja o bandido, enquanto o tiro do advogado passa longe do alvo. Ninguém fica sabendo.

Assim, ele ganha fama por liquidar o facínora, se elege senador, vai para a capital e um dia  retorna à cidadezinha para participar do funeral de Doniphon. Nesta ocasião, revela a um jornalista o que realmente ocorreu. Ele não matara Liberty, mas ficara com a fama. O jornalista prefere esconder a verdade e aí vem a principal fala do filme: " Se a lenda for maior do que a verdade, publique-se a lenda".

Em 2017, Marcelo Grohe cumpriu uma reta derradeira de Libertadores irrepreensível. Suas atuações nas semifinais e finais foram de altíssimo nível, ficando atrás apenas das do Rei da América, Luan, em importância.

Sua defesa monumental em Guayaquil, realmente fantástica, correu o mundo; virou a defesa deste século; ganhou ares de decisiva, porém, aquela que permitiu que o sonho da terceira conquista da América ocorresse, ficou escondida, ofuscada, embora vital na caminhada rumo ao pódio.

 Ela ocorreu na Arena; uma cabeçada fulminante do zagueiro argentino Braghieri, que Grohe foi buscar de forma extraordinária no seu canto esquerdo. Ali, o Grêmio seguiu vivo para brigar pelo tri em Buenos Aires. Tratou-se de uma encruzilhada; sobreviver para prosseguir sonhando.

Esta defesa pode (e deve) ser comparada a de Mazaropi no pênalti contra o América de Cali no Olímpico em 1983 ou a de Cássio (Corinthians) diante de Diego Souza (Vasco) em 2012; certamente com a de Armani (River) frente à frente com Éverton na Arena, ano passado, quando o Imortal já ganhava por 1 a 0, todas definitivas para a conquista da Libertadores pelos seus clubes. 

A história, às vezes, é cruel e insensível com alguns fatos decisivos, relevantes, como a virada que Paulo Isidoro promoveu em 1981 diante do São Paulo. Poucos lembram do sufoco daquela noite de Quinta-feira, 30 de Abril. Entretanto, ninguém esquece do "gol do título" de Baltazar, três dias depois no Morumbi, quando o empate servia.

O tempo privilegiará, dará ares de lendária a defesa de Grohe diante do Barcelona, porém, a verdadeira, fundamental, a que salvou o Tricolor do insucesso, permanece escondida, tal qual o autor do tiro certeiro que matou Liberty Valance.

            http://www.adorocinema.com/

Segue a defesa fundamental:




13 comentários:

  1. Fundamental mesmo, fosse hoje (com PV ou JC)...era caixa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Glaucio
      Pode ser que um deles mostre alguma dessas defesas que não vimos que ainda não vimos.

      Excluir
    2. Acho brabo, Bruxo. Para mim Marcelo Grohe quando estava em boa fase era muito melhor que o atual camisa 1 da c.b.f. por exemplo.

      A única coisa que PV e JC podem fazer de igual para se compararem à Marcelo é ganharem a Copa.

      Uns dizem que um time bom começa por um bom goleiro. Que este dito popular não interfira nesta Libertadores. Inclusive nossa vida na L.A. quase foi comprometida devido a uma falha de PV.

      Eu só peço para que mantenham a bola longe da nossa meta, os caras vão experimentar o PV. Tenha certeza disso.

      Excluir
    3. Rodrigo
      A falha do Grohe nas oitavas de 2017 contra o Godoy Cruz foi pior do que a do PV; sorte que Pedro Rocha e Barrios fizeram o serviço lá na frente, senão seria como contra o Rosario Central em 2016.

      Excluir
  2. Respostas
    1. Em futebol, se o cara não é extra-classe, saudade é sinônimo de mal substituído pela Direção.

      Excluir
    2. Para mim, Marcelo foi o maior injustiçado na história recente do Grêmio. Viu um Dida decadente e em fim de carreira tomar seu lugar, simplesmente por Dida ser Dida. Esta para mim a pior de todas as contratações que já vi para o gol do Grêmio. Na época ele era, o que é hoje o Léo Moura. A segunda pior apenas para constar: Tavarelli. Se bem que J.C. está louco para tomar esta posição...

      Marcelo enquanto arqueiro do Grêmio, na minha opinião, supera Danrlei. Falo isto porque vi ambos jogarem. Cada um com seu estilo único. Uma pena que Grohe não pode em tempo hábil, ter sido campeão brasileiro. E por já ter 32 anos, acho difícil ele retornar ao Grêmio e repetir os mesmos feitos.

      Excluir
  3. E realmente, quanto ao grau de importância, esta defesa pode sim se tornar memorável quanto aquela da semifinal. Mas em questão de plasticidade e dificuldade é difícil, mas eu ainda fico com a primeira.

    Outro fato pouco lembrado é o gol de Cícero. Eu comparo este gol com o gol de Tita na final de 83, cujo qual é pouco lembrado. Eu tive que pesquisar para saber quem havia marcado aquele gol em Montevidéu. Lembram muito mais do gol de Cesar, por exemplo.

    Junto desta defesa do Grohe, o gol de Cícero foi o abre-alas para o nosso terceiro título da Libertadores.

    Ah que não chega esta quarta-feira...

    ResponderExcluir
  4. Bem lembrado. O gol de Tita foi fundamental para segurar o ímpeto uruguaio. Poucos lembram que o Peñarol era o campeão do mundo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que ironia. Ainda hoje apareceu uma reportagem no G.E. e Tita apareceu. Que coisa.

      Excluir
  5. Bem lembrado, isso que o Tita é flamenguista.

    ResponderExcluir
  6. Grande Grohe! Criado na base e ídolo. Da reserva dos Aflitos a conquista da América. De um goleiro inseguro que dividia opiniões ao panteão dos idolos históricos do tricolor.

    ResponderExcluir