A Magia de ser Grêmio
Com a escassez de notícias concretas, as postagens estão mais espaçadas e esta primeira de 2024 é consequência de "parar um pouquinho para refletir" e aí vem a conclusão: Como a nossa instituição é grande, é poderosa, é mágica.
Vejam: Quando Fábio Koff assumiu em 2013 e disse alto e em bom som - "A Arena não é do Grêmio", alguns torceram o nariz para o eterno presidente, mas passados 11 anos da inauguração é incrível (no seu verdadeiro significado, o de não ser acreditável) que o clube conseguiu os títulos que conquistou e o lugar que permaneceu na América, sendo 3 vezes consecutivas, semifinalista, juntamente com River Plate e Boca Juniors sem a renda do seu estádio. Enfim, pagar para ter os seus associados em jogos.
Além disso, foi ao inferno da Série B pela terceira vez, sem uma explicação razoável para tal e ao voltar juntamente com Bahia, Cruzeiro e Vasco da Gama, trouxe o maior jogador do campeonato, ganhou uma visibilidade mundial e ficou em segundo lugar, quando os outros três que subiram com ele, se debateram o campeonato inteiro para não cair novamente.
Sem os ganhos da bilheteria de locatário, sem ser SAF, com os recursos reduzidos de uma passagem pela segundona, o Tricolor surpreende por ser um resistente diante de tantos desmandos e obstáculos.
É um milagre o clube não estar falido.
Para ilustrar, deixo textos publicados em Zero Hora em 2017 sobre o tratado entre o Grêmio e os gestores da Arena:
Renda dos jogos
O milagre, Bruxo, é o torcedor que nunca abandona o clube, mesmo nos momentos mais difíceis. Independentemente de quem esteja na presidência... na casamata. O milagre é feito por este torcedor que acredita primeiro no clube, nas cores, na mística, que é capaz de deixar de lado, inclusive suas teses, achismos ou entendimentos sobre o riscado.
ResponderExcluirE dizer que teve jornalista "gremista" pregando desassociação em massa em canais abertos... E também há, por que não dizer, torcedores que gostariam que o clube se tornasse uma S.A.F., é impressionante isso.
Por essa gente aí, os "isentos", o Grêmio já estaria falido há muito tempo. Conheço gente que virou casaca, que apagou tatuagem, que vendeu camiseta... É. Tempos esquisitos. Muitas máscaras caindo ao chão... E enfim, a verdadeira natureza do ser vem à tona. A esses eu digo: obrigado por terem deixado o Grêmio. Ou o país. Outros, os verdadeiros, mantiveram-se firmes, inclusive, durante a pandemia. E indo contra a maré, dei o meu jeito, e mesmo sem condições, eu me associei novamente no Grêmio, precisamente, no dia 12.12.2021. Um dia religioso para alguns. Uma época quando muitos pularam da barca, eu entrei pra dentro! E até o momento, na medida do possível, me mantendo em dia. Mês a mês. São escolhas. Algumas cervejas a menos por mês... uma pizza. E se todos os gremistas pensassem isso o clube poderia ser muito maior do que já é.
Por fim, deixo aqui para que cada torcedor faça a sua próprio autoanálise, porque isso, às vezes, também é necessário, dois textos do saudoso Eduardo Galeano que acredito que se encaixam perfeitamente no que é ser do Grêmio!
Rodrigo
Continuando...
ResponderExcluirO Torcedor - Eduardo Galeano
Uma vez por semana, o torcedor foge de casa e vai ao estádio.
Ondulam as bandeiras, soam as matracas, os foguetes, os tambores, chovem serpentinas e papel picado: a cidade desaparece, a rotina se esquece, só existe o templo. Neste espaço sagrado, a única religião que não tem ateus exibe suas divindades. Embora o torcedor possa contemplar o milagre, mais comodamente, na tela de sua televisão, prefere cumprir a peregrinação até o lugar onde possa ver em carne e osso seus anjos lutando em duelo contra os demônios da rodada.
