Pequenas Histórias (283) - Ano - 1969
O Ocaso do Artilheiro
Fonte: https://www.palmeiras.com.br/ |
Contratar atletas em final de exitosas carreiras, realmente, é uma loteria. O Tricolor nos últimos anos trouxe uma série de jogadores, cujo ápice de suas biografias sinalizava ser algo do passado. Ficando como exemplo, os atacantes André, Diego Tardelli, Diego Souza e agora, Luiz Suárez. Experiências frustrantes, outras exitosas.
A volta de Alcindo em 77 foi um acerto, porém, ele foi utilizado em doses homeopáticas; André era o titular, algo que pode ocorrer com El Pistolero em 2023.
Buscando na história do clube, um dos episódios de insucesso mais marcantes na minha infância teve como protagonista o camisa 9 Tupãzinho, gaúcho de Bagé, ídolo do Palmeiras, onde atuou por seis temporadas, 234 partidas e 122 gols; resumindo: não precisava de dois jogos para marcar. Assim, ele entrou para a galeria dos 10 maiores artilheiros da antiga Academia do Parque.
Em 1968, Tupãzinho foi o goleador da Libertadores, mas no final daquele ano sofreu mais uma de suas muitas baixas médicas, em especial, nos joelhos. Foram fatais para o resto de sua carreira.
No ano seguinte, desembarcava no Salgado Filho para atuar no Tricolor trocado pelo lateral reserva de Everaldo, Zeca. À princípio, um "negócio da China". Não foi. Os números modestos, vide Álbum Tricolor provaram o equívoco. Zeca atuou nos anos mágicos palmeirenses por mais de uma década, sempre como titular. Tupã virou suplente
Uma das virtudes do bageense era bater faltas. E diante do Ypiranga no 27 de Abril daquele ano, ela se fez presente no antigo estádio da Montanha, garantindo o escore mínimo na vitória azul em Erechim.
Sérgio Moacir mandou a campo: Arlindo; Espinosa, Ary Hercílio, Áureo e Everaldo; Jadir e Sérgio Lopes; Hélio Pires (Tupãzinho), João Severiano, Alcindo e Volmir.
Francisco Camargo Neto escalou o Canarinho com: Alcino; Glênio, Mujica, Plínio e Zinn; Lindomar (Arli), Pedruca (Da Silva) e Roberto; Téio, Neco e Ademir Gallo.
Como sempre, os enfrentamentos no interior não são fáceis, em especial, pelo espírito guerreiro que é posto à prova aos clubes da capital. Dessa forma, o primeiro tempo ocorreu equilibrado e o empate sem abertura de placar, considerado adequado.
Na segunda etapa, logo no primeiro minuto, Alcindo sofreu falta. Tupãzinho que começara no banco, ajeitou e, embora a distância considerável da meta de Alcino, desferiu um petardo que se alojou no fundo das redes dos locatários. 1 a 0.
Como numa luta de boxe equilibrada, os adversários seguiram trocando ataques, buscando minar as resistências e acertar o golpe decisivo. Na verdade, o decisivo ocorreu nos primeiros sessenta segundos do segundo tempo, no tiro irrepreensível de Tupãzinho. Um dos nove que marcou, defendendo o Tricolor.
Roque José Gallas foi o árbitro que anulou erradamente um tento gremista neste confronto pela terceira rodada do campeonato gaúcho.
Para a maioria, a lembrança quase única de Tupãzinho no Imortal é a do Grenal de inauguração do Beira-Rio, o da pauleira total, onde apenas Dorinho (Inter), Everaldo e Alberto não foram expulsos. Aliás, Tupã foi um dos destaques nas cenas de pugilismo daquela tarde, mas para mim, fica a do meu primeiro jogo de botões que ganhei de meu pai, São Paulo e Palmeiras, assim como, Vasco e Flamengo, que recebeu o meu irmão. Tupãzinho, não poderia ser diferente, era o artilheiro do time.
Fontes: Arquivo pessoal do amigo Alvirubro
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Filho de Tupan Ernâni dos Santos e Vicentina da Rosa, José Ernâni da Rosa (Tupanzinho) nasceu na cidade de Bagé, RS.
ResponderExcluirO pai, que também foi jogador de futebol, atuou no Internacional, Santos, Cruzeiro de Porto Alegre, Grêmio Bagé e Brasil de Pelotas. Jogador acima da média, Tupan foi ídolo colorado, atuando entre 1932 e 1935, tendo participado de 54 jogos, marcando 45 gols.
Tupanzinho, além do apelido, herdou do pai o grande futebol e a facilidade de marcar gols. Chegou ao Grêmio Esportivo Bagé, pelos idos de 1956, e fez seus primeiros jogos pelo time principal do Bagé em 1958. O América do Rio de Janeiro foi o primeiro clube interessado no jogador gaúcho. Mas os dirigentes não chegaram ao acordo financeiro e Tupanzinho voltou para Bagé.
No início da temporada de 1961, o Grêmio Bagé passava por um momento financeiro difícil e aceitou vender o passe de Tupanzinho por 300 mil cruzeiros ao maior rival, o Guarany Futebol Clube.
Tupanzinho honrou o compromisso, apesar dos protestos dos torcedores do Grêmio Bagé, e mostrou seu talento com grandes apresentações. Principalmente em 1962, quando o Guarany ficou em 3º lugar no campeonato gaúcho, sendo superado apenas pela dupla “Grenal”.
No início do mês de janeiro de 1963, Tupanzinho foi negociado com a Sociedade Esportiva Palmeiras, onde levantou várias taças: Campeonato paulista 1963 e 1966, Torneio Rio São Paulo 1965, Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa, ambos em 1967.
Foi o primeiro artilheiro alviverde na Taça Libertadores com 11 gols marcados. Também foi um dos maiores artilheiros da história do clube, com 122 gols em 231 partidas disputadas, segundo o Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Em 1968, a Dupla Grenal disputou o passe de Tupanzinho, que acabou negociado com o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, em dezembro. Sofrendo os efeitos de vários procedimentos cirúrgicos nos meniscos, seu futebol não apresentou mais o mesmo rendimento dos anos anteriores. Em seguida atuou pelo Nacional Futebol Clube, de Manaus, equipe onde encerrou a carreira profissional no início da década de 1970.
Parou muito cedo, 31 anos. Morreu mais ainda, 46.
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