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sábado, 18 de julho de 2020

Opinião



O Fim do Sopro Inovador

Há várias décadas atrás, um atriz famosa assumiu a presidência do Sindicato ou Associação dos Artistas de Televisão no Brasil e em seu primeiro pronunciamento, disse que lutaria para impedir que novelas mexicanas fossem exibidas no país, porque tiravam o espaço de atores nacionais.

Lembro que a primeira pergunta que teve que responder veio de uma repórter atilada, ela questionou: - O que ela (a nova presidente) achava do sucesso estrondoso da novela A Escrava Isaura na China. Golaço para a repórter.

Quando Jorge Jesus chegou e logo tomou 3 a 0 do Bahia, algumas teses quase se confirmaram, porém, à medida que o português foi vencendo (e bota vencer nisso!), acumulando títulos incríveis, atuando sempre com a força máxima, rompendo "dogmas" exaustivamente repetidos pelos doutos treinadores brasileiros, o ranço com Jesus começou. Foi preciso lembrar que profissionais brasileiros labutaram em terras lusas (Ricardo Gomes, Abel Braga, Paulo Autuori, Luiz Felipe e antes, bem antes, Oto Glória) de forma natural, sem entraves ou muxoxos, aí, neste instante, que a resistência ao trabalho do técnico rubro-negro diminuiu.

Mas a pá de cal que detonou o discurso dos catedráticos tupiniquins veio pelo sucesso insuperável de conquistas tão expressivas, tanto quanto a estatística de ter menor número de  derrotas do que faixas no peito, repito: ele tem mais títulos do que derrotas.

Além de dar o troco com silêncio e trabalho, Jorge Jesus estabeleceu um paradigma que reduziu a pó o discurso de calendário bagunçado e da desumanidade da exposição dos atletas a tantos jogos.

Jesus jogou sempre com o que tinha de melhor e a sua tese está amplamente provada e comprovada com uma virada nos acréscimos na decisão da Libertadores em cima do flamante e temido River Plate, também pela conquista do Brasileiro "com um pé nas costas" e por uma goleada constrangedora sobre o clube, cujo treinador alardeava ter o melhor futebol do Brasil. Um 5 a 0 muito doído para a massa gremista.

Para alívio dos treinadores brasileiros, Jorge Jesus volta para a Europa. Levará no currículo, além de títulos relevantes, a marca da inovação na arte de conduzir um time de futebol na antiga Pindorama.

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