Aqui o torcedor agita o lenço, engole saliva, engole veneno, come o boné, sussurra preces e maldições, e de repente arrebenta a garganta numa ovação e salta feito pulga abraçando o desconhecido que grita gol ao seu lado. Enquanto dura a missa pagã, o torcedor é muitos. Compartilha com milhares de devotos a certeza de que somos os melhores, todos os juízes estão vendidos, todos os rivais são trapaceiros.
É raro o torcedor que diz: “Meu time joga hoje”. Sempre diz: “Nós jogamos hoje”.
Este jogador número doze sabe muito bem que é ele quem sopra os ventos de fervor que empurram a bola quando ela dorme, do mesmo jeito que os outros onze jogadores sabem que jogar sem torcida é como dançar sem música.
Quando termina a partida, o torcedor, que não saiu da arquibancada, celebra sua vitória, que goleada fizemos, que surra a gente deu neles, ou chora sua derrota, nos roubaram outra vez, juiz ladrão. E então o sol vai embora, e o torcedor se vai. Caem as sombras sobre o estádio que se esvazia. Nos degraus de cimento ardem, aqui e ali, algumas fogueiras de fogo fugaz, enquando vão se apagando as luzes e as vozes. O estádio fica sozinho e o torcedor também volta à sua solidão, um eu que foi nós; o torcedor se afasta, se dispersa, se perde, e o domingo é melancólico feito uma quarta-feira de cinzas depois da morte do carnaval.
O Fanático - Eduardo Galeano
O fanático é o torcedor no manicômio. A mania de negar a evidência acaba fazendo que a razão e tudo que se pareça com ela afundem, e navegam à deriva os restos do naufrágio nestas águas ferventes, sempre alvoroçadas pela fúria sem tréguas.
O fanático chega ao estádio embrulhado na bandeira do time, a cara pintada com as cores da camisa adorada, cravado de objetos estridentes e contundentes, e no caminho já vem fazendo muito barulho e armando muita confusão. Nunca vem sozinho. Metido numa turma da barra-pesada, centopeia perigosa, o humilhado se torna humilhante e o medroso mete medo. A onipotência do domingo exorciza a vida obediente do resto da semana, a cama sem desejo, o emprego sem vocação ou emprego nenhum: liberado por um dia, o fanático tem muito de que se vingar.
Em estado de epilepsia, olha a partida, mas não vê nada. Seu caso é com a arquibancada. Ali está seu campo de batalha. A simples existência da torcida do outro time constitui uma provocação inadmissível. O Bem não é violento, mas o Mal obriga. O inimigo, sempre culpado, merece que alguém torça o seu pescoço. O fanático não pode se distrair, porque o inimigo espreita por todos os lados. Também está dentro do espectador calado, que a qualquer momento pode chegar a dizer que o rival está jogando corretamente, e então levará o castigo merecido.
Dito isso, desejo ao blog vida longa e aos convivas um Feliz 2024!
Rodrigo
Inclui aí nos milagres as vendas de jogadores da base...
ExcluirRodrigo
ExcluirGrande lembrança, essa dos textos do Galeano. O cara é incrível. Obrigado.
É, Bruxo. Um cara além do próprio tempo. Uma pena que já nos deixou. Mas a obra fica como herança. E foi relendo o Galeano que eu relembrei o torcedor que sempre fui, pois por algum período da vida, andei sobre caminhos escusos, e me perdi de mim mesmo. Mas nunca é tarde para se redimir.
ExcluirPenso hoje, que exorcizei todos os demônios da mente que me fizeram perder tal caminho.
Rodrigo
Rodrigo
ExcluirE é interessante como ele variou de temas ao longo da sua trajetória, sempre com qualidade.
Exatamente, Gláucio. E quem mais revelou e colocou gente pra jogar neste período aí?
ResponderExcluirPois é...
Dinheiro não dá em árvore diz o ditado.
Rodrigo.
Imagina se tivesse dado mais oportunidades aos da base em vez de trazer aposta de fora.... Economia no caixa e mais grana pra contratar jogador de fato diferenciado.
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