Memórias (22) - Ano - 1969
Naquela Noite com Tostão
Fonte:https://www.ocuriosodofutebol.com.br |
"Naquela Noite em que ficamos tristes com Yoko...", começam assim os versos compostos por Sueli Costa e Abel Silva para demonstrar a dor da morte repentina de John Lennon.
Algo parecido ocorreu com a torcida brasileira, quando os desdobramentos das primeiras notícias da "lesão" de Tostão evoluíam para um traumatismo delicado: descolamento da retina do olho esquerdo. O Brasil ficou aflito e muito triste, acompanhando os temores sobre a saúde do mineiro de Belo Horizonte.
Tostão era a estrela ascendente desde a metade da década de 60, quando uma geração de craques surgiu no Cruzeiro, ameaçando a hegemonia do Santos de Pelé. Havia sinais evidentes, que o Rei encontrara um parceiro "de respeito" no ataque da Seleção. A imprensa chegou a cunhar as expressões "Rei Negro" e "Rei Branco".
O Mineirinho de Ouro, como Tostão era chamado, participou da Copa do Mundo de 66 na Inglaterra e nas eliminatórias para a do México, simplesmente, era ao lado de Pelé, a maior expressão técnica do time.
O Brasil venceu todos os jogos; marcou 23 gols e o camisa 9 foi o artilheiro do certame com 10 (mais de 43% deles). Estava "voando" há anos seguidos.
Tostão deveria ser a surpresa brasileira para a Copa de 70; ninguém duvidava, mas na noite de 24 de Setembro de 1969, uma quarta-feira, Estádio Pacaembu, Corinthians versus Cruzeiro pelo Roberto Gomes Pedrosa (o campeonato brasileiro da época), lance na área paulista; o zagueiro Ditão espanou com violência o perigo no arco corinthiano; a bola raspou na cabeça do atacante cruzeirense, machucando o seu olho esquerdo, motivo de sua substituição imediata, sem, no entanto, parecer algo tão trágico como se teve conhecimento, em seguida.
O craque teve que ir a Houston, Texas, se tratar com um médico brasileiro, Roberto Abdalla Moura e as chances de retornar à prática deste esporte eram mínimas. Foram meses de angústia, amenizadas apenas pelas palavras do Dr. Abdalla e do técnico João Saldanha, ambos "cravavam" que ele voltaria a atuar e, mais, jogaria a Copa do Mundo.
Acontece que a recuperação era lenta, cheia de incertezas, muitas; afinal, seis meses era o tempo estimado para retornar aos treinos, se tudo desse certo. Mas Tostão retornou em Março, porém, teve um obstáculo inesperado: Saldanha não era mais o treinador e o seu substituto entendia que ele e Pelé, por característica de jogo, não renderiam mais do que o Rei com um "centro avante" rompedor, por isso, Roberto, do Botafogo, e Dario, do Atlético Mineiro, entravam nas vagas dos colegas e amigos de Tostão, Dirceu Lopes e Zé Carlos.
Em solo mexicano, Tostão teve de continuar o tratamento às vésperas da estreia diante da Tchecoslováquia e atuou toda a competição sem as suas melhores condições; ainda assim, foi decisivo na campanha, em especial, na partida mais difícil, a segunda, diante da campeã Inglaterra.
Foi uma jornada de superação ter participado do tri campeonato, seu ponto máximo na carreira interrompida abruptamente.
Em Fevereiro de 1973, aos 26 anos, Tostão, aconselhado pela Medicina, interrompeu uma trajetória brilhante, que deixou um gostinho amargo: o destino lhe passou uma rasteira. Inteiro, ele seria, talvez, o maior destaque daquela Seleção. Faltou o desvio de milímetros na bola chutada pelo beque, naquela "Noite em que ficamos tristes, juntos com Tostão".
Fontes: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
https://tardedepacaembu.wordpress.com
https://www1.folha.uol.com.br
https://pt.wikipedia.org
https://books.google.com.br
https://terceirotempo.uol.com.br
https://www.ocuriosodofutebol.com.br
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