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sábado, 31 de dezembro de 2022

Pequenas Histórias

Essa crônica, eu comecei a escrever na Terça-feira, 27; busquei material com o Alvirubro e também, com o Arquivo Histórico de minha cidade: o primeiro jogo contra o Grêmio, um desconhecido Pelé (ou seria Bilé?) em 1957 e o outro no auge, 1970, depois do Tri.

 Mantinha a esperança que o Rei iria dar um drible no destino. Não deu. De qualquer forma, manterei o texto, porque é um instantâneo do que sentia diante do inevitável. Fica apenas a do segundo momento.

Pequenas Histórias (278) - Ano - 1970

Sua Majestade 

Fonte: Jornal Correio do Povo

Este final de ano está sendo muito difícil para a família Arantes do Nascimento; aliás, para todos que gostam de futebol, porque o Rei sofre com uma doença implacável e ele é a maior expressão deste esporte em todos os tempos.

 Dos meus ídolos da primeira infância, o único que está vivo, que para mim é um ser irrepreensível. Verdade que nos anos 90, descobri que ele recebeu reprovação de parte do público  por problemas pessoais, mas que não os teve? Charles Chaplin e Mahatma Gandhi também os tiveram. Como consolo, a frase de Nélson Rodrigues: - Toda a unanimidade é burra! além disso, existem o Édson e o Pelé. Não vou atirar pedra, não!

 Minha idolatria por ele, não sofreu um “arranhão” sequer, por isso, ando apreensivo, quanto à saúde do craque que passa dos 82 anos. Tudo o que se comentou dele é infinitamente menor do que sua arte. É cidadão do Mundo com muita justiça.

 Pela memória, consigo retornar ao final dos anos 60; lembro de ter ouvido com meu pai a narração daquele Vasco da Gama versus Santos, onde ele marcou o milésimo gol, estádio do Maracanã. Uma Quinta-feira à noite. Depois veio a campanha do Tri no México, onde esbanjou talento, criatividade e liderança. 

Já era uma celebridade mundial há mais de uma década. Sua imagem era mais conhecida do que seu país. E foi assim que em Setembro de 70, mais exatamente, dia 02, o Santos, “o clube cigano” como passou a ser reconhecido, esteve em Erechim, interior do Rio Grande para inaugurar o maior estádio fora de Porto Alegre, o Colosso da Lagoa; à época, com capacidade para receber toda a população da sua cidade. 

Para o festival abertura, o Grêmio ia encarar as feras do Santos e o Inter, as do Botafogo, simplesmente, as maiores agremiações esportivas daquele período. No aeroporto da pequena cidade, 2.500 pessoas se aglomeraram para ver a majestade e seu séquito.

Lá estava o Peixe com Pelé e seus cunhados, Lima, Davi e Abel; além de vários craques. Faltaram os tri campeões Joel Camargo e Clodoaldo mais o ponta direita Manuel Maria. Então foi a campo com: Edvar; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias e Rildo; Léo e Lima; Davi, Douglas, Pelé e Abel. O técnico Antoninho lançou mão também de Paulo, Turcão, Nenê e Picolé. De uma delegação de 17 atletas, não atuaram o goleiro Aguinaldo e Edu, outro tri campeão mundial, poupado.

Carlos Froner utilizou: Breno; Espinosa, Ari Hercílio, Beto Bacamarte e Jamir; Jadir e Everaldo; Flecha, Caio, Alcindo e Loivo. Entraram também: Ivo Wortmann, Di, Paíca, Bebeto e Paraguaio. Não contou com Wolmir e Joãozinho (João Severiano), lesionados.

O Tricolor atacou mais e a primeira chance real de balançar as redes, o ponta esquerda Loivo perdeu, quando arrematou para fora o passe recebido de Flecha, já com Edvar vencido; isso, aos 35 minutos.

Aos 44, o Tricolor errou a saída de bola, o ataque santista foi rápido e Pelé frente à frente com Breno, não vacilou: bateu forte, marcando o primeiro tento do novo estádio. Imediatamente, a partida foi interrompida, porque aquele foi o gol de 1.040 do Rei, exatamente o prefixo da Rádio Tupi de São Paulo, que aproveitou o evento para fazer o seu marketing, entregando para o Ypiranga, uma placa de bronze, perpetuando o fato coincidente.

Na segunda etapa, os clubes processaram várias alterações, o que resultou na falta de entrosamento e consequente queda na qualidade da partida. Quem se importava? todos queriam ver Pelé e ele foi até o apito derradeiro do confronto.

Com o espetáculo chegando ao seu final, o centro médio Léo Oliveira, aos 37 minutos, acertou bonito chute de fora da área com a pelota batendo na trave, antes de chegar ao fundo das redes. 2 a 0.

O árbitro foi Roque José Gallas, 20 mil pessoas assistiram ao vivo a mais uma façanha do Rei Pelé, autor do gol inaugural do Colosso da Lagoa.

Aquele Grêmio versus Santos foi o primeiro compromisso dos paulistas dentro das quatro linhas em Setembro; que teve 10 confrontos com 7 vitórias e 3 empates em quatro países: Brasil, Venezuela, Estados Unidos e Colômbia, sempre com a exigência da presença de Pelé.

