Vai que Cola
Este espaço é sobre o Grêmio, raramente tratamos de algo diferente como foram os períodos das Copas de 14 e 18, quando os assuntos do Imortal e de todos os clubes ficaram escassos.
Estamos vivendo momento idêntico por uma causa inédita e muito, muito mais triste e preocupante; portanto, hoje tratarei de uma tema que me deixa bem chateado; "um cachorro que passaram" sobre o posicionamento revolucionário que o técnico da Copa de 70 teria adotado para a lateral esquerda, posição ocupada pelo saudoso Everaldo, estrela da bandeira Tricolor gremista. Qual seria?
Um treinador conhecido por sua verve e talento para ser formador de opinião, num programa esportivo noturno que homenageava o comandante técnico da Seleção de 70, largou essa: - Everaldo virava um terceiro zagueiro, quando o Brasil era atacado, o que era "inovador" para a época; e, pasmem, todos os "experts", veteranos da crônica esportiva presentes, silenciaram, alguns, encabulados pela lorota, outros, porque engoliram essa bem ao estilo - Vai que Cola.
Então! Dista mais de 40 anos entre o fato e esta "descoberta"; ninguém havia percebido. Estranho, não é ? Foi um verdadeiro trabalho de arqueologia. Me engana, que eu gosto!
Trata-se de uma "pequena brincadeira" dita pelo treinador que ainda está na ativa. Ora! Não é necessário ter vivido o período, basta rever os jogos e perceber que o mesmo movimento defensivo que Everaldo fazia pelo lado esquerdo, era executado pelo lado direito; Carlos Alberto Torres, o fazia com maestria, principalmente, porque atuava também como zagueiro. Era o chamado pêndulo; ataque pela direita, o lateral direito fechava para o meio da zaga, o mesmo ocorria pelo lado oposto.
O chiste, a brincadeira dita em tom de seriedade no programa esportivo, não resiste a uma avaliação um pouco mais acurada. Basta perguntar: Se era tão inovadora e revolucionária, por que logo na primeira competição de porte, a Minicopa de 1972, o treinador abriu mão dela e, inexplicavelmente, não chamou Everaldo para a competição, o que gerou uma revolta imensa, o tal jogo da Desforra, no Beira-Rio, que uniu todos os gaúchos, gremistas, colorados e demais? Isso, antes de perder Carlos Alberto Torres por lesão, um convocado certo para o certame comemorativo ao Sesquicentenário da Independência brasileira. Nem o argumento de que Zé Maria, o substituto do capitão do tri, era defensivo (o que liberaria o lateral canhoto) poderá ser usado, porque o Super Zé, como era conhecido no Corinthians era quase um "ponta pela direita" de muito força e vitalidade, apesar de marcar bem.
O técnico levou Marco Antônio e Rodrigues Neto, laterais não exatamente defensivos, assim como optou por Marinho Chagas, o mais ofensivo dos laterais que existiram, isso em 1974.
A "revolução tática" acabou ali. E os argumentos, também.
Mesmo respeitando que entrou nessa onda, sigo sem entender o porquê desses fatos inconsistentes serem levados a sério e adiante.
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