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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Opinião



"Ilusão de Ótica" 

Se não é exatamente entusiasmo o que boa parte da mídia esportiva gaúcha encara a atuação de Denis Abrahão e Mancini à frente do Grêmio, também não dá para afirmar que haja reparos ao trabalho deles agora e na reta final do rebaixamento do clube.

Vejo como uma grande ilusão de interpretação, muito provavelmente por vários motivos:

a) Abraão domina a arte do adestramento; com jeito, controla boa parte da mídia, sabe bem levar essa parcela na conversa

b) Mancini, igualmente, é um treinador que consegue não se atritar com parte destes jornalistas, mantendo um relacionamento cuidadoso, sempre dizendo o que eles querem ouvir

c) O estilo turrão de Luiz Felipe, na maioria das vezes, com falas fortes e quase sempre cheio de razão, irritava velhas raposas da imprensa; aí vinha pau no veterano comandante técnico

d) Marcos Hermann não convencia ninguém em seus pronunciamentos, ainda por cima, não puxava o saco dessa turma

Por que chamo de ilusão?

Porque, para essa mídia, o trabalho de Abraão e Mancini foi melhor do que seu antecessor. É um equívoco monumental; os números comprovam isso, pois se houve algum momento de esperança de escapar do rebaixamento, ele se deu sob a batuta de Felipão; várias rodadas oportunizaram isso; a fuga do Z4, apesar disso, a sensação de melhoria veio apenas com o discurso inflamado do vice Abraão, de seu esperneio e algumas vitórias mais folgadas com Mancini em cima de adversários desinteressados.

Para comprovar que é um exagero achar que Denis e Mancini fizeram um bom trabalho que justifique as suas manutenções, basta lembrar que Luiz Felipe treinou o Tricolor em 21 jogos (Brasileirão, Sulamericana e Copa do Brasil) com 9 vitórias, 9 derrotas e 3 empates: 30 pontos ganhos em 63 possíveis, aproveitamento de 47,6%. Mancini comandou a equipe em 14 oportunidades (Brasileirão): 6 vitórias, 6 derrotas e 2 empates, 20 pontos em possíveis 42, aproveitamento de 47, 6%. Mesmo percentual de seu antecessor com o agravante que o time com ele, jamais "beliscou" a fuga do rebaixamento.

Então, não há nada que justifique a parcimônia nas críticas à manutenção dessa dupla para 2022. O que se tem é o mesmo produto do período de Felipão, apenas com o design mais moderno, o que agrada a essa parcela da mídia. 



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