O Rei, além do talento natural para o futebol, igualmente, era uma fortaleza física.

Fonte: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro

            Arquivo Histórico de Santa Maria



12 comentários:

  1. Teu texto me fez lembrar do time de botão do Santos, de 1969, que ganhei como presente de Natal.
    Botões na cor branca, com as "carinhas" dos jogadores e seus nomes. Acho que era da Estrela.

    Claudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Marçal e Rildo; Clodoaldo e Lima; Edu, Toninho, Pelé e Abel.

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    1. O meu tinha o Joel na quarta zaga (no lugar do Marçal) e Douglas na ponta direita e o Edu na esquerda (sai o Abel).

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  2. Bruxo e Alvirubro, fantásticos, como de costume.

    E como foi o primeiro jogo do Pelé contra o Grêmio? Alguma partida histórica contra o Internacional também? Imagino que ele tenha jogado nos Eucaliptos em algum momento.

    Abraço.

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    1. Vinnie,

      o primeiro jogo de Pelé contra o Grêmio ocorreu em 12 de março de 1957, no Estádio Olímpico. Foi um amistoso, à noite, com vitória do Tricolor por 3 a 2, gols de Mílton Kuelle duas vezes e Gessy. Para o Santos marcaram Del Vecchio e Jair Rosa Pinto.
      Nesse primeiro jogo, atuando contra o Grêmio, Pelé entrou no 2º tempo, no lugar de Del Vecchio. Não há registro de alguma jogada diferenciada do futuro rei do futebol, até porque tinha 16 anos, quando pisou no gramado do velho Olímpico.
      Ainda não era o craque reconhecido um ano depois, no Mundial de 1958, na Suécia.
      ...........................

      Pelé atuou no estádio dos Eucaliptos (do Internacional), em 25.09.1958, porém nesse jogo amistoso o colorado venceu por 5 a 1.
      Sobre o garoto de 17 anos, Foguinho, técnico gremista, que foi ver o jogo, disse: "Pelé é um monstro".
      Três dias depois, caberia ao Grêmio aplicar nova goleada no Santos, um 4 a 0. No jogo, Pelé acabou expulso na metade do 2º tempo.
      O comentário era "o garoto Pelé joga como adulto. Mas se comporta como menino, mesmo".

      Ainda, contra o Internacional, em 15.03.1967, no Pacaembu, o Santos desfilou em campo, num 5 a 1. Jogo válido pelo Robertão, o embrião do campeonato brasileiro, que chegaria definitivamente a partir de 1971.
      Nesse jogo, a goleada iniciou ainda no 1º tempo, com um 3 a 1. No segundo tempo, mais dois gols, um inclusive de Pelé, fechando a "sonora" goleada sofrida pelo colorado gaúcho.
      ...........................

      Pelé contra a Dupla Grenal:
      24 jogos
      12 vitórias do Santos
      04 empates
      08 vitórias da Dupla
      Pelé marcou 14 gols na Dupla Grenal
      ...........................

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    2. Muito obrigado, Alvirubro. Abraço.

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    3. Permitam-me abusar do conhecimento e arquivos de vocês.
      O Bruxo colocou o link onde consta a vitória do Grêmio sobre o Santos de Pelé em 1969.
      O Alvirubro colocou a vitória em 1958, por 4x0.
      Entre esses anos, 1958 e 1969, houve muitos jogos entre os dois. Houve alguma vitória do Grêmio? Creio que a maioria deve ter sido pela Taça Brasil.
      Obrigado.

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    4. Arih! vou passar a bola para o Alvirubro.

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  3. O Grêmio venceu por 3 a 2, ano de 1957. Se o Alvirubro tiver tempo, ele pode dar mais detalhes, afinal, o material é dele. Abraços, Vinnie. Aqui, um calor do cacete.

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  4. Talvez vocês possam me ajudar. Tenho guardado em minhas lembranças que o Grêmio chegou a vencer o Santos de Pelé ainda nos anos sessenta. Creio que por 2x1. Não lembro se amistoso ou pela Taça Brasil. Já procurei referências e não encontrei.
    De qualquer modo aquele Santos do anos sessenta era quase imbatível. Lembro de ver alguns poucos jogos do Santos e Pelé, no entanto, a Copa de setenta vi toda. Pelé comandou como maestro a seleção.

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  5. Arih:
    https://bruxotricolor.blogspot.com/search?q=davi

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    1. Muito obrigado. Durante muitos anos procurava uma referência. Cheguei a pensar que era ilusão de um menino. Kkkkk. Mas realmente aconteceu e lembro que foi muito comemorada.
      Foi melhor que uma consulta em neurologista. Minha memória ainda está boa. kkkkk.
      Complementando meu comentário anterior, vi várias vezes o Pelé no Canal 100, lembram? Quando ia ao cinema, normalmente antes do filme passava. as resenhas dos jogos na maioria das vezes era sobre o Santos, Pelé e jogos da Taça Rio-São Paulo.

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  6. Sim; Arih! e foi de virada. O Canal 100 é inesquecível.